A TERCEIRA VISÃO

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     Os quatro surpresos com a veracidade da existência do Umbral começam procurar algo ou alguém que os possa instruir em como chegar ao Vale da Luz.

     Pouco se aproximaram do Umbral e foram surpreendidos por algumas pessoas, porém não humanas de uma pele acinzentada, muito magros, mas com aparência saudável, carregavam marcas na pele como cicatrizes, eram espalhadas pelo rosto e membros, não pareciam ser marcas aleatórias mas sistematizadas. Tinham também suas cabeças enfaixadas na altura da sobrancelha ou turbante na mesma altura, pouco acima dos olhos, olhos que carregavam um rubor acentuado nas pálpebras, eram pessoas da mesma espécie do homem morto no desfiladeiro. Eles tinham acabado de entrar na aldeia dos Tengaus.

     Atento a cada movimento Drakan percebeu que estavam cercados por oito ou mais tengaus com lanças apontadas pra eles e os tocando como rebanho de volta para a montanha sem ao menos dizer uma só palavra.   

     Os quatro sem ação estavam prestes a serem enviados de volta para onde vieram estando tão perto de chegar ao Vale da Luz de Beninstar.

     Mesmo com o tamanho de dois tengaus, um ao lado do outro, Calsiggar não relutou, nunca tinha sido um guerreiro, Drakan tinha ao menos três lanceiros no seu encalço, Frigiara e Nariza também cercadas por tengaus em silêncio.

     Repentinamente um som como de trombetas de tropas de exército rompe a quietude de forma meio trêmula e não muito alta dando impressão de que o tocador do som estava exausto e talvez desesperado. O som estridente vinha exatamente da direção onde os viajantes haviam chegado.

     Um novo grupo de tengaus aparece e vai em disparada na direção da montanha, parando todos a uns trezentos metros a frente e conversavam entre si, porém a distância não era favorável para se entender o que falavam nem tampouco o que havia acontecido.

     Um dos tengaus se abaixou e suspendeu o corpo de uma criança nos braços e o mais depressa que pode trouxe para a aldeia acompanhado muito de perto por todo grupo ao passar por Calsiggar e os outros olhavam de forma nada amistosas.

     Um dos tengaus comandou que fossem aprisionados. Já não entendendo nada que ocorria, ainda assim ficaram satisfeitos, pois permanecendo no local onde situava-se o Umbral, poderiam descobrir alguma coisa.

     Foram levados a uma cabana isolada onde ficaram sob vigia de dois guardas. Estranhamente não os amarraram, nem tampouco tiraram as armas deles, nem ao menos um de seus pertences sequer foi questionado ou retirado.
     - O que está acontecendo aqui ? - é a pergunta lançada ao ar por Drakan, para quem quer que soubesse ou pudesse responder.

     - Devíamos aproveitar essa hospedagem e descansar! - diz Calsiggar já se arrumando numa das camas.

     Drakan serra os lábios e chacoalha a cabeça dos lados indignado por não ter respostas.

     - Acalme-se, em algum momento vão falar conosco, no mínimo acham que temos alguma ligação com a criança que trouxeram após aquele sinal de trombeta! Poderemos então explicar a que viemos! - diz Nariza para tranquilizar o rapaz já ansioso.

     - Melhor seguirmos o conselho de Calsiggar, melhor dormirmos, eu pelo menos estou muito cansada! - diz Frigiara que mal termina de falar e desaba adormecendo em seguida.

     Logo Calsiggar se põe a trovejar de tão alto eram os roncos. Drakan e Nariza embora cansados demoram a se render ao sono, porém dormem só acordando com os guardas tengaus os despertando de manhã.

     - Acorde! Qildnêsh quer ver você! - diz Kelldêsh chamando Drakan.

     - Quem diabos é Qildnêsh? - pensou o jovem já acompanhando o guarda, que parecia ter certa posição entre todos outros, pois sua vestimenta não parecia de guerreiro ou aldeão.

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