Capítulo 17

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Tamara

O Kenário apenas afasta-se de mim criando uma bela abertura entre nós e eu já entendo tudo. Prendo rapidamente o meu cabelo em um coque.

_Devemos procurá-la? _Pergunto mantendo o tom de voz e a olhar para ele, que apenas da um suspiro e sai da água sem olhar mais para mim. Permaneci na água tentando não pensar em coisas más, suspirei fundo e saí devagar da água. O Kenário tinha se direcionado a sua espreguiçadeira e encontrava-se sentado, com o livro na mão e os óculos postos, não entendi aquela calmaria toda e a preocupação pela Lana aumentou ainda mais.

_Não dirás nada?_ Pergunto finalmente.

_O quê que tu queres ouvir?_Ele continua com os olhos fixos no livro, o que me fez ficar irritada.

_Sobre o que acabou acontecer. _Digo sentindo a ansiedade atravessar o meu corpo.

_Tu achas mesmo que ela iria conseguir fugir?_Ele pergunta olhando finalmente para mim. _Eu nunca vou expor a minha família ao perigo, ela pisou na minha casa, só sairá de lá quando eu mandar ou morta. _Ele diz friamente e eu começo a sentir as lágrimas por cair.

_E... onde é que ela está? _Pergunto com os olhos e mãos com água a escorrer.

Ele levanta-se e começa a andar, accionando as minhas pernas a segui-lo até onde ia, passamos o estacionamento e tinha uma caravana enorme próximo a estrada, então o Kenário simplesmente abre a porta e entra me dando passagem para entrar logo a seguir. Assim que a escuridão nos meus olhos passa por conta da exposição ao sol, enxergo a minha amiga sentada e de cara baixa, ela estava visivelmente irritada e com vontade de chorar o que me apertou o coração. Tinha cerca de 3 a 4 homens enormes dentro da van e então o Kenário quebra o silêncio.

_Vamos deixá-las, rapazes. _Ele sai com os homens assim que diz isso e eu ando até ela e sento ao seu lado encharcando o lugar com gotas de água salgada.

_Eu simplesmente não aguento mais. _Ela diz e eu me mantive calada. _Explica-me, como é que estás a conseguir, como é que não te ficas a remoer o dia inteiro, com vontade de voltar, de denunciar essa gente e viver feliz como antes, como?_ Ela chorava com a cabeça virada para o teto e eu peguei automaticamente na mão dela que caiu no meu colo me abraçando, levando-me com ela para a terra das lágrimas.

_ Nós já tivemos a conversa mais difícil, agora só falta tu entenderes como as coisas funcionam agora. Foram tantas coisas, vivi tantas coisas e...passei por tantas coisas que é impossível voltar e fingir que nada aconteceu. _Digo para ela que já se tinha levantado. _ Agora até tu estás incluída nisso, e se voltares, Alana, é possível que a tua vida se torna num inferno, confia em mim, por favor. Eu nunca, jamais, te colocaria em alguma coisa sem ter certeza de nada. Amo-te mais do que tu imaginas e sei que tudo irá ficar bem algum dia, mas até lá, só basta colaborar. _Digo a ela que finalmente amolece a expressar séria que possuía e dá-me um abraço. Posso afirmar que tenho a minha melhor amiga de volta e que estou feliz finalmente.

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Depois de termos saído da caravana, andamos juntas até à praia novamente. Finalmente a Lana conseguiu entender-me e tomar consciência que precisa se desculpar com todos pela sua atitude, apesar de ter os seus motivos. Estavam todos juntos sentados na areia e nós nos aproximamos logo sem rodeios, Lana mostrava apreensão quando ao facto de falar com eles, mas tentei passar o máximo de segurança a todos.

A Garantia do TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora