Era como se o mundo tivesse parado enquanto Alan processava o que tinha acabado de ver.
Bianca ainda permanecia entretida com o aparelho em mãos. O celular que supostamente tinha parcelado em tantas vezes, mas que agora o garoto duvidava profundamente. Se recordou das brincadeiras de Mariana, e de como Bianca ficava irritada com elas. Se recordou do dia em que Bianca se machucou e ficou sozinha em sua casa. Aos poucos, em uma lentidão torturante, Alan ia encaixando as peças chegando a única conclusão lógica.
— Cê tá bem, Alan? — Ouviu Bianca perguntar com preocupação na voz. Uma ótima atriz, pensou ainda fitando o maldito colar em sua garganta. — Garoto, você tá parecendo um papel A4. Pelo amor de Deus, você tá se sentindo bem?
Mas Alan não conseguiu responder. Conseguia ouvir os batimentos cardíacos nos ouvidos, e mesmo querendo dizer alguma coisa, não conseguia, estava estático no lugar.
— É sério, Alan. Você está me deixando preocupada. — Insistiu Bianca contornando a mesa para alcançar o rapaz.
A aproximação fez Alan reagir de imediato. Saltou da cadeira em que estava e empurrou Bianca contra um pilar de sustentação próximo de onde estavam. Tinha a respiração pesada, o olhar cintilava uma raiva que Bianca jamais tinha visto.
A reação do amigo assustou a morena. Não sabia o que tinha acontecido, mas não teve como perguntar. Alan pressionava sua garganta com o antebraço, fitando seus olhos com ódio. Ficaram em silêncio se encarando. Bianca com os olhos arregalados, assustada com o que era aquilo, e Alan com raiva faiscando o olhar.
Aos poucos, o aperto ia se intensificando, impedindo que a morena pudesse respirar. Bianca até tentou empurrá-lo pelos ombros, mas Alan era infinitamente mais forte, e se ele quisesse, poderia matá-la sem fazer grandes esforços. Só sentiu alívio quando um grupo de pessoas puxaram o garoto para longe.
Tomou fôlego, sentindo-se zonza com aquele ataque direto. Não sabia o que tinha acontecido para que aquilo acontecesse, mas sabia que não se tratava de uma brincadeira. Alan respirava pesadamente, sendo segurado por outro dois garotos que Bianca conhecia de vista. Os meninos agarravam os braços de Alan com força, impedindo que ele avançasse sobre a morena uma outra vez. Todos estavam assustados, mas não menos curiosos.
— Mas que porra cê tá fazendo? — Bianca perguntou, passando os dedos pelo pescoço.
Alan nada mais disse. Forçou os braços para ser solto, e depois de muito insistir os dois garotos o deixaram ir. Antes de abandonar o restaurante para trás, voltou a se aproximar de Bianca e puxou o colar dourado em um movimento forte. Foi então que a jovem compreendeu o que tinha acontecido.
Pensou em ir atrás do rapaz para questioná-lo, dizer algo que o conduzisse a falar até onde ele sabia. Mas Alan estava irritado demais, e não confiava em homem algum. Observou a aglomeração ser dispersa com alguns ainda perguntando se ela estava bem. Respondeu todos com acenos positivos, mesmo que estivesse a um passo do colapso.
Rafaella e ela tinham sido pegas. E isso só significava uma coisa: tudo estava fodido.
Rafaella não leu as mensagens que Bianca enviou. Também não percebeu que a morena ligava para ela incessantemente, uma vez que o celular sempre vivia no silencioso. Faltavam poucos minutos para se dar um intervalo e sair para almoçar num restaurante qualquer daquela rua, e enquanto tinha aqueles minutos, usava-os para relembrar as pautas de uma reunião daquele dia com o assistente.
Durante a explicação do rapaz, Rafaella teve a sala invadida pelo filho. Alan não bateu como fazia em todas as vezes que visitava a mãe. Adentrou o escritório, ignorando a educação que recebeu da mulher que sentada ouvia o assistente com atenção.
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Até que a morte os separe
FanficPor vinte anos Rafaella manteve sua vida dirigida pelo homem que jurou amor eterno em um altar. Era presa à ele e aos seus padrões de vida, atuando como uma esposa troféu deveria se comportar. Escondia sua infelicidade em meio aos sorrisos falsos, r...