Capítulo 25

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Atenção: Capítulo com cenas de violência, que podem causar gatilhos emocionais.

As vozes dentro do galpão, indicavam que haviam pessoas lá dentro. Não demorei a reconhecer o choro que pertencia à mulher da minha vida e uma voz masculina, muito mais alterada.

Eram Derick e Sofia! Tentei correr para o local, mas Naíla colocou-se a minha frente tentando chamar minha atenção.

— Vamos esperar a polícia, Adam! — pedia ela.

Assim que deixamos a casa abandonada, passei o endereço do caderno para Hugo que confirmou que a polícia seria avisada em seguida.

Estranhamente, não haviam seguranças ou outras pessoas no local como imaginei que aconteceria, o que permitiu nossa aproximação sem que fossemos notados.

Assim como a casa em que estivemos a pouco, o local também parecia vazio e abandonado.

Eu percebia Naíla tensa atrás de mim e a maneira como ela caminhava, segurando minha blusa e praticamente usando meu corpo como escudo, indicavam isso.

Joguei toda a racionalidade de lado assim que o barulho alto de um tapa pode ser ouvido, seguido de um grito, que eu sabia ter saído da boca de Sofia, não consegui mais esperar. Mesmo Naíla segurando meu braço, não foi suficiente para me impedir de continuar.

A visão que tive foi muito pior do que imaginei.

Sofia encontrava-se amarrada e ajoelhada no chão. Sangue saía de seu nariz, enquanto Derick em pé, segurava a arma em uma das mãos. Tão logo seus olhos me encontraram, seu rosto voltou a se abaixar e eu percebi que ela chorava ainda mais.

Derick por sua vez, parecia gostar da minha presença ali, já que um sorriso nojento se fez presente em seus lábios assim que me viu.

— Agora a festa está completa: o Salvador e a vadia! — falava o homem, visivelmente alterado.

Tentei me aproximar, mas a arma antes abaixada, agora apontava em direção à mulher que eu amava.

— Mais um passo e eu atiro nela! — afirmou com raiva.

Parei onde eu estava e levantei as mãos para que ele notasse que eu estava desarmado.

— O que você está querendo Derick? Abaixa essa arma. Vamos conversar? — pedi, mesmo sabendo que não obteria sucesso com a minha pergunta. Eu precisava ganhar tempo.

— Você só pode estar de brincadeira, Salvador. Eu não tenho nada para conversar com você agora, talvez um outro dia. — falou debochado. — Minha conversa agora é com ela.

A arma foi posta ainda mais perto de Sofia, sendo apontada diretamente para a sua cabeça dessa vez. Senti o frio percorrendo minha espinha, e meu coração errando as batidas ao presenciar aquela cena.

— Ah! Cara. Eu tenho pena de você Salvador! — disse sorrindo. Ele realmente parecia se divertir com aquela situação. — Você acredita que tem um anjo ao seu lado, mas na verdade, essa mulher não passa de um demônio. Ela... enlouquece a nossa vida e depois nos joga fora.

O homem alternava seu olhar entre mim e a mulher ao chão. A arma fazia movimentos circulares nos cabelos de Sofia, como se Derick estivesse fazendo um carinho nos fios negros, mas aquela atitude nem de longe podia ser considerada como algo bom e meu coração gelava à cada gesto do homem a minha frente.

— Eu entendo essa sua paixão por ela. Acredite! Eu também sou louco por essa bandida. — balançou a cabeça em negação, mas com um sorriso cínico nos lábios. — Sabe Adam, esse é o seu nome, não é?!

Não respondi. Não havia nada que eu pudesse dizer naquele momento.

Era nítido o descontrole de Derick. Os olhos estavam vermelhos e as pupilas dilatadas. As mãos demonstravam um leve tremor, o que aumentava ainda mais a minha angústia.

— Bom, eu prefiro te chamar de Salvador. Não se importa, não é?!

Optei mais uma vez pelo silêncio.

— Responde, porra! — Derick gritou. A arma foi apontada em direção a uma das pilastras do galpão, disparando um tiro em seguida.

Calma Adam! Você precisa agir com calma!

Apesar dos meus batimentos cardíacos acelerados, eu tentava me manter calmo. Por dentro eu fervilhava, mas por fora, não demostrei nenhuma reação com o tiro recém disparado.

Já Naíla, que permanecia escondida até aquele momento, não conseguiu manter a mesma calma e soltou um grito com a atitude do homem, o que revelou sua presença ali.

— Temos companhia! — constatou Derick. — Pode sair Naíla, eu já te vi!

A mulher com os olhos arregalados deixou o esconderijo atrás da porta de metal e se pôs ao meu lado. O pânico era muito mais visível em seus olhos do que nos meus, ou pelo menos era isso que eu acreditava.

Sofia por sua vez permanecia com a cabeça abaixada, sem olhar para nenhum de nós.

— Sabe Salvador, acho que poderíamos nos divertir essa noite. O que você acha? — seu sorriso, me causava nojo. — Eu fico com a minha mulher, afinal, você sabe que eu tenho muito mais direito sobre ela do que você e você pega a amiguinha dela. — disse apontando com a arma para Naíla, que se encolheu atrás de mim. — Ela até que é gostosinha. Aposto que vão se divertir juntos.

— Larga essa arma Derick. Solta a Sofia! Eu fico no lugar dela. — Falei com uma calma que surpreendia a mim mesmo.

— Esta vendo meu amor — Derick segurou os cabelos de Sofia, puxando-os para trás, forçando-a a levantar o olhar —, o Salvador está disposto a morrer por você. O que você acha?

Os olhos de Sofia suplicantes encontraram os meus e toda a calma que eu consegui manter até aquele momento, agora evaporava.

Não me contive ao ver o sofrimento estampado no rosto da mulher que eu amava e avancei em direção a Derick, mas antes que qualquer atitude pudesse ser tomada, senti a queimação em meu abdômen. Um tiro havia sido disparado e para a minha infelicidade, havia me atingido.

Ouvi os gritos de Sofia e Naíla, e o barulho do meu corpo atingindo o chão gelado e sujo do galpão.

Aquilo doía e doía muito, mas nada se comparava a dor de ver Sofia se debatendo nos braços de Derick após ter sido desamarrada.

O homem a levava praticamente arrasada para fora do galpão, em direção a um carro estacionado próximo à porta, e eu não conseguia fazer nada.

Tive a sensação de ter apagado, mas quando meus olhos abriram ainda pude ver o clarão que se estendia pelo lado externo do galpão. O carro para o qual ele a havia levado, acabava de explodir.

— Não! — foi somente o que consegui gritar, enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto, e Naíla também chorava abraçada a mim.

Ainda ouvi o barulho das sirenes ao longe, antes de apagar definitivamente.

Se Sofia estava morta, então, eu também desejava morrer junto com ela.

Se Sofia estava morta, então, eu também desejava morrer junto com ela

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SOFIA, meu doce perigo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora