Série Brothers Mc 02 : Entre Brother

10

Por Spencer

Ele não disse nada. Covarde de merda. Vi seus olhos procurando alguém. Vi vergonha e medo. Não quero viver minha vida assim. Com medo de viver e responder aos meu próprios desejos. Não quero ter vergonha de quem eu sou ou de quem eu gosto.  Não  quero nunca mais ter medo, porém pra isso acontecer eu preciso me libertar. Eu preciso contar.

Entro no complexo procurando pelo meu pai. Não consigo mais esconde isso. Estou cansando de ficar atrás da escola.  Estou cansado de me esconder. Não quero mais. Dúvidas eu tinha com 13 anos quando fiquei pela primeira vez com uma garota, hoje já não tenho mais dúvidas o que eu tenho se chama covardia.

Bato na porta do escritório e escuto a voz dizer entre. Quando entro vejo meu pai sentando mexendo no celular. Sinto meu coração bater mais rápido.

_ Ângelo, será que pode chegar mais cedo hoje? - Pergunto. Neste momento ele deixa o celular de lado e me olha sério. Meu pai sempre disse que o nome dele só deve ser usado para assunto sérios. O que tenho pra dizer é sério.

_ Vou sim. Peço para Carl dormir na casa do Connor? - Pergunta ele. 

_ Sim - Digo saindo da sala apressado.
Por quê estou com medo?. Por quê estou chorando?
Saio do complexo e vou para casa caminhando o mais lentamente possível.

________________ Ruivo ________________

Vejo Spencer fechar a porta e me preocupo. Ele não estava bem. Pego meu celular e ligo pra preta.

_ Oi amor. Tudo bem? - Pergunta ela.

_ Aconteceu algo com Spencer? - Pergunto. Estou aflito.

_ Não. Que eu saiba não. - Responde ela preocupada.

- Diz para o Carl ir pra casa do Connor. Irá dormir hoje por lá.

_ Ruivo o que aconteceu? Pergunta ela chorando

- Calma mulher.  Não deve ser nada.

Desligo o telefone pego minha jaqueta e vou pra casa. Estaciono a moto na garagem e vejo Mika correr em minha direção.

- Cadê Spencer? - pergunta ela.

_ Calma. Ele pediu pra conversar. Deve tá querendo morar sozinho. - Quando digo isso ela se desmancha em lágrimas.

_ Aí meu deus. - Diz ela.

_ Vamos esperar ok. Quando ele chegar não comenta nada. Vamos deixar ele falar. Digo vendo Carl sair pela porta da sala carregando uma mochila.

_ Se comporta. - Digo desarrumado seu cabelo.

_ pode deixar. Amo vocês. - Diz ele saindo pelo portão.  Entro em casa e vou para o quarto tomar um banho.

Agora são 8h30min. Faz meia hora que Spencer chegou. Vejo ele entrar na cozinha e sentar. Termino de colocar a mesa e chamo Mikaela.
Sentamos todos. Spencer parece está lutando contra si mesmo.
Vejo Mika segurar sua mão.

_ Filho, você sabe que pode falar qualquer coisa pra gente Né? - Diz ela.

Vejo ele soltar os talheres e baixar a cabeça. Então escuto um soluço e percebo que ele está chorando.
Mikaela se ajoelhar na frente dele, ela coloca suas mão em seu rosto e levanta sua cabeça 

_ Desculpa.  - solta ele. Levanto ficando ao lado de Mikaela. Meu Deus o que está acontecendo, Spencer não é assim. Eu conheço cada um dos meus filhos. Spencer sempre foi muito decido desde pequeno. Nunca teve medo de nada.

_ Eu sou gay pai. - Diz ele entre soluços. - me desculpa por isto. - Finaliza ele. Ali eu percebo que falhei. Mika o abraça e beija seu rosto.

_ Tá tudo bem meu amor. Você não deixa de ser nosso filho.

Eu não sei o que dizer. Minha cabeça parece só escutar seu choro. Nunca pensei que iria falhar tanto como pai. Coloco a mão no peito. Sinto uma grande angústia e decepção.  Sinto Mika aperta minhas mãos.  E então solto.

_ Desculpa. - Digo sentindo meus olhos arderem. Quando Spencer era pequeno eu não era lá muito presente. Tinha acabado de assumir o clube, meu melhor amigo e primo estava preso e parecia que tudo era  uma casa em um barranco  prestes a desmoronar. Minha Mika quase deixo-me, mas decidi mudar pela minha família e meus filhos. Saber que meu filho escondeu algo assim de mim me dói. Me machuca. Saber que não demostrei confiança o suficiente para ele  contar antes me doi a Alma. Vejo seus olhos verdes nadarem em lágrimas confusas.

Olhando agora vejo um simples adolescente. Mesmo parecendo mais velho é isso que ele é. Um adolescente cheio de incerteza e insegurança. Todos os prospectos possuem entre 15 e 16 anos, talvez isso precise ser revisto.

_ Me desculpe, por não demostar que você poderia confiar em nos. - Digo vendo ele balançar a cabeça de forma negativa.

_ Não é isso pai- Diz ele entre soluços.

_ Na verdade só entendi hoje o quanto estava sendo covarde. - Diz ele limpando o rosto. - Só não sei explicar.

Minha esposa se levanta pega um copo de água e entrega para Spencer.

_ Filho pra gente isso não faz diferença. Você ser hetero ou não pouco importa. - Diz ela beijando sua testa.

_ Mas infelizmente não será fácil. - Digo vendo ele balançar a cabeça em sinal de positivo  - Mas você sempre terá uma casa para voltar e  pedir ajuda.

Falo enquanto ele me abraça.

_ Vocês poderiam não contar pra ninguém ainda. - pede ele olhando para o lado com vergonha. Pego em seu rosto fazendo ele olhar para mim.

_ Claro meu filho. Só quando você estiver pronto.

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