Os Pilares

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Os dois irmãos se apegaram àquele homem, seu semblante sempre tão sereno e gentil, um jeito tão curioso e uma vontade insaciável de aprender mais e mais. Quando era chegada a hora de sua volta, os irmãos reuniram os vox e uma grande festa foi feita em nome de sua partida, o homem agradeceu aos dois irmãos com um largo sorriso no rosto e logo voltou para casa.

No outro dia, Isaac acordou ao som de prantos, seu irmão chorava inconsolável.

"O que aconteceu Ezequiel?" Ele perguntou.

"Mataram ele Isaac..." Seu irmão respondeu aos prantos.

"Eles mataram Jesus!"

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Chegou a hora de mudar. Pensou Astrid. Ela precisa se tornar mais forte se quisesse destruir as El Clonado de uma vez por todas. Após a conversa com Karaã, decidiu voltar ao seu treinamento. Armada com suas lâminas de guarda, Astrid defendia e desviava dos ferozes ataques da enorme espada da rainha.

Leona havia forjado sua própria arma muito antes de Astrid sequer encostar nas suas. A espada tinha um pouco mais de um metro de comprimento e exatos quarenta centímetros de largura, a lâmina possuía uma coloração negra e possuía runas entalhadas em toda a sua extensão, runas essas que possuíam um brilho dourado próprio, não havia um guarda-mão separando a lâmina do cabo, apenas algumas tiras de couro amarradas firmemente, o cabo era longo, próprio para balançar a espada com as duas mãos com a força total de sua portadora. O fio da lâmina não era totalmente afiado, mas serrilhado. Aquela lâmina não cortava, ela rasgava e cerrava!

As pequenas Garras da Ursa-nome dado às lâminas de guarda por Astrid-pareciam não se comparar aquela grandiosa arma, mas do contrário, a avó da grisalha havia feito um trabalho excepcional na forja daquelas espadas, pois elas aguentavam muito bem a força esmagadora de Leona.

Após se desviar dos ataques mais perigosos, Astrid se via encurralada, a parede do coliseu estava logo atrás e Leona se aproximava arrastando sua espada pelo chão com total confiança, ela queria ver Astrid surpreendê-la. A pele escura brilhava por conta do suor derramado, seu peito subia e descia freneticamente buscando o fôlego perdido, suas pernas já estavam doloridas, e sua visão se escurecia lentamente, foi quando sentiu a presença da fera dentro de si, sentindo a raiva da ursa, seus olhos brilharam. Um rugido preso na garganta se soltou junto com sua forma de urso em salto rápido na direção da leoa.

Astrid passou tão rápido que Leona quase nem sentiu quando suas garras arranharam sua perna, ela perdeu o equilíbrio. Astrid voltou rapidamente a forma humana e brandou suas lâminas, atacou com uma delas na empunhadura invertida e foi defendida pela espada. Vendo a abertura, Astrid girou sua outra lâmina empunhando frontalmente, subindo um corte diagonal pelo peitoral da rainha.

A grisalha se afastou quando percebeu o que havia feito, aquela sequência de movimentos e golpes era completamente nova, havia sido tão natural que até mesmo ela se surpreendeu. Por outro lado, Leona ainda se recuperava dos golpes recebidos mas se sentia estranhamente eufórica, aquela não era a primeira vez que sua aprendiz a surpreendera e provavelmente não seria a última. Sua risada eufórica soou com dificuldade pela dor.

—Gostei de ver, finalmente tá começando a parecer uma guerreira digna da deusa da guerra.

—Deusa da guerra?—Confusa, Astrid estendeu a mão para Leona.

—Nós também temos nossas próprias deusas, a deusa dos ursos é a da guerra.

—Ela tem um nome?

—Não, mas os ursos rezam pra ela mesmo assim, e você? Não quer venerar sua Deusa? Quem sabe você não encontre nela uma forma de poder.

Astrid considerou por um breve momento, tudo que havia tentado até então havia falhado, quem sabe uma ajuda divina não resolvia seu problema. Decidiu aceitar a proposta, Leona a contou com um sorriso no rosto sobre uma caverna ao norte da aldeia, os ursos a usam como um local de meditação e comunicação com sua deusa. Existiam feras capazes de se tornarem mais fortes através da reza, elas evoluem, ganham habilidades novas tanto em suas formas animais como em formas humanas. Leona lhe deu um mapa com a localização de vários santuários das feras espalhados pela floresta. Astrid agradeceu, e seguiu para o norte da aldeia.

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