Capítulo 9

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Tamara

Fui logo atirada no banco da frente batendo com o braço na parte de prender o cinto e um gemido de dor escapa. Ele rapidamente entra no banco do condutor e liga o carro acelerando logo. Eu não conseguia parar de chorar, o Kenário não dizia uma palavra, só guiava sem tirar os olhos da estrada. Eu estava apavorada, não sabia o que me ia acontecer, assim que eu vi a arma apontada na cabeça daquele pequeno ser, eu senti o meu mundo desabar por completo, não podia deixar aquilo acontecer de jeito algum, principalmente por eu poder evitar.

A cada momento que nos aproximavamos do nosso destino, o meu coração palpitava, a tensão entre nós era evidente e eu estava receosa sobre o que fosse acontecer, mas não tinha escolha, eu precisava da minha liberdade de volta.

Olho de lance para o Kenário, apesar de não esboçar nenhuma emoção era notório que ele explodia de pura raiva e o meu medo só amplificava cada vez mais. O caminho parecia infinito, eu estava ansiosa demais.

O carro entra em uma rua cheia de árvores e arbustos, seguindo um caminho de pedras industriais, um portão afastado abre-se quando ele aperta um dos botões do carro e entra em alta velocidade. Uma grande mansão cinza e branca surge no meio do espaço, era muito bonito por fora, mas o meu medo me impedia de olhar detalhadamente e conseguir descrevê-la assim que a vi, mas o meu vislumbre não durou muito, pois assim que o carro parou em frente a casa, Kenário rapidamente saiu do carro e abriu a minha porta prendendo logo a sua enorme mão no meu cabelo me puxando do carro até a uma entrada. Quando ele abre a porta do seu quintal, escorrego no parapeito da mesma e caio de costas para o chão ladrilhado e um gemido alto escapa, o meu corpo estava sendo arrastado bruscamente. Seguro as suas mãos para tentar soltar o meu cabelo mas ele prendia cada vez mais fazendo o meu couro arder de tanta dor que sentia. Naquele momento eu não conseguia mais controlar as lágrimas, elas só caiam enquanto eu estava sendo arrastada pelo chão da sala exterior. As minhas costas ardiam muito, era uma dor horripilante, eu embatia em vários móveis do exterior tentando me soltar das mãos dele.

_Chega, por favor. _ Digo no meio de soluços com a voz falhada e ele apenas continua a andar. Eu sentia de longe a sua fúria, nunca o vi assim antes, mas eu não podia deixar a chance de recuperar a minha liberdade escapar das minhas mãos.

Assim que a porta se abre, sou arremessada para dentro de casa e embato em algum objecto. Urro de dor no mesmo instante, um cansaço toma conta de mim e eu já não me conseguia mover bem, já estava enfraquecida e com sinais roxos visíveis nas minhas pernas, com certeza as minhas costas estavam cheias de cicatrizes também.

Tento me erguer mas Kenário segura no meu braço puxando o meu rosto para poder encarar-me. O azul dos seus olhos estava cada vez mais escuro sem vestígios de qualquer humanidade. A minha cara parecia um riacho, Kenário aproximou os nossos rosto.

_Por favor, Matheus. _Ele aperta mais o meu maxilar e começo a sentir como se estivesse a quebrar aos poucos, era indescritível aquela dor. Tentei tirar as suas mãos, mas ele é muito forte. Ele logo tira as mãos e eu sinto a minha respiração voltar a um ritmo melhorado, mas não demorou muito e ele agarrou no meu cabelo novamente me puxando até as escadas, a cada degrau que embatia nas minhas costelas, gritos altos e sufocantes rasgavam a minha garganta. Eu tentava a todo custo me soltar mas era em vão, aquelas escadas pareciam infinitas naquele momento.

Sinto o tecido da minha blusa rasgar-se e aquele pequeno som ecoa na minha cabeça. Finalmente o último degrau havia chegado e só gritava e soluçava sem parar, a força com que ele prendia o meu cabelo em seu punho amenizou e eu me sentia mais aliviada por isso. Enquanto eu gemia de dor pela força com que ele puxava-me por escada a cima, ele ficou parado no meio do corredor, levantei a cabeça e olhei para a sua face enfurecida, a vermelhidão na sua cara era tanta que só fazia o meu medo aumentar cada vez mais.

A Garantia do TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora