Querida Yumi

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— Yoongi, querido!

Minha mãe se aproximou de braços abertos. Ela era bem mais baixa que eu — tinha 1.53, enquanto eu tinha 1.71 —, então tive que me abaixar para abraçá-la.

— Olá, mãe. — sorri. — A senhora parece cada vez mais jovem.

— Ah, largue disso. — ela me acertou um tapinha brincalhão no ombro. — Então é aqui onde você mora? É uma bela casa. Bem modesta, mas imagino que vá procurar outra para quando se casar. Dinheiro é o que não falta, querido, você sabe.

Minha mãe era um pouco... Afobada. Era quase como um furacão. Ela era agitada e ansiosa demais, gostava de tudo do jeito que queria e para quando queria. Tão tagarela que mal deixava que outros falassem e, sem sombra de duvidas, uma fofoqueira nata.

Minha progenitora adentrou minha casa enquanto falava pelos cotovelos, pouco se importando se eu estava, ou não, lhe dando ouvidos, enquanto eu permanecia do lado de fora, na calçada.

A porta da carruagem em que ela veio continuava aberta, com um homem ao lado para ajudar na decida. Quando minha irmã enfim fez menção de descer, ele a ajudou.

— Yumi. — sorri. — Como você cresceu.

Como já devo ter mencionado, saí de casa aos meus dezoito anos. Yumi era uma criança da última vez que a vi. Agora, ela encontrava-se uma mulher muito bonita. Bem parecida comigo, com as mesmas sardinhas no nariz e nas maçãs do rosto, a mesma cor castanha dos olhos e a mesma cor preta dos cabelos cacheados. Quando saiu da carruagem e parou ao meu lado, notei que tínhamos, também, a mesma altura. O que era um pouco triste para mim, por ser um homem baixinho.

Yumi se vestia de forma diferente do comum entre as moças. Não sabia dizer se era por estar apenas entre família, mas sua vestimenta era bem simples: uma calça, uma bota, uma blusa e uma jaqueta. Basicamente, quase o tipo de roupa que eu também usava no dia a dia. Daqui a pouco poderia nos chamar de irmãos gêmeos.

— Yoongi. — ela também sorriu. — Fiquei imaginando como seria te rever. Espero que você tenha muitos podres pra me contar, porque eu tenho vários.

— Que isso, nem tenho. Sou comportado!

— Claro. — Yumi debochou. — Mamãe também acha, tanto que veio o caminho todo dizendo que você precisa, urgentemente, se casar.

— Já imaginei que ela ficaria no meu pé. — revirei os olhos. — E você pretende se casar esse ano?

— Ai, Deus me livre. Já disse pra ela me esquecer. Tô fora.

Fiquei contente com a breve conversa com Yumi. Achei que seria estranho por sermos quase desconhecidos pelo enorme tempo distantes, mas ela parecia tranquila.

— O que vocês ainda estão fazendo ai fora? — minha mãe surgiu por entre a fresta da porta. — Venham, venham.

Adentramos todos a minha residência. Minha mãe não perdeu tempo em voltar a comentar sobre o quão modesta era — ela morava basicamente numa mansão, enquanto eu morava em quase um só cômodo, mas era questão de preferência.

— Tenho muitos afazeres. — a mais velha Min balançou as mãos, afobada, começando a andar para lá e para cá na casa. — Encomendei vestidos para o baile, mas sequer sei onde é a costureira. E tenho um chá para comparecer em uma hora.

Yumi fez uma expressão de sofrimento ao ouvir "vestidos para o baile".

— Você está ocupado agora a tarde, querido? — minha mãe parou de andar e me encarou.

Hesitei um pouco na resposta. Se "estar ocupado" envolvia uma tão amada tarde de bobeiras dos Los Puritanos envolvendo muita bebida, jogos de cartas e sacanear Jungkook antes do baile, então eu poderia considerar que sim. Só que acredito que não poderia explicar à minha mãe enxerida a minha vontade de me embebedar feito um adolescente junto dos meus amigos.

Greenaway ໒ kth + mygOnde histórias criam vida. Descubra agora