Segredos seguros

1.3K 130 218
                                    



Naquela manhã Rafaella foi surpreendida assim que acordou. Diferentemente de todas as outras manhãs, não estava sozinha. Rodolffo, ainda usando pijamas carregava nas mãos uma bandeja com o que deveria ser seu café da manhã. A primeira coisa que passou na cabeça da loira foi que estava alucinando ou que ainda estava dormindo, mas ao sentir os lábios do marido em sua testa descartou a última possibilidade.

Em silêncio, se sentou na cama, recebendo a bandeja no colo. Era um café da manhã simples, o que estava habituada a comer todos os dias. Uma xícara de café e uma pequena tigela com cubos de melancia cortados. Rafaella sorriu agradecida, mesmo que estivesse profundamente desconfortável com aquilo.

— Eu não sei o que você come de manhã, mas me disseram que era isso. Espero ter acertado. — Disse o homem se sentando na beirada da cama com um semblante sereno.

Embora muito curiosa para entender aquilo, Rafaella aceitou de bom grado o café da manhã. Bebeu um gole do café, e para sua surpresa estava do jeito que tomava todas as manhãs. Puro e forte. Sem conseguir dizer nada mais que um obrigada, a loira tomou alguns goles do liquido escuro sob o olhar atento do marido.

— Ei, o que é isso aí? — Desfazendo o semblante calmo, o homem apontou para o peito da esposa onde tinha uma marca avermelhada.

Rafaella sentiu o coração parar por uns segundos. A roupa que usava dava uma visão perfeita da prova do crime junto de Bianca. Um chupão discreto, mas ainda assim condenatório. Rodolffo, se aproximou tocando com o polegar a marca. Tinha um olhar sério, até mesmo curioso, enquanto esperava a resposta da mulher.

Sem ter muito o que pensar, Rafaella deixou a xícara sobre a mesa lateral e tocou ela mesma a marca.

— Isso? Renda do sutiã. Acho que estou com alergia. — Disse a loira fingindo como uma atriz premiada.

— Isso parece um chupão. — Apontou Rodolffo recolhendo a mão que tocava a esposa.

— E eu conseguiria um chupão como, Rodolffo? Tem dias que a gente não transa.

— Exatamente. Nós não transamos há dias. — Os olhos castanhos de Rodolffo fitaram os verdes com dúvida. Não disseram nada por alguns segundos, tempo o suficiente para Rafaella ter certeza que teria seu segredo exposto naquela cama, mas então o moreno deu de ombros se levantando da cama. — Marque um dermatologista.

— Farei isso hoje mesmo. — Agradecendo a falta de interesse do marido naquele assunto, Rafaella respondeu voltando a se concentrar em tomar o café já morno na xícara.

— Certo.

Rafaella observou o marido caminhar para o closet, deixando-a sozinha no quarto. Aproveitou o momento para pegar o celular e conferir a resposta da mensagem do dia anterior. A ideia de mandar fotos para Bianca já não parecia tão boa, mas com a resposta sacana da morena, deixava a loucura menos pior.

— Estava pensando em almoçar com você hoje. Consegui algumas horinhas de almoço, posso passar no seu trabalho. — Ofereceu o homem voltando ao quarto com a camiseta jogada sobre o ombro.

— Não vai dar, querido. — Negou de imediato Rafaella, se lembrando que usaria o horário do almoço para visitar um certo quarto de hotel.

— Sério? Uma pena. — Por um momento o olhar decepcionado do marido fez Rafaella se condenar por estar recusando o almoço para traí-lo. Mas foi somente um momento.

— A gente marca outro dia.

— Claro. Outro dia. — Quando não havia mais o que ser dito, Rodolffo decidiu voltar ao que fazia anteriormente. Rafaella aproveitou o momento sozinha para enviar uma mensagem à Bianca confirmando o encontro daquele dia. Ao receber a resposta positiva, Rafaella resolveu cuidar dos próprios compromissos daquela manhã.

Até que a morte os separeOnde histórias criam vida. Descubra agora