OS ENIGMAS DO PÂNTANO DE SHIR

0 0 0
                                    

     Iniciada a jornada dos peregrinos, sendo uma travessia nublada desde os mistérios acerca da Cidade da Luz, quanto a neblina que os cegava cinco metros a frente.

     As águas densas do pântano eram difíceis de navegar, os remos sempre enroscavam em alguma raiz de árvores ou batia em alguma rocha, não seria de duvidar que também houvessem cadáveres e restos mortais no pântano, visto ser onde acabavam escoando as águas das Montanhas de Maynir e provavelmente o pântano alojou muitos dos mortos do terremoto que engoliu parte de tudo na Batalha do Fim do Mundo.
    
     A paisagem que se formava pela neblina era como do final de um incêndio com uma fumaça cinza e rala, porém acumulada por toda superfície do pântano. Ao que se sabe das histórias contadas de quando os primeiros tengaus apareceram, Shir foi uma cidade onde todas espécies de pessoas viviam comunitariamente, antes das primeiras discórdias, e antes de Beninstar ser a Beninstar como é conhecida.

     Desde a região da Aldeia dos Tengaus, todo pântano e parte do Vale de Störg era a região de Shir, com uma bela cidade capitaneava a região onde moravam pessoas das diversas espécies. Uma região próspera em agricultura e pecuária. O pântano era em parte produção de arroz e um grande lago de peixes que favorecia na pesca e boa alimentação das aldeias dentro do território de Shir. 

     Hoje é um pântano de água barrenta e quase sem vida, salvo pelos vegetais, quase sempre árvores espinhosas e retorcidas e parasitas como cipó e algumas orquídeas escuras, até mesmo pelo ambiente sombrio e alguns animais.
    
     - Essa foi uma péssima ideia - dizia Kaumur olhando a frente sem enxergar muitos metros adiante - seis dias até o final? Vamos dormir nesses barcos mal feitos? Vamos é morrer, isso sim! Não consigo ver nada, e pode ter qualquer coisa aí pela frente!

     O remo da jangada de Drakan enrosca e ele fica furioso, com uma força desproporcional ao que seria necessário, puxa o equipamento que se desenrosca e sem contraponto de força ou equilíbrio, o lança sobre Frigiara e os dois quase caem do transporte. A irritação começa a tomar conta de todos que começam se desentender.

     Calsiggar tenta desviar a jangada de uma rocha e resvala na jangada de Drakan o enfurecendo, que ao fitar os olhos onde Calsiggar olhava, não existia rocha alguma. O grandalhão esfregou os olhos e ao abrir avistou Menendór acenando e gritou:

     - Drakan, você tem certeza que Menendór morreu? Porque ele está bem ali!

     Todos procuram uma pessoa que fosse, e sem sucesso, pois a vista de Calsiggar e sua mente lhe estavam pregando peças como foi logo indicado por Nariza.

     - Precisamos nos atentar a nós, no que conhecemos e sabemos, alguma coisa nesse pântano está nos confundindo a visão e a mente.

     - Ia dizer isso mesmo, porque acabei de ver um crocodilo tentando morder a jangada! Devo estar vendo coisas também! - disse Kaumur.

     - Pessoal! - gritou Frigiara.

     - O crocodilo parece bem real! - Quando o réptil dá um bote sobre a embarcação de Calsiggar e Kaumur. O chacoalhar da jangada quase lança o wärkin na água, Calsiggar se apoia pelo remo, e da outra jangada Drakan tenta interromper o curso da nau, enquanto Frigiara e Nariza espantam o réptil enorme com suas espadas.

     O animal se debate e solta suas mandíbulas do barco, não sem antes levar uma sacola dos mantimentos.   
 
     Saiu nadando em disparada pântano adentro, cortando a água como um raio corta o céu, o crocodilo desapareceu em meio as águas barrentas cobertas de neblina.

     - O que está acontecendo aqui? - pergunta Frigiara percebendo o quão confuso estavam todos.

     - Devíamos parar em uma beira de terra e descansar, pois se continuarmos assim vamos morrer ou nos matar - diz ela zangada e cansada.

Em Busca da Cidade da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora