Capítulo 31

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O bip irritante dos aparelhos não combinava em nada com a serenidade e delicadeza da mulher que estava ligada a eles. Sofia conseguia ser ainda mais linda mesmo diante daquela situação perturbadora.

Doze dias se completavam desde que ela entrara em estado de coma. Aquilo parecia uma eternidade para mim. Mesmo os médicos afirmando que não existe um prazo específico para que o paciente volte a acordar, todos os dias eu me perguntava: até quando?

Ela parecia uma fraude dentro daquele hospital. Os ferimentos, agora quase inexistentes, não entregavam mais a situação dolorosa pela qual Sofia passou. Eu podia jurar que dentro de alguns minutos, ela acordaria do seu descanso e juntos partiríamos para casa falando sobre coisas aleatórias durante o caminho.

Céus...como eu sentia falta dela!

Desde a minha alta, eu vinha todos os dias ao hospital para vê-la, e como das outras vezes, Sofia permanecia imóvel. Mas eu não perderia as esperanças.

Depois de ser anunciado o fim do horário de visitas, deixei o quarto, encontrando Naíla no corredor. Nossos encontros nesse local do hospital haviam se tornado mais frequentes nos últimos dias. Sempre que eu deixava o quarto da minha amada, a mulher estava ali para ver a amiga.

Sentia-me feliz por Sofia ter uma amiga que se preocupava com ela. Eu ainda me sentia em dívida com Naíla, já que foi ela quem ajudou Sofia a se livrar de Derick, foi ela quem me ajudou a encontrar o esconderijo, ela estava comigo no momento do tiro e quando acordei no hospital, então, diferente dos outros dias em que eu apenas a cumprimentava e partia em direção a minha casa, naquele dia resolvi convida-la para um café.

Aguardei enquanto ela visitava Sofia e depois seguimos em direção a minha casa, já que eu não tinha qualquer vontade de ir a uma cafeteria. Apresentei-a Hugo, que havia se tornado meu motorista particular nos últimos dias e seguimos o caminho.

Entramos em casa e avistei Mônica sentada no sofá junto com meus pais. Apesar dos cumprimentos direcionado a Naíla, percebi o olhar desconfiado de minha mãe. Sentamos todos à mesa para o café e Naíla contou-nos sobre a sua vida, seu trabalho, como conheceu Sofia...

Eu era grato por tê-la ali naquele momento. Mesmo que por alguns minutos, Naíla conseguiu trazer um pouco de alegria para aquele ambiente. Já era noite quando ela deixou meu apartamento, agradecendo pelo café e pela companhia.

...

— Posso entrar? — era minha mãe quem pedia permissão para entrar em meu quarto.

As últimas noites eram assim, bastava eu seguir para o meu quarto e logo depois as batidas na porta anunciavam a chegada de Dona Angelina. Eu sabia que aquele momento servia para minha mãe me analisar, sentir quão bem ou não, eu estava.

— Claro!

— Filho...— disse, sentando-se na poltrona que ficava no canto. — Eu não gosto dessa menina, Naíla.

— Percebi! — falei indiferente. — Posso saber o motivo?

— Eu acho que ela gosta de você.

— O que? — Perguntei tentando confirmar que eu não estava ouvindo coisas. — Que loucura é essa mãe? Naíla é amiga da Sofia, nos ajudou quando precisamos.

— Eu não vou tentar te convencer disso, só... tome cuidado.

Aquilo era um completo absurdo, mas decidi não confronta-la, afinal, conhecendo minha mãe, ela provavelmente não voltaria atrás.

— Tudo bem! Pode ficar despreocupada Dona Angelina.

...

Entrávamos no décimo terceiro dia em que Sofia estava em coma. Apesar da melhora em seu estado de saúde, ela permanecia sem demonstrar qualquer sinal de que pudesse acordar.

Diferente dos dias anteriores encontrei Naíla saindo do quarto antes mesmo de eu chegar. Eu sabia que ela estava do lado de fora me aguardando sair, mas eu sinceramente não tinha pressa, na verdade eu a achava legal, mas não tinha sequer cabeça para conversar naquele dia ou pensar em qualquer outra coisa que não fosse em Sofia. O horário de visitas acabou e Sofia permanecia desacordada, mesmo assim, me vi obrigado a deixar o quarto da minha amada.

— Amo vocês, meus amores! — disse cumprindo meu ritual de beijar-lhe a testa e a barriga.

Assim que saí do local, avistei Naíla que veio rápido em minha direção.

— Como foi com ela? Alguma novidade?

— Infelizmente não. Tudo na mesma.

— Ontem você me convidou, hoje é minha vez: topa um café, Adam?

— Na verdade, não me sinto muito bem hoje. Não leve a mal, tá? É que... realmente não estou com cabeça para nada.

— Tudo bem então, eu te acompanho até o carro. Você veio com o Hugo?

— Não. Hoje eu vim de táxi. Todos ocupados em casa. — brinquei.

— Entendo!

Avistei um táxi próximo e fiz sinal para que o mesmo se aproximasse.

— Então é isso. Foi bom te encontrar novamente, Naíla. — falei sincero.

O beijo de despedida que deveria ter sido depositado no rosto foi direcionado à minha boca.

Eu estava sendo...beijado por ela?

Que merda era aquilo?

Delicadamente segurei em seus ombros e lhe afastei!

— O que é isso Naíla? — perguntei irritado. — Eu estou comprometido com a sua amiga, você sabe disso. Eu pensei que também fossemos amigos...

— Eu não quero ser sua amiga, Adam.

— O que? — falei ainda sem acreditar no que ela dizia.

— Desde o dia em que eu te vi levando Sofia em casa, eu me peguei pensando em você.

— Isso só pode ser brincadeira. — sorri, mas meu sorriso demonstrava muito mais incredulidade do que qualquer sombra de humor.

— Adam, Sofia está em coma. Ninguém sabe quando vai acordar...

— Não diga isso! — pedi autoritário.

— E se ela não acordar?

— Nunca mais repita isso Naíla. — passei a mão nos cabelos, tentando me acalmar. — Eu amo a Sofia, independente do que aconteça. Se eu tiver que vir todos os dias nesse hospital, durante um, dois, cinco anos, eu vou vir. Eu espero que não precise, mas se precisar...eu estarei aqui.

— Tudo bem. É que eu pensei que...

— Pensou errado. — a interrompi. — Nunca mais faça isso.

Percebi seu olhar envergonhado e a cabeça baixada demonstravam o arrependimento. Por sorte, o taxi parou em minha frente no momento seguinte.

Balancei a cabeça em negativa, sem saber ao certo o que dizer a ela.

Sofia acordaria! Não importa o que os outros pudessem pensar a respeito. Essa era minha única certeza!

 Essa era minha única certeza!

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SOFIA, meu doce perigo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora