De marido para amante

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Durante todo o caminho que seguiram até um dos barcos mais distante dos outros, Bianca ficou em silêncio, olhando ao redor como se a qualquer momento alguém pudesse aparecer, frustrando os planos de Rafaella. Não era comum sentir-se temerosa estando com a mulher, afinal quem tinha mais a perder era ela, mas as coisas tinham mudado. Rafaella não era mais uma foda qualquer, e mesmo odiando aquilo, Bianca tinha um certo sentimento de proteção com a outra. Maldita paixão idiota.

— Gaia? Quem deu esse nome pra ele? — Rafaella riu ao ouvir a pergunta de Bianca depois de tanto silêncio, retirando os óculos escuros para fitar os castanhos cerrados pela iluminação.

— Eu. — A mais alta deu de ombros acompanhando os olhos de Bianca na gravação cursiva. — O Alan queria chamar de Barco, mas achei muito simplório, e eu não sou mulher de pouca coisa.

Bianca suspirou assistindo um sorriso perigoso nascer nos lábios da mulher, sentindo-se uma grande idiota por ter caído na besteira de se apaixonar. A conversa não se estendeu. Rafaella subiu a bordo, ajudando a morena com toda paciência do mundo, mesmo desejando sair da marina o quanto antes para dar início aos seus planos.

— Tu sabe mesmo pilotar esse negócio, Rafaella? Pelo amor de Deus, se a gente ficar à deriva por aí, como vai explicar para as pessoas que estava sozinha comigo? — Apesar do tom sério e preocupado, Rafaella riu com gosto, estendendo uma das mãos para que a outra entrelaçasse os dedos nos seus.

— Relaxa, garota. Eu até tenho licença pra pilotar. — Mas ainda sim Bianca não pareceu convencida das palavras da mais alta. Não era fã de água, tinha seus receios mesmo que Rafaella tentasse passar qualquer segurança. — O que aconteceu, Bianca? Você está tão tensa.

— Eu... — Bianca se calou logo em seguida, se praguejando por cogitar abrir seu coração para a outra. Aquilo não poderia ser uma opção, pois sabia a posição que ocupava na vida de Rafaella. Suspirou profundamente, forçando um sorriso nada natural aos olhos verdes, e se aproximou tomando a cintura da outra em suas mãos. — É que eu não sei nadar, sabe? Talvez eu precise de uma boa salva-vidas.

Rafaella acabou rindo, optando por ignorar o desconforto de Bianca e aceitar o abraço gostoso que a outra oferecia. Ainda estavam na marina, e mesmo que estivessem distantes dos olhos de terceiros, não era seguro.

Enquanto observava a mulher pilotar o barco como se não fosse nada demais, Bianca buscou uma long neck percebendo que pela primeira vez desde que estava naquilo com Rafaella, não tinha um único desejo a ser realizado. Certamente que só estava ali para transar, mas ainda sim era diferente. De alguma forma, por mais que ela fosse sútil, estar naquele barco com Rafaella era diferente de estar com Rafaella em um hotel.

— Quanto preciso pagar pra saber o que você está pensando? — Assim que se aproximou de Rafaella, Bianca foi bombardeada pela pergunta que carregava um sorriso irresistível.

— Pra você vai sair bem caro. — Respondeu a morena se inclinando para capturar o lóbulo entre os dentes. — Tá disposta a pagar, senhora Matthaus?

O sorriso de Rafaella se desfez quase imediatamente. Odiava o sobrenome de Rodolffo. Era muito além da esposa daquele homem, mesmo que às vezes não parecesse. Contudo, Rafaella sabia que Bianca a chamava daquela forma por puro fetiche, e poderia arriscar também que não passava de uma provocação.

— Depende. Vou poder tirar proveito?

— Quando você não tirou? — Rebateu Bianca, bebendo um longo gole da cerveja gelada.

Rafaella não respondeu, deixando que o olhar carregado de segundas intenções se ocupasse daquilo. Ficaram em silêncio por mais alguns minutos enquanto Rafaella se encarregava de achar um ótimo lugar para passarem o dia, embora achasse que se ocupariam com outras atividades sobre uma cama.

Até que a morte os separeOnde histórias criam vida. Descubra agora