before.

549 94 31
                                    

[silêncio ; conhecidos ; faríamos um bom casal?]

Apreciava silenciosamente as ruas desertas, somente iluminadas por os letreiros dos cafés e lojas de conveniência da rua estreita. Aproximo as minhas pernas para mais perto do meu corpo frio, apenas coberto pelo casaco do baterista que, evitava fazer o mínimo barulho possível, e a verdade é que o silêncio se apoderava do ambiente, a única coisa audível era o esforço do loiro em não mostrar o lado mais fraco, enquanto acabava lentamente com o seu maço. A razão por não sensibilizar ainda mais Ashton, é porque estava a ser cruel e fria, não tinha a mínima noção o quanto isto tudo lhe afetava, aliás o loiro parecia ser o ser mais confiante e despreocupado que alguma vez conheci.

Mesmo com o casaco de Ashton, o frio típico da noite era desconfortável porém, eu nunca o iria deixar sozinho sentado num alpendre a fumar o seu cigarro, enquanto olhava para a mesma fotografia a murmurar uns quantos «desculpa-me». Num ato para lhe transmitir carinho, encostei-me ao seu ombro, acariciando-lhe o braço.

– Não me sinto culpada por te ter beijado. – murmuro, tentando quebrar o terrível silêncio.

– Também não me sinto culpado por o ter feito. – ele responde, atirando a substância tóxica para o alcatrão sujo.

– Quando sugeriste à fuga a realidade, nunca pensei fosses o mais necessitado por umas horas fora daqui. – profiro, recebendo um curto sorriso da sua parte.

– Acho que todos nós precisamos de umas férias de nós mesmos. – Ashton desvia o olhar da estrada vazia, focando o olhar nos meus olhos azuis. – Só não pensei entrar numa confusão de sentimentos e, ficar ainda mais perdido.

– Poderias ter escolhido uns dos teus amigos, surpreendeu-me o facto de apanhares alguém perdido entre as ruas de Nova Zelândia. – confesso, recusando desfazer a troca de olhares.

– Eu não tenho amigos, apenas conhecidos. – o baterista afirma, molhando os lábios. – Nunca passaste despercebida Riley, desde o primeiro concerto em que te vi debruçada sobre o balcão.

– Já te passou na cabeça se ficaríamos bem juntos? – sugeri, apertando o casaco.

– Não ficaríamos. – ele abana negativamente a cabeça, focando mais uma vez o olhar na estranha pouco (ou nada), movimentada.

– Porque não?

– Porque iria quebrar o teu coração.

– Talvez fosse eu quem te quebrasse o coração. – hesito, observando a sua expressão.

– Ora aí está. – ele coloca o braço sobre a minha cintura, chegando-me para mais perto do seu corpo. – Ninguém consegue partir um coração partido.


Friday · afiOnde histórias criam vida. Descubra agora