AGRADE A MONTANHA

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     O Sol nasce e no acampamento de Drakan, Nariza e seus novos amigos, resta apenas as cinzas da fogueira que os iluminou a noite.

     As mochilas carregadas com algumas frutas e alguma carne que já tinham caçado e conservado, eles iniciam a jornada rumo ao Umbral do Pântano de Shir e as Montanhas de Maynir são o único obstáculo entre eles ao que parece.

     Quando prisioneiros em Mallener, nas minas com Menendór treinando práticas de luta, defesa corpo a corpo, manejo de espada e aprendendo o caminho para o Umbral, último ponto conhecido antes de seguir para o Vale da Luz de Beninstar, Drakan e Nariza recordam ouvir Menendór mencionar que a montanha tem vida e não explicar nada além disso. A curiosidade sobre o assunto é sanada em partes já logo na primeira subida da montanha. Calsiggar entretém seus amigos contando:

     - Conta a história antiga, de quando o mundo ainda não era mundo, antes do homem, wärkin, e qualquer outra criatura, as rochas tinham vida e andavam livres pelo solo. As estrelas ainda eram poucas e jovens e nunca um faxo tinha sido lançado. Até que duas estrelas tentaram se tocar e não conseguiam. Observando isso daqui, as rochas empurraram uma estrela contra outra resultando no primeiro faxo que derrubou sentadas as rochas, uma ao lado da outra e as rochas eram chamadas de Maynir.
Junto a queda criou-se as criaturas pequenas, desde wärkin, humanos, peixes, cavalos e javalis, toda criatura que andam hoje. E os Maynir quando se movimentavam feriam e matavam as criaturas pequena de forma que resolveram ficar sentados para sempre enquanto existirem as criaturas pequenas. Os Maynir quando visitados podem se movimentar e então derrubar os visitantes, fazem isso principalmente com as criaturas falantes, quando as conversas não são do agrado deles.

     - Talvez seja melhor fazer nossa viagem em silêncio então - diz Nariza já apreensiva.

     - Isso ocorre no meio do trajeto apenas, não se preocupe agora, ao menos não com isso - completa Kaumur.

     - Como assim não com isso? - pergunta Drakan já receoso com o trajeto.

     - Os abutres aumentaram muito de ontem pra hoje, provavelmente algum grande animal morto no cume da montanha. Isso pode ser um mal sinal, pode ser até um motivo de irritar a montanha - completa o wärkin.

     - Muito obrigado Kaumur, me deixou muito tranquila - diz Frigiara num tom cínico.

     Passaram o dia subindo e ao cálculo de Menendór do pé da montanha até outro lado seriam três dias, mesmo com o temor de desagradar a montanha e ela derrubar algum deles, até o momento não havia ocorrido nada de diferente.

     Chegaram ao ponto mais alto e aberto do caminho que os colocava no desfiladeiro, um caminho estreito com no máximo um metro de largura o que impede a passagem com carroças.

     Se o destino deles não fosse o Umbral, as montanhas nem deveriam ser cogitadas como trajeto, a maioria dos acidentes que os viajantes dizem ser por desgosto da montanha ocorrem nesse ponto.

      O caminho de ida ao Oeste, o paredão, recebe o vento que vem do Sul sem nenhuma proteção da Floresta da Noite Eterna que termina ao pé da montanha e um árido deserto descampado gera um corredor livre para vento se chocar com a montanha.

     Nesse momento Drakan sugere que acampem antes de entrar no desfiladeiro, que ao que parece deve ser atravessado de uma única vez, por motivo de segurança.

     O vento no alto era cortante, chegava com um assobio forte, e estourava contra o paredão e não era raro causar deslizamento de pedras. Fizeram seu acampamento o mais longe do paredão que conseguiram, a fogueira iluminava forte ao ponto de enxergarem parte da floresta e quase todo deserto ao Sul da Montanha de Maynir.

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