Até que a morte os separe

Paciência como virtude, resiliência como consequência

gente, não sei nem por onde começar, mas vamos lá

eu estou com uma rotina muito corrida e isso faz com que minha energia vai lá pra casa do caralho, atrapalhando tudo na minha vida inclusive minha criatividade

então se vocês não desistirem de mim, eu não vou desistir de vocês, é isso. Espero que gostem e aproveitem as boiolagem 

Naquela madrugada Bianca resolveu todos os seus problemas.

Ou boa parte deles.

Estava sozinha em casa, Mônica trabalhava em um plantão e Iris dormia com o namorado na casa dos sogros para sua sorte. Com a família em casa, Bianca não conseguiria mentir, ao menos não de uma forma convincente, por isso agradeceu mentalmente por estar sozinha. Assim que pisou no seu quarto, trancou a porta jogando a mochila sobre a cama. Por maior que fosse sua preocupação com Don, a sua curiosidade para saber o valor exato que tinha ali também era grande.

Passou a madrugada contando as notas, anotando em um papel os valores de cada bolo. Descobriu depois que além do dinheiro existia algumas jóias do amigo. Don costumava usar cordões de ouro maciço e anéis cravejados de diamantes quando estava em eventos no morro. Finalizou a contabilidade quando eram duas da manhã.

Se jogando no chão, observou toda aquela quantia em sua cama. Não estava preparada para ver tanto dinheiro assim.

Chegando a uma única conclusão, Bianca sentiu os olhos arderem. Aquilo era tudo que Don tinha em espécie. Era todo o dinheiro dele, e sendo todo dinheiro dele, Don temia não ficar vivo e deixava seu patrimônio para Bianca cuidar de seu filho.

A morena engoliu o nó que surgiu na sua garganta, não se permitindo chorar a morte do amigo, ao menos não antes dela se concretizar. Talvez por um milagre divino, Don escapasse do que é que fosse que ele estivesse fugindo.

Depois de tanto pensar e surtar, Bianca buscou o celular para ver se o amigo tinha mandado alguma mensagem. Se surpreendeu ao ver a notificação de Rafaella.

Esperava por tudo, menos aquilo.

Ouviu o áudio algumas vezes. Além da voz de Rafaella lhe dar uma sensação gostosa, queria ter certeza que o que estava ouvindo era real. Parecia tão inconcebível que Rafaella fizesse aquilo, mas ela tinha feito.

Bianca olhou as horas. Parecia bem tarde para ligar para Rafaella, mas também não tinha sono para tentar dormir. Naquele momento a garota compreendeu que preferia resolver aquilo com Rafaella, mesmo sabendo que deveria ficar em casa. Guardou o que tinha sobre a cama no guarda roupa, escondendo entre as roupas ainda que a irmã e a mãe não mexessem ali.

Chegou no loft de Rafaella quando eram quase quatro da manhã. A madrugada era fria demais para sua jaqueta jeans surrada. Estacionou a moto há poucos metros da portaria, digitando o número de Rafaella com os dedos trêmulos pelo frio.

Enquanto chamava, Bianca pensou no quanto aquilo era louco. Não deveria ter pilotado até ali, mas também não conseguiria ficar em casa. Estava pensando demais, e depois de ouvir Rafaella dizer todas aquelas coisas uma inquietação consumia seu corpo.

Como poderia cobrar sanidade de uma apaixonada?

Quando estava prestes a cair na caixa postal, Rafaella atendeu. O coração de Bianca batia forte em seu peito, tanto que até doía. A garota engoliu em seco, pensando no que deveria dizer, mas nada surgiu. Ficava sem palavras quando nervosa e aquela situação estava deixando ela uma pilha de nervos.