— Que tipo de brincadeira é essa, Bianca? — A pergunta de Rafaella vinha acompanhada de um olhar sério, até mesmo incrédulo. Bianca engoliu em seco, dando um passo atrás na tentativa de dar espaço à outra. Sabia que a conversa seria longa. — Pelo amor de Deus, Bianca, você não fez isso só pra...
— O que?! Acha que eu iria atrás dela só para te magoar? Claro que não, Rafa. Eu nunca faria isso. — Se defendendo, Bianca tratou de se explicar tocando os ombros de Rafaella. Péssima escolha. Prontamente a mais velha se esquivou, caminhando para longe.
— Tira as mãos de mim. Não encosta em mim!
Bianca se calou. Engoliu em seco, respirando profundamente. Sabia que não seria fácil, e de certa forma até mesmo compreendia aquela reação de Rafaella. Era uma ferida aberta que doía na outra. Se fosse o contrário, provavelmente também ficaria chateada. A diferença era que Rafaella chateada era cruel demais e Bianca não sabia até que ponto suportaria a crueldade dela.
— Deixa eu explicar a situação.
— Explicar a situação? Você acha que precisa de explicação uma coisa tão auto explicativa? — O olhar raivoso de Rafaella fez Bianca se encolher instintivamente. — Eu não quero falar com você agora.
— Mas você precisa. — Bianca tentou insistir, mesmo vendo no semblante da mais velha que ela não estava nenhum pouco interessada em ouvir.
— Não. Eu não preciso. Eu preciso de espaço, é isso que eu preciso. — Rebateu Rafaella cruzando os braços em frente ao peito. Não se sentia bem o suficiente para entrar naquele assunto, ainda mais com tantos pensamentos conflituosos em sua mente.
— Eu não vou embora, se é isso que você está querendo que eu faça. Eu não vou embora, porque se eu for, vou deixar isso em aberto e por qual razão eu faria isso?
Rafaella suspirou porque o que Bianca tinha dito fazia sentido. Porém, ela não queria conversar, não queria olhar para Bianca, não queria ter que lidar com nada naquele momento. Era de se esperar que aquela perfeição da garota escondia alguma coisa por trás, só não imaginava que era algo daquele tamanho.
— Eu não sabia que era ela, Rafa. — Começou Bianca, sentando na cama. Teria uma noite cansativa e estressante, precisava guardar energia. — Depois que você me contou sobre, aquele dia na praia, eu liguei uma coisa na outra. Mas eu não fazia ideia de que a Andreia que era a minha professora era a mesma Andreia que você se apaixonou.
— Estamos falando de uma coisa que aconteceu há semanas? Você está dizendo que sabe disso desde aquele dia? — Perguntou Rafaella com a voz alterada. Bianca encolheu, mas não se acovardou. Não poderia deixar de colocar tudo em pratos limpos, porque ambas mereciam a verdade.
— Não! Não sabia desde aquele dia, apenas suspeitei desde aquele dia. Só tive a certeza na noite em que fomos ao baile.
— E você não pensou nem por um momento que, sei lá, eu deveria saber?
Bianca se calou, abaixando o olhar para o chão. Ela tinha um bom ponto, um ponto que não dava espaço para explicação. Tinha guardado segredo por temer a reação de Rafaella. Não se orgulhava por ter sido tão covarde, porque mostrava uma fragilidade que ela tinha vergonha.
Sendo uma garota espirituosa e verdadeira, não poderia deixar de dizer a verdade. Mas ela tinha deixado de dizer e estava custando caro.
O clima ficou mais carregado. Rafaella ainda incrédula naquela informação sentia-se traída. Não era fácil explicar aquele sentimento, só sentia. Andreia era um assunto proibido, porque era a forma que Rafaella tinha achado para superá-lo, mas cada vez que tentava ignorá-lo algo acontecia e a obrigava a encarar aquilo de frente. E tudo levava a um fato: não tinha superado coisa alguma.
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Até que a morte os separe
Fiksi PenggemarPor vinte anos Rafaella manteve sua vida dirigida pelo homem que jurou amor eterno em um altar. Era presa à ele e aos seus padrões de vida, atuando como uma esposa troféu deveria se comportar. Escondia sua infelicidade em meio aos sorrisos falsos, r...