Tamara
A sonolência estava viva em mim, sentia as minhas pernas e braços imóveis, e não conseguia abrir as minhas pálpebras, tento mexer as mãos mas não consigo, estava amarrada. Levito a cabeça para trás e apoio em algum lugar, com bastante esforço, consigo logo recuperar alguns dos sentidos e mover as pálpebras. Abro os olhos e vejo um lindo parque por fora, ainda estávamos no carro. Olho para o senhor ao meu lado e ele está como um robô, sem se mexer e sem piscar.
Era difícil movimentar a cabeça, estava com muitas tonturas ainda, não me conseguia mover totalmente, então resolvi desistir de lutar contra o flunitrazepam. O meu pescoço estava dolorido e com dificuldades de rotação, mas consegui pelo menos apoiar a minha cabeça no vidro.
Olho a volta e noto que já não estamos em um lugar familiar para os meus olhos. Acredito que estive desmaiada por bastante tempo, pelo tamanho da seringa e da dose, então obviamente não estou nem em sonhos perto de casa.
É tudo mais escuro mesmo com sol, as casas são muito clássicas e bonitas, há pessoas com roupas de inverno e com a pele muito pálida. Na hora, noto que já não estavamos em Seattle, ainda falta um pouco para a época da neve chegar. Olho para o meu anelar
direito e vejo o anel que o Nick me ofereceu no nosso aniversário. As lembranças de tudo que aconteceu antes de eu estar aqui invadem a minha cabeça num flash, meu Deus, os meus meninos, o meu Nick. Eu não sei onde estou, nem porquê que tinham que levar logo a mim. Eu só quero voltar para casa e entender o quê que está a acontecer.__Será que...hmm... Você podia me dizer onde estamos? __ Olho para o senhor ao meu lado e ele respira mais alto. __Pode? __ Falo um pouco mais alto que imaginei e ele olha para mim com a mesma expressão séria de sempre.
__ Moscovo. __ Ele diz e volta a virar a cabeça para frente. MOSC QUÊ? Sabia que já não estávamos em Seattle, mas não que saímos da América. Não sei o que pensar nem o que dizer, o medo e o desespero invadem o meu peito que já estava repleto de sentimentos negativos.
Entramos em uma rua com casas surpreendentemente grandes, uma maior que a outra, verdadeiras mansões de luxo da antiguidade. Paramos em uma casa toda com grandes portões pretos e desenhos de leões. Os grandes portões abrem-se, dando visibilidade a uma enorme e linda casa vidrada, um vasto jardim coberto de rosas vermelhas e um grande tigre dourado no centro do mesmo, parecia que a parte de fora daquela casa era toda dedicada às rosas, sem dar lugar nem espaço para flores de outras espécies, só Rosas vermelhas. Entramos em um túnel muito escuro que logo deu visibilidade a um estacionamento cheio de carros topo de Gama, e o pior é que não estou a perceber nada.
Logo que pararam o carro os homens descem ao mesmo tempo, eu estava sem forças para me mover ou falar qualquer coisa, os efeitos do medicamento estavam muito fortes. A porta do meu lado é aberta e um deles leva-me ao colo até dentro da casa vidrada. Passamos por um corredor e chegamos a uma sala grande, e como estava a ser carregada por um deles, me colocam em um poltrona que encaixava perfeitamente nas minhas pernas.
__Uhmm. Já trouxeram a minha querida sobrinha. __Um barulho de saltos altos e uma voz feminina invadem o local. Um corpo feminino surge por de trás da poltrona, e derrepente ela vira-se.
__Tia Vallery? __ Digo com um pouco de dificuldades para mexer a boca, até a língua estava dorida. Um grande choque seguido de um leve alívio surgiram no peito, a irmã mais nova da minha mãe me sequestrou?
__Tamara.__Ela sorri e me faz ficar completamente confusa. __Surpresaaaa. __E aproxima-se para abraçar-me. Eu ainda estava sem forças, não me consegui mover praticamente, contando que ainda estava amarrada.
__Desculpe? __ Tento não voltar a desmaiar e olho para um ponto fixo.
__Bom, quis fazer uma brincadeira contigo. __Ela sorri. __Lembras quando nós falamos de como seria um sequestro? __ E volta a gargalhar. __Te fiz viver um.
