Vittorino e Eleza

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Astrid recuou quase tropeçando nos próprios pés. O cansaço e a dor pesavam em seu corpo, a garganta estava seca, os pés e os punhos dormentes, ela alcançava seu limite a cada gota de sangue que lhe era arrancada. A neve no solo atrapalhava sua movimentação e o frio intenso congelava até mesmo seus ossos, ela quase podia ouvi-los estalando a cada movimento forçado, cada golpe mal calculado a levava mais perto de um fim amargo, doloroso. A floresta estava silenciosa à noite, apenas o som do metal se chocando um contra o outro podia ser ouvido, a escuridão atrapalhava sua visão, mas ainda era possível vê-la. Sorrindo, observando-a das sombras. Mesmo assim, Astrid reuniu todo resquício de força que ainda lhe restava, apertou firmemente o cabo de suas tonfas, cerrou os dentes até sentir a mandíbula travar, e esperou o próximo avanço.

O ataque veio sem demora e sem aviso algum, era difícil de acreditar que um simples cajado de madeira se tornaria uma arma tão mortífera nas mãos dela, mas Astrid possuía as provas marcadas na própria pele.

Defender e esperar. Aguentar os golpes do inimigo até encontrar uma brecha e atacar, até agora, sua estratégia jamais havia lhe falhado. Aquela, porém, era uma oponente formidável.

Seus pés se arrastavam pela neve, atrapalhando ainda mais sua movimentação. Suas confiáveis tonfas arranharam a madeira do bastão a cada golpe que defendiam. Ela não parava de atacar um segundo sequer, girava o bastão contra o próprio corpo com uma enorme maestria. Astrid conseguiu se defender da onda de ataques com dificuldade, sentindo sua energia se esvair cada vez mais.

Aquele clone com certeza a teria vencido, mas cometeu um erro, talvez fosse toda energia que havia gasto em sua fúria descontrolada, seu último golpe acabou sendo lento demais, havia levantado o bastão de uma maneira desengonçada, Astrid não tardou em aproveitar a abertura, acertando um corte na área das costelas.

A dor e o avanço repentinos serviram como uma distração. Astrid inverteu a empunhadura de suas tonfas, sentindo a eletricidade correndo por seu corpo.

A resposta do clone veio rápida, tentando acertá-la descendo seu bastão, Astrid deixou a força da tempestade tomar conta, deslizando os pés pela neve em um desvio perfeito. Baixando seu braço, a lâmina da tonfa foi de encontro ao bastão, cortando-o ao meio num só golpe. Assustada com o pico de energia vinda dela, a clone exitou por um instante, dando brecha para que Astrid avançasse com tudo, seus últimos resquícios de força queimados em uma última sequência de ataques furiosos. Cada acerto a fazia recuar tentando inútilmente desviar das lâminas, ela havia invertido os papéis em questão de segundos. Astrid acertou golpes nas pernas da clone, a forçando a se ajoelhar à sua frente, cruzando suas lâminas em seu pescoço e a decapitou sem exitar.

A adrenalina sumiu rapidamente em uma onda letal, até desaparecer e deixar o cansaço e a dor tomarem conta, literalmente deixando Astrid de joelhos contra a neve fria daquele inverno. O mundo girava ao seu redor, embasava sua visão, Astrid deixava suas armas escaparem de seus dedos enquanto encarava os galhos mais altos das árvores ao redor ainda respirando pesadamente.

Os passos cuidadosos de Verônica chamaram sua atenção.

—Ragnar rastreou a parceira dela. Ela tá ferida, não vai longe. Logo a Eleza vai alcançá-la.

Astrid entrou em estado de alerta imediatamente ao ouvir o nome da pilar.

—Você deixou ela sozinha com o Ragnar!?—Lá vem Verônica pensou enquanto respirava fundo.

—Astrid... já conversamos sobre isso...

—E já te disse o que eu penso sobre ela, você devia pensar o mesmo!

—Se eu a chamei é porque confio nela, você não confia no meu julgamento?

—Não confio nos Nest e principalmente não confio nos pilares—A jóia vermelha no pingente de lobo que Astrid carregava brilhou ligeiramente mais forte.—, não quero ela perto do Ragnar.

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⏰ Última atualização: Jan 20 ⏰

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