A Garantia do Traficante

Capítulo 11

Tamara

Assim que chegamos, eu vi a empolgação da Tatá e fiquei animada em conhecer o lugar que a tanto deixava assim, Kenário abre a porta do carro e o motorista abre a minha porta me ajudando a descer e pegando a Tatá colocando-a no chão. Andamos até ao lugar que estava cheio de crianças a volta com os seus pais e a Tatá pega na minha mão e na mão do Kenário nos fazendo os três andar de mãos dadas, era tão fofa que nós apenas acompanhamos e não dissemos nada. Assim que entramos eu vi um parque gigantesco cheio de brinquedos e crianças por todo lado, ela sem pensar corre se soltando das nossas mãos e vai até ao balcão pedir por uma fita, eu me rio e vou até ela sendo seguida pelo Kenário. A mulher do balcão olha para nós e entrega-nos um papel com os preços, Kenário apressa-se em pagar e eu fico apenas a observar ela toda feliz recebendo a pulseira e sendo encaminhada até a sala de preparatório das crianças. Pelo que percebi do preçário, aquilo era uma fábrica de gelados e parque de diversões infantil ao mesmo tempo, onde os pais ajudavam os filhos a preparar as coisas com os ingredientes feitos aqui mesmo. Eu estava prestes a perguntar alguma coisa quando sinto alguém tocar-me levemente nos ombros.

_Desculpem, é vossa filha? _Uma mulher atrás de mim pergunta-me.

_É nossa filha, sim. _Kenário diz sem esboçar expressão como sempre e a mulher faz uma cara de espanto.

_Uau, que lindo vocês terem adotado uma criança. _Ela diz e eu olho para o Kenário que tinha irritabilidade estampada. _Acredito que ela passava muita dificuldade. _Ela diz e a minha feição cai na hora, a falta de conhecimento e o preconceito daquela mulher, é completamente capaz de irritar qualquer um, e comigo, não foi diferente. O atrevimento dela era de uma tamanha inconveniência que eu só queria pular no pescoço dela.

_O que faz a senhora pensar que ela não foi gerada por nós?_ Pergunto sentindo a raiva preencher a minha cabeça e vejo que o Kenário ficou da mesma maneira que eu.

_Ah, sabem... Ela é, escurinha. _Ela faz uma limpeza na garganta e delicadamente cruza mexas do seu cabelo na sua orelha. _E olha para vocês, esses olhos azuis do querido galã e os cabelos extremamente lisos e claros. _Ela olha para o Kenário sorrindo, claramente ele não mudou a expressão que tinha, não, na verdade mudou sim, ele esboçava pura repulsa e má disposição, é assustador vê-lo dessa maneira, isso não posso negar, mas não o censuro.

_E isso significa que pessoas brancas nunca teriam possibilidade de gerar alguém de uma coloração diferente? _Pergunto a ela tentando ser o mais educada possível e ela sorri, ignorante.

_ É uma raridade acontecer. _Diz fazendo uma careta levantando o nariz e levanta a mão formando punhos.

_Mas acontece, e se a senhora não quer sair daqui algemada ou com a cara esfregada no chão por mim, aconselho que se cale. _Digo encostando cada vez mais nela. Vejo o Kenário tentar sacar a arma que tinha na cintura e pego rapidamente nas mãos dele abanando a cabeça em sinal negativo para que ele não fizesse aquilo, pelo menos não na frente de todos.

_Mas porquê? Ela é muito linda, acredito que o trabalho foi imenso quando tiveram que cuidar dela até toda sujidade sair, parece até uma menina branc..._Antes que ela acabasse eu dou uma bofetão na cara dela que colocou a mão sobre o local imediatamente, eu queria continuar, porém aquilo começou a por atrair olhares e não queria chamar tanta atenção a esse ponto, principalmente porque a Tatá estava ali e não queria que ela presenciasse algo assim.

_Vou chamar a polícia._ Sem tirar a mão do rosto ela diz enfurecida, o que me faz arfar de indignação.

_A senhora chega até mim sem me conhecer e criminosamente fala da minha filha. Os direitos humanos já existem há muito tempo para punir pessoas preconceituosas e racistas como você. _Respondo procurando não agravar tanto o tom de voz por conta das pessoas que se aproximavam.