Capítulo 11

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...

12:05. Já estava na hora. Tiro o meu avental e despeço-me deles. Saio do café e ajeito o meu coque. Vou almoçar algo rápido lá em casa e depois vou cuidar da Giu, já que tenho esta tarde livre. Acelero os meus passos.

Sento-me no sofá e começo a comer a minha salada. O meu telemóvel toca.

Ligação On

Eu: Olá, Peter. Não posso ir aí agora.

Peter: Eu sei, agora andas sempre ocupada. Era só para saber se mais tarde tens tempo para irmos jantar, já que hoje não há aulas.

Eu: Ahahah, mas quem vai cozinhar? Tu? A cozinha não é o teu forte, sabes bem.

Peter: Ahahah, eu sei, mas estava a pensar irmos jantar fora.

Eu: Hm, que diferenciado, nunca me levaste a jantar fora.

Peter: Por isso mesmo, quero te mostrar que não estou contigo só por sexo, quero te mostrar que te amo de verdade.

Eu: Peter...

Peter: Por favor. Deixa-me tentar... - respiro fundo e penso um pouco.

Eu: Tudo bem, vou sair da casa dos Copolla às 18:00, sabes onde é?

Peter: Eu descubro.

Eu: Ok, até.

Peter: Até, amor.

Ligação Off

Meu Deus, onde que eu fui me meter. O Peter consegue satisfazer-me maravilhosamente bem, trata-me como uma princesa e ao mesmo tempo como sua putinha, mas eu não consigo corresponder aquele sentimento que ele tem por mim. Já tínhamos esclarecido a nossa relação, mas não o vou julgar, já passei pelo mesmo e sei como é difícil apagar um sentimento. Ele é um homem maravilhoso, acho que merece mesmo esta chance.

Pego numa maçã e dou uma mordida enquanto saio de casa.

...

Abro a porta da cozinha e vejo a minha mãe a lavar uns pratos.

Eu: Olá, mãe.

Mãe: Olá, meu anjo. Já almoçaste?

Eu: Sim.

Mãe: Não me digas que foi aquela salada que chamas de almoço. Isso não te dá energia nenhuma.

Eu: Mãe, eu tava com pressa.

Mãe: Minha filha, não podes continuar assim. Na última vez que voltaste a almoçar assim foste parar ao hospital.

Eu: O excesso de exercício físico também causou isso e agora eu nem tenho treinado muito, então está tudo bem, relaxa.

Giulia: Luna? - aparece na cozinha - Nonna, é ela sim. - grita para a sala.

Eu: Olá, Giu.

Giulia: A nonna quer falar contigo. - vira-se e vai andando. Sigo-a. Francesca levanta-se ao ver-me.

Francesca: Boa tarde, Luna. Ainda bem que chegaste, eu e o Pablo precisamos ir tratar de umas coisas assim podes ficar com ela.

Eu: Claro.

Pablo: Boa tarde, Luna. Vamos, amor. - estica a mão para a Francesca.

Eu: Boa tarde. Só uma coisinha, eu vou sair às 18:00.

Pablo: Não sei se vamos chegar a tempo, mas as empregadas podem ficar com ela quando fores embora.

Eu: Tudo bem, até logo.

Pablo e Francesca: Até logo. - caminham até à porta e vão embora.

Giulia: Luna. - olha fixamente para mim - Eu quero ver as jóias da minha mãe.

Eu: Desculpa?

Giulia: As jóias estão no quarto dos meus pais, quero dizer, do meu pai agora.

Eu: E o teu pai deixa?

Giulia: Claro que sim. Vem. - pega na minha mão e arrasta-me até ao quarto do Sebástian. Que quarto lindo. Ela vai até a uma pequena gaveta e abre-a - Não tenho muitas memórias dela mas lembro-me de algumas vezes em que ela usava algumas destas jóias. - pega num colar extremamente elegante e coloca-o no pescoço - É uma das poucas coisas que ainda me lembram dela. Fora isso tem um álbum de fotos guardado, mais nada. - baixo-me até à sua altura.

Eu: Tens muitas saudades dela, não é?

Giulia: Muitas. Mas ela viaja muito e o papá disse que ela não tem tempo para falar, mas ele diz que ela tem muitas saudades minhas. - sorri. Ela não sabe do desaparecimento da mãe... Entendo que o Sebástian tenha ocultado isso dela, ela ainda é uma criança. O meu telemóvel toca.

Ligação On

Eu: Olá, Sebástian. Estou aqui com a Giu. - clico na opção de chamada de vídeo. Esboço um sorriso que o contagia.

Giulia: É o meu pai? - olha para o ecrã e sorri ao ver que é o pai.

Sebástian: Olá, Luna. Olá, minha pequenina linda. Estava com saudades, o que estão a fazer?

Giulia: A brincar. Papá, estou bonita? - faz uma pose para a câmera que me arranca uma pequena risada.

Sebástian: Muito linda. - a sua expressão de felicidade muda repentinamente - Giulia, o que estás a fazer com o colar da tua mãe!? - grita, talvez furioso.

Giulia: Eu queria lembrar-me da mamma...

Sebástian: Tira isso imediatamente! Agora, Giulia! - ela parece assustada e começa a lacrimejar.

Giulia: Eu não quero me esquecer da minha mãe! - uma pequena lágrima corre-lhe pelo rosto.

Sebástian: Tira, Giulia! - os seus olhos parecem ficar molhados.

Eu: Desculpa, eu vou resolver isto. Desculpa mesmo. Eu não fazia ideia de que ela não podia...

Sebástian: Ela não volta a tocar nisso! - desliga na minha cara.

Ligação Off

Meu deus, o que eu fiz?

Eu: Giulia... - aproximo-me dela.

Giulia: Eu sei! - grita com os olhos encharcados, já tirando o colar e voltando a pô-lo no seu lugar - Deixa-me. - sai do quarto. Meu Deus, eu fiz merda. De novo... Se isto continuar assim vou perder este emprego... Sento-me no chão e abraço as minhas pernas, colocando a minha cabeça nas mesmas. Nem cuidar da Giu eu consigo...

Olho para as horas no meu telemóvel. Estou aqui há meia hora sentada. Seco uma lágrima e levanto-me. Saio do quarto. A porta do quarto da Giu estava aberta e ela estava a comer um lanchinho que prepararam para ela. Estava com uma carinha tão triste. Aproximo-me dela.

Giulia: O meu pai não gosta de mim. - pega na sua sandes, com pouca vontade.

Eu: Gosta sim. - sento-me ao pé dela - Estas pequenas lembranças da tua mãe ainda devem mexer muito com ele. Ver-te com o colar dela deve ter sido muito impactante. Ele não estava à espera.

Giulia: Tanto faz.

Desistir Não É OpçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora