Capítulo 27

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Atenção: Capítulo com cenas de violência, que podem causar gatilhos emocionais.


                    Bônus Sofia, parte 02

Às vezes pensava que Derick havia feito todo aquele teatro de maneira proposital.

Ele não queria o filho! Deixou isso claro quando lhe contei sobre a gravidez. Dizia que o bebê nos afastaria e que eu deveria pertencer a ele e a mais ninguém.

Depois da perda, me sentia morta por dentro, então, já não fazia mais diferença. Eu não pensava mais nas consequências de deixa-lo. Ainda optei por continuar cantando no bar sem receber nada, na tentativa de não atiçar ainda mais a sua fúria.

Naíla me abrigou e eu consegui um emprego na cafeteria. Consegui levar uma vida com um pouco de tranquilidade durante alguns meses, Derick vez ou outra me interceptando na rua exigindo uma volta, mas sem tomar nenhuma atitude drástica. Normalmente ele estava bêbado nessas ocasiões. Apesar da sua insist^ncia, me mantive firme na decisão.

Era uma sexta-feira depois da apresentação na boate. Como sempre foi um sucesso! Já me aprontava para deixar o local quando Derick apareceu, e seu estado de embriaguez era visível.

Naquele dia havia algo diferente nele. Suas expressões estavam mais irritadas e suas atitudes não demonstravam qualquer receio ou pudor.

Ele estava com raiva!

Todos os meses de paz que Derick havia me proporcionado, pareciam ter chegado ao fim.

Eu não o queria, e ainda tentei afastá-lo depois de ser golpeada algumas vezes, sem sucesso. Derick era visivelmente mais forte do que eu, então, apesar das lágrimas que rolavam em meu rosto, já havia perdido as esperanças de deixar aquela situação. O vestido já havia sido levantado, e quando eu achei que não escaparia, ele apareceu! Simples assim!

Naquele momento, eu não prestei muita atenção no homem que me ajudava, mas assim que me vi longe daquela situação, não pude deixar de notar que era ele: o homem dos olhos verdes que eu vi algumas vezes no bar durante as minhas apresentações.

Adam! Era esse o seu nome.

Ele era diferente. Enquanto todos os outros bêbados gritavam, Adam me olhava sério, quase em reprovação ao meu comportamento. Apesar do inexistente sorriso esboçado por sua boca, os seus olhos transmitiam uma admiração quase angelical.

Ele não parecia se importar com a maneira como eu rebolava, ou como o meu vestido tão curto, deixava quase a mostra as minhas partes íntimas. Eu havia criado uma máscara, uma encenação. Aquela no palco não se parecia em nada com a Sofia, e parece que Adam entendia isso.

No meio das centenas de pessoas naquele local, eu sentia que ele era o único que me enxergava de verdade.

Algumas semanas depois e eu estava perdidamente apaixonada por ele!

Adam me olhava como ninguém havia feito. Ele me amava de uma maneira que eu nunca havia experimentado e cuidava de mim, como há anos eu não era cuidada.

Pela primeira vez achei que a vida me dava algum motivo para sorrir: eu estava ao lado de alguém especial e Derick havia sido preso. Naquele momento, comecei a acreditar que poderia haver um pouco de felicidade reservada a mim.

Apesar do medo, me permiti viver intensamente aquele momento com Adam. Me entreguei para ele com amor, de corpo e alma.

Pela primeira vez depois da morte dos meus pais, me senti feliz de verdade. Como se toda aquela sensação de felicidade não bastasse, ainda descobri uma gravidez. No início foi desesperador! Assim que senti os primeiros sintomas, senti vontade de sumir. A todo o momento eu lembrava da reação de Derick quando contei-lhe que esperava um filho e senti medo que tudo se repetisse. Por sorte, Mônica estava ao meu lado e depois de confirmar a gestação, precisei criar coragem para contar ao meu amor.

Nada foi planejado, mas no momento em que Adam soube, sua reação me fez entender instantaneamente que aquele bebê era um presente em nossas vidas.

Eu não contei a ele sobre o meu passado. Medo era o que me impedia de falar. Adam sabia que tinha algo errado naquela história, mas nunca me pressionou. Ele me respeitava e isso serviu para o meu amor por ele aumentar ainda mais.

Tudo parecia bem, optamos inclusive por mudar de cidade. Apesar do aperto no coração em deixar a cidade onde eu cresci, sabia que era o melhor a se fazer.

Depois de acertar minha saída do café, deixei o local. Alguns metros de caminhada e me deparei com Derick. Certamente meu olhar era de pavor, enquanto o dele exalava deboche.

— Enfim eu te encontrei bonequinha, e sem ninguém para te salvar.

Ainda tentei correr. Sem sucesso!

Derick conseguiu facilmente me capturar, me jogando sem nenhuma delicadeza dentro de um carro estacionado próximo a nós.

Ele me levou para um galpão. Eu conhecia o lugar, já havia estado ali algumas vezes, mas diferente das anteriores, agora ele parecia vazio e abandonado.

Todo o tormento ao lado daquele homem parecia estar sendo revivido. Novamente eu sentia meu corpo doer depois dos golpes que ele deferia.

— Sua vadia. Olha o que você fez comigo...você e aquele seu amiguinho me fizeram ficar meses preso naquele lugar imundo.

— Nós não fizemos nada... — ainda tentei argumentar. Mas a única resposta que recebi veio através do barulho e da ardência de um tapa estalando em meu rosto.

— Cala a boca Sofia. Cala a maldita boca. — sua voz estava alterada e ele parecia muito irritado. — Como você pôde? Como teve coragem de fazer isso comigo?

Eu sentia nojo de Derick, mas naquele momento, mais do que qualquer coisa eu sentia medo.

Estava em um local distante. Ninguém jamais ousaria chegar ali e eu sabia que Adam não fazia ideia da sua existência. Parecia que enfim Derick havia vencido.

Eu pensei em desistir, mas dessa vez eu não estava sozinha. Precisava ser forte!

Ouvi Derick se afastando e vi uma chance de fuga ali.

A corda apertava demais minhas mãos, mas eu precisava tentar.

Uma, duas, três vezes...nada.

Calma Sofia, você está muito nervosa!

Sentia meus dedos trêmulos, impossibilitando que o nó fosse desfeito.

Derick era um idiota. Ele mesmo havia me ensinado a se desvencilhar daquele tipo de situação. Segundo ele: em nosso meio sempre deveríamos estar preparados para tudo, inclusive, escapar de situações inusitadas, então, depois de mais algumas tentativas, finalmente eu havia conseguido desamarrar minhas mãos.

 Segundo ele: em nosso meio sempre deveríamos estar preparados para tudo, inclusive, escapar de situações inusitadas, então, depois de mais algumas tentativas, finalmente eu havia conseguido desamarrar minhas mãos

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SOFIA, meu doce perigo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora