A impulsividade de Bianca

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 A impulsividade era uma recorrência na vida de Bianca. Era seu calcanhar de Aquiles, seu erro habitual, seu vício inegável. Ela reconhecia isso, só não mudava por comodismo. Já tinha se colocado em problemas sérios, contudo, se indispor com Rafaella daquela forma estava sendo o pior de todos eles.

Rafaella se fechou completamente após a revelação do segredo não tão secreto de Bianca. Disse da forma mais indiferente possível que conversaria sobre aquilo depois que visse o filho e pediu à morena que a esperasse ali mesmo.

Bianca então olhou pela ótica otimista da coisa. Estava completamente fodida, mas ainda tinha coragem o suficiente para esperar a retaliação de Rafaella. Isso, segundo ela, era uma coisa e tanto, precisava se agarrar ao que tinha e no momento era somente aquilo.

Enquanto aguardava a volta de Rafaella, Bianca tentou se entreter no celular. Tinha mensagem de muita gente querendo saber sobre o que tinha acontecido na madrugada daquele dia. Era óbvio que um acontecimento daquele chamaria a atenção, e isso preocupava Bianca. Com um escândalo manchando a imagem impecável dos Matthaus, o que Rodolffo iria fazer a respeito?

Aquele homem era uma incógnita, e sendo uma Bianca tinha um certo receio.

A volta de Rafaella demorou uma eternidade. Cada minuto era como se fossem dez, prolongando aquele sofrimento e angústia que Bianca sentia potencializado por sua culpa no cartório. Deveria ter ido embora, mas suas pernas não a obedeciam.

Já estava na merda mesmo, não teria para onde correr.

Rafaella voltou assim que a enfermeira entrou na sala como combinado. Tinha o semblante mais aliviado, menos preocupado do que antes, e ver que ela estava daquela forma tirou um pouco do medo que Bianca estava sentindo. Ao menos Rafaella estava mais calma depois de ver Alan e isso poderia ser positivo quanto ao que tinha feito.

Andaram em silêncio até a sala de espera, com contato visual quase nulo. Não se sentaram daquela vez, Rafaella pediu que fossem até o lado de fora do hospital, ela não aguentava mais o frio e o clima carregado daquele lugar.

— Eu não quero mentir pra você, Bia. Não quero fingir mais. Sinceramente estou farta disso tudo. — Disse Rafaella ocupando um lugar do banco de concreto que tinha na lateral do edifício. Há poucos metros outras pessoas estavam sentadas conversando e fumando, alheias ao que acontecia ali. Bianca se sentou ao lado da mulher, encarando-a com certo receio. — Você disse que me amava naquele dia. Você disse que queria que eu te deixasse me amar. E eu quero muito isso, você não faz ideia. Mas...

Bianca se ajeitou, temendo o que viesse a seguir. Percebeu que Rafaella tinha os olhos úmidos e vermelhos, segurando o choro. Aquilo lhe incomodou um pouco, por saber que a situação não era fácil e também por odiar vê-la sofrer daquela forma.

— O que aconteceu não tem nada a ver com o que você fez. Sei que você está tensa achando que eu vou te culpar, vou gritar com você, te xingar, mas eu não vou. Não vou porque eu sei que o que levou o Alan a uma overdose não foi a traição da namorada, foi o vício. Se não fosse por isso, em algum momento seria por outra coisa. Só que a sua atitude revela muito sobre quem você é.

— Rafaella, não...

— Escuta! Eu estou falando e você tem que me escutar. — Interrompendo a garota, Rafaella se virou tocando com suavidade o ombro de Bianca. Seu tom de voz não era duro, não era irritado, longe disso. Rafaella mantinha a voz calma, baixa, tanto para não chamar a atenção indevida, quanto por não desejar assustar Bianca. — O que você fez foi idiota, foi incrivelmente imaturo, mas me diz, Bianca, como eu posso cobrar maturidade de uma garota de vinte anos? Como eu posso pedir pra você agir como uma mulher, quando é claro que você não é uma?!

Até que a morte os separeOnde histórias criam vida. Descubra agora