Infeliz coincidência

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Durante dias Bianca remoeu a mágoa que sentia diante do término com Rafaella. Bom, nem mesmo podia chamar aquilo de término, uma vez que não tinham nada uma com a outra. Era só sexo casual que tinha data de validade, mas que para a estudante não fosse vencer tão cedo.

Se enganou. E odiava ter se enganado. Assim como odiava ter sido dispensada daquela forma.

Rafaella não podia ter lhe dispensado porque ninguém dispensava ela. Bianca era alguém seguro de si, e sabia do que era capaz. Nenhuma outra lhe deu um pé na bunda, assim como nenhuma outra tinha um casamento e um filho mala de brinde.

Rafaella era única e Bianca sabia disso.

E por entender o tamanho de seu inconformismo, definiu o que desejava para os seus dias seguintes. Focaria no que precisava focar e o restante seria somente restante.

No quinto dia após a confusão com Alan, Bianca sentou-se junto das amigas, observando com admiração os outros estudantes caminhando pelo campus. Flayslane a princípio estranhou o bom humor da amiga. Bianca simplesmente tinha se transformado em um ser insuportável depois da confusão com Alan e sua mãe. O que sabia era que a amiga tinha levado para o pessoal o término, quando até mesmo ela entendia que se tratava de muito mais que a falta de desejo. Flay não confiava na família de Alan, assim como não confiava nele.

— Está de bom humor hoje? — Questionou a garota depois de observar o segundo suspiro satisfeito de Bianca desde que sentara ali.

— Estou. Ótimo humor, aliás. — Respondeu Bianca lançando acenos para os conhecidos que a cumprimentavam de longe.

— Transou ontem? — Mariana perguntou, associando o bom humor a vida sexual intensa que Bianca levava. A jovem ainda não sabia muito bem o que tinha acontecido entre a morena e Alan, mas suspeitava que tinha a ver com mulher. Sua intuição dizia que alguém ficou com alguém que não devia, e por isso a relação rachou.

— Não. — Disse com um sorriso no rosto. — E é exatamente por isso que eu estou feliz.

Flay revirou os olhos, aguardando que a amiga explicasse qual era a loucura da vez. Conhecia bem Bianca para entender aquele estágio do coração quebrado. O estágio da raiva tinha passado, para sua felicidade, agora viria a era good vibes que não duraria mais que dois dias.

Mariana, curiosa pela resposta, aguardou em silêncio Bianca dar continuidade em sua linha de raciocínio. Diferentemente de Flayslane, nunca vira Bianca apaixonada por ninguém e nem sabia que aquilo era possível.

— Eu decidi que vou fazer um voto de castidade.

Silêncio na mesa. As duas outras garotas trocaram olhares significativos, enquanto Bianca ansiosa aguardava qualquer reação das duas. E ela veio. Ambas explodiram em altas gargalhadas, batendo palmas ao final delas. Riram tanto que os rostos ganharam uma coloração avermelhada, e Bianca quase jogou uma cadeira em ambas para cessar aquele riso irritante.

— Não! Sério! Você sabe o que é voto de castidade? Sabe que não pode transar quando está em um voto de castidade? — Perguntou Mariana limpando o canto dos olhos úmidos.

— Caralho, vocês são duas idiotas! — Resmungou Bianca já sem o bom humor de antes. — Eu não preciso de sexo. Vou transcender e maximizar os meus resultados em áreas mais interessantes que a sexual.

— Como por exemplo? — Perguntou Mariana, com o sorriso debochado de antes.

— Oras! A acadêmica. — Disse Bianca de forma óbvia, revirando os olhos ao final. — Agora é foco total aqui. Quem sabe no ano que vem começo um projeto de extensão.

Até que a morte os separeOnde histórias criam vida. Descubra agora