confessem, cheguei mais cedo do que esperavam né? Eu também estou surpresa, mas estou aqui
capítulo não tem nada demais, apenas de transição
até mais, perdoem os erros
Bianca tinha que admitir, ainda que de forma contrária, que Don estava em boas mãos. Desde que o amigo entrou para o mundo do crime, a garota temia que ele tivesse uma morte precoce, ou até mesmo que fosse preso em algum confronto direto com a polícia. Aconteceu, de fato, mas muito tempo depois do que imaginava. Don era inteligente, não era à toa que tinha conseguido alcançar patamares desejados por muitos garotos iniciados. Gizelly, mesmo que intragável na maioria das vezes, era ótima criminalista, não era à toa que seu preço era um dos mais caros do sudeste, e antes mesmo do esperado conseguiram um habeas corpus.
Claramente, Don não seria absolvido, não tinha nem mesmo como fazer isso, mas mantê-lo fora da cadeia o quanto fosse possível já era melhor que nada. Gizelly dizia que tinham a sorte de Don ter tido apelo social por ser um colírio para os olhos das pessoas, mas Bianca achava que aqueles comentários eram apenas provocações da advogada para tirá-la do sério.
Otimista com o que tinha em mãos, Bianca se arrumou para o jantar na casa de Rafaella. Seria naquela noite, uma noite em que Rodolffo estava em São Paulo gastando um pouco da sua fortuna com garotos de programa enquanto afirmava estar fazendo negócios. Rafaella não estava ansiosa, confessou em um momento que detestava Marina e que torcia para que Alan se enjoasse dela. Bianca não queria assustar a mulher, mas conhecia muito bem o tipo de Marina. Manipuladora até a ponta do pé, aquela garota era capaz de fazer o que quisesse com Alan, e isso assustava Bianca um pouco. Quase tinha colocado tudo a perder quando ficaram naquela boate, o que Marina era capaz para se vingar?
Bianca esperava que fosse apenas um temor bobo.
Quando chegou à mansão, a morena mandou uma mensagem à Rafaella que a mandou entrar pois a porta estava aberta. Bianca ainda se sentia estranha na mansão luxuosa. Tinham obras de arte mais caras que o seu apartamento pela casa, e ela temia quebrar qualquer coisa. Talvez jamais acostumaria com aquela vida, mesmo sendo muito bom dormir em pijamas da Louis Vuitton e andar de Mercedes. Sua mãe dizia não gostar das extravagâncias dos ricos, mas às vezes Bianca entendia porque algumas pessoas eram terríveis para ter tudo aquilo.
Encontrou Rafaella no ateliê, como foi dito na mensagem enviada assim que chegou. Ela estava linda, usando um moletom folgado manchado de tinta. Bianca o reconheceu, pois já tinha visto a mulher usá-lo outras vezes quando saia do ateliê. Era como um uniforme de Rafaella. Talvez até fosse o responsável por dar inspiração à mulher, embora ela teimava em dizer que sua inspiração era Bianca.
— Estou na dúvida. — Quebrando o silêncio, ainda de costas para a morena, Rafaella disse fitando diretamente o quadro retangular em sua frente. Bianca deu mais alguns passos para poder contemplá-lo, abraçando a mulher pela cintura. — Queria chamar esse quadro de "O orgasmo", mas a galera da arte gosta de coisas subjetivas.
Bianca deixou um risinho escapar, fazendo com que Rafaella se arrepiasse. Sentia a respiração bater em seu pescoço, que estava livre graças ao coque que tinha feito para dar um jeito no cabelo bagunçado do dia cheio. A tela a qual Rafaella se referia era uma representação de uma mulher com a cabeça levemente inclinada, seu rosto escondido pela iluminação escura e os tons de azul contrastavam com os de vermelho. Não entendeu de imediato o porquê do nome dado por Rafaella. Pela iluminação escolhida, mal dava para ver as expressões da mulher, apenas seu pescoço em evidência e sua cabeça inclinada.
— Vou chamá-lo de "O ápice".
— Subjetividade, é claro. — Bianca sussurrou contra o pescoço, ganhando em resposta um ronronar baixo. Sorriu. — Você é uma artista.
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Até que a morte os separe
FanfictionPor vinte anos Rafaella manteve sua vida dirigida pelo homem que jurou amor eterno em um altar. Era presa à ele e aos seus padrões de vida, atuando como uma esposa troféu deveria se comportar. Escondia sua infelicidade em meio aos sorrisos falsos, r...