Capítulo 5

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Larga o pai.

Giulia: Tu vê como falas comigo!

Sebástian: Vê tu, Giulia! Eu já te avisei milhares de vezes, para obedeceres aos mais velhos! E principalmente à Sra. González, que está a tomar conta de ti! - olha seriamente para mim - Sra. González, leve-a a passear noutro lado, por favor.

Eu: Com certeza. Vamos, Giulia. - pego na sua pequena mão. Puxo-a levemente até ao elevador. A porta abre-se e entramos.

...

Eu: Giulia, onde vais?

Giulia: Ver televisão.

Eu: Mas já está na hora de estudares.

Giulia: Esta semana não vou ter testes. - senta-se no sofá, pronta para agarrar no comando.

Eu: Mas não se estuda apenas para os testes.

Giulia: Mas tu não percebes? Eu não tenho paciência para estudar!

Eu: Não digas isso. Vem, eu ajudo-te. - ela revira os olhos. Sobe as escadas. Sigo-a. Entra no quarto e eu entro logo a seguir. Pega na sua bolsa, abre-a, vira-a e despeja tudo o que está dentro em cima da sua cama - Tens algum trabalho de casa para fazer?

Giulia: Apenas de matemática. - pega no caderno e no livro de matemática, colocando-os em cima da sua secretária. Senta-se na cadeira. Abre o livro. Dou uma espreitadela no exercício.

Eu: Isso é simples.

Giulia: Só se for para ti. Não percebo nada de matemática.

Eu: Se estudasses todos dias, irias perceber. - ela revira os olhos. Que miúda mais mal educada - Já volto. - saio do seu quarto. Desço rapidamente as escadas, dirigindo-me até à cozinha. Apenas a minha mãe estava lá, lavando a louça novamente.

Mãe: Precisas de alguma coisa, filha? - seca as mãos.

Eu: Sim. Tem laranjas e uvas?

Mãe: Sim, tem, mas para quê?

Eu: Estou a explicar um exercício de matemática à Giulia, e no exercício fala de laranjas e uvas.

Mãe: Quantas precisas? - abre o enorme frigorífico.

Eu: 4 laranjas e 15 uvas. - a minha mãe pega numa taça e coloca lá o que eu pedi - Obrigada. - pego na taça. Saio da cozinha, subo rapidamente as escadas e entro no quarto do pequeno demónio. Coloco a taça em cima da sua secretária. Ela olha confusa.

Giulia: Para quê isso?

Eu: Para entenderes melhor o problema. - olho para o seu livro - Lê a pergunta.

Giulia: A Ruth e o John têm 4 laranjas e 15 uvas para distribuir pelos seus 5 filhos. Os filhos serão representados por A, B, C, D e E.
A - Gosta apenas de laranjas.
B - Não gosta de uvas.
C - Gosta apenas de uvas.
D - Gosta das duas frutas.
E - Também gosta das duas frutas.
Identifica com quais e quantas frutas cada filho irá ficar.
Nota: Todos os filhos têm de ter o mesmo número de laranjas e uvas, exceto aqueles que não gostam de alguma dessas frutas.

Eu: Vamos imaginar que cada lápis é um filho. - pego em 5 lápis dela. Coloco um em cima da secretária - Este é o A. - coloco outro - Este é o B. - coloco outro - Este é o C. - coloco outro - Este é o D. - coloco o último - E este é o E. Do que é que o A gosta?

Giulia: Apenas de laranjas.

Eu: Então, o que vamos fazer agora, é colocar uma laranja para ele. Se no fim sobrar alguma, voltamos a distribuir.

...

Giulia: Ah, já percebi. É mesmo fácil.

Eu: E agora podes comer.

Giulia: Eu não gosto muito de fruta.

Eu: Mas é muito bom e aliás, faz muito bem à saúde.

Giulia: Mas eu não quero! - cruza os braços. Respiro fundo.

Eu: E se eu te fizer umas barrinhas de cereais com uvas e outras frutas e um sumo de laranja com estas laranjas?

Giulia: Barrinhas de cereais?

Eu: Sim. Não gostas?

Giulia: Nunca provei. Isso não engorda, pois não?

Eu: As que vou fazer, não. Queres me ajudar?

Giulia: Pode ser. - levanta-se. Sai do quarto. Sigo-a descendo as escadas, indo até à cozinha.

...

Corto um pouco e coloco algumas barrinhas num prato que Giulia segurava. Ela leva o prato para a mesa e senta-se na cadeira. Pego no copo com o sumo das laranjas já espremidas. Levo até ela, deixando junto ao prato. Sento-me ao seu lado, enquanto pega numa barrinha e dá a sua primeira dentada.

Giulia: É bom. - dá outra dentada - Depois dá a receita às empregadas.

Eu: Não é necessário. A minha mãe também sabe fazer.

Giulia: Quem é a tua mãe?

Eu: A Cármen.

Giulia: Ah. - pega no copo e dá um gole no sumo. Olho para o meu relógio de pulso. São quase 17:50. Daqui a pouco tenho de sair. No mesmo instante ouço a porta principal ser aberta - Olá, pai.

Sebástian: Olá, querida. - aproxima-se e deposita um beijo na sua testa. Levanto-me.

Eu: Boa tarde, Sr. Copolla. - o seu olhar cruza-se com o meu.

Sebástian: Boa tarde, Sra. González. - o seu olhar agora dirige-se para o prato que estava à frente de Giulia - Barrinhas de cereais?

Giulia: Foi a Luna que fez.

Eu: Não se preocupe. Não tem açucar, é feito com fruta e é saudável.

Sebástian: A Giulia a comer algo com fruta? - sorri - Já é um começo. Obrigado por me ajudar.

Eu: Sem problemas. - sorri timidamente - Agora tenho de ir andando, se não se importar.

Sebástian: Claro, mas vamos primeiro ao pagamento. Então, o que achaste da Sra. González, Giulia? - ela olha para mim.

Giulia: Não gosto. - pega no prato e no copo, levanta-se e sobe as escadas. Baixo a cabeça. Cheguei a pensar que ela tivesse gostado de mim. - ele mete a mão no bolso e tira de lá um pequeno maço de notas. Entrega-me.

Sebástian: 1000 doláres certinhos. - olho-o confusa.

Eu: Mas a Giulia disse que não gostou de mim.

Sebástian: Na verdade, aquela foi a maneira dela dizer que gostou. Se ela não tivesse gostado realmente, ela teria dito muito mal de si e inventado mais alguma coisa. Então... Espero vê-la amanhã, às 09:00.

Eu: Com certeza. - guardo o dinheiro no bolso traseiro das minhas calças. Lembro-me de algo - Afinal não vou poder vir. - a sua expressão muda.

Sebástian: Porquê?

Eu: Amanhã tenho de ir trabalhar. Entro às 08:00. - ele baixa a cabeça e volta a olhar.

Sebástian: Tudo bem.

Eu: Então... Até ao próximo dia em que eu tiver de cuidar da Giulia.

Sebástian: Até... Vai querer boleia até à faculdade? - sinto a minha respiração ficar descontrolada.

Eu: Não, obrigada. Até.

Sebástian: Até. - vou pela cozinha, para sair pela porta dos fundos. Relaxo ao sentir o vento bater na minha cara. Respira, Luna. Respira...

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