__Hmm? __Estava aliviada por não ser a sério, e também confusa de porquê que ela lembrou logo disso e não de outra coisa. Ela ergue um dos braços ordenando os homens para que me soltassem. Desamarram cuidadosamente enquanto eu pouco a pouco, vou tentando recuperar os sentidos.
__Não te preocupes, ficar aqui, será como umas férias. __Ela aproxima-se me ajudando a levantar.
__Ah...Mas eu preciso de ir, tia lá precisam de mim. __Tento caminhar calmamente até a porta.
__Está tudo bem, meu doce. __Ela dá um sorriso e tenta pegar-me na mão. O flunitrazepam ainda estava vivo em mim, não consiguia nem abrir bem os olhos, é muito difícil andar e tudo está a girar, consigo chegar até a uma parede e apoiar-me para continuar a minha caminhada até a saída, a cada passo que dava, parecia que o chão atrás de mim desaparecia e ficava tudo escuro, cada parte da parede que eu tocava escurecia, e logo que cheguei a porta, era uma grande escuridão que se avizinhava.
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.Os meus olhos abrem dando visibilidade a um quarto grande e vidrado, revestido pela luz da lua e das estrelas. Levanto-me e tento encontrar algum pertence meu, nada. Sou guiada pelos meus pés até à uma porta que parecia ser a de saída, olho para baixo e noto que as minhas vestes mudaram, estou com um robe preto de cetim curto, e só com a roupa interior posta, está muito frio, porém consigo não pensar muito na temperatura. Caminho pelo corredor grande e iluminado até algum possível lugar familiar, só me lembro de ter visto o rosto da minha tia e ter tentado sair, depois disso só escuridão. Já estava lúcida, conseguia andar sem precisar de ajuda de alguma parede ou vaso. Continuo a caminhar pelo grande corredor que parecia inacabar tentando encontrar uma saída, quando vejo um cómodo com a luz acesa e vou até lá. Antes que pudesse entrar, esbarro com alguém gigante, olho para cima e é um dos brutamontes que me trouxeram, com um tabuleiro na mão.
__Onde vai, menina? __Ele nem sequer olha para mim, não sei se estou muito em baixo ou se ele não consegue baixar o pescoço.
__Estou esfomeada. __Digo e tento passar por ele que literalmente cobria a porta inteira. __Me deixe passar. __ Bato-lhe no peito e ele suspira baixando o olhar lentamente para mim. Olho para ele levemente enfurecida e sou logo puxada para o seu ombro como se fosse um saco de mercado, ele andava comigo no ombro direito e o tabuleiro na mesma mão. __CARALHO ME PÕE NO CHÃO, PORRA. __Bato as costas dele e o meu vestido levanta devido ao escândalo que estava a fazer. __Meu senhor o meu rabo está exposto para si e mais para quem estiver a ver, deixe-me descer. __ Soco as suas costas a medida que falo e logo ele me pousa no mesmo quarto, deixa a bandeja na mesa do criado mudo que lá tinha e vai embora batendo a porta. __GROSSO.
Queria tentar fazer uma birra ou uma greve de fome, mas eu não vou encontrar a minha tia nesse labirinto e nem vou puder voltar a sair sem um desses brutamontes estar por perto. A minha barriga estava literalmente a roncar sem parar. Sentei-me na cama e meti a bandeja no meu colo, era Puré de batata doce, com bifes ao aceite e molho de maionese com alho, um sumo que parecia ser de goiaba a acompanhar e o som da minha barriga para desfrutar.
Logo que acabo de comer lambo os dedos praticamente e os meus olhos já estavam pesados, coloco a bandeja novamente no criado mudo e deito-me na cama me cobrindo com um endredom enorme. Olho para fora e vejo uma lua gigante, com várias estrelas e nuvens cobertas com o azul escuro da noite e assim apago logo.
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A Garantia do Traficante
RomanceEm um mundo que o dinheiro e o poder falam mais alto que a compaixão e o amor, duas facções inimigas disputarão a posse de uma mulher que foi enganada e traficada por um membro da sua própria família. Embarque nessa história cheia de tombos e revira...