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[polícia? ; o que é que te impede? ; culpado]

Sábado, 19 Julho de 2013.

A minha paciência perante a máquina de petiscos rápidos estava a esgotar-se lentamente. Após colocar o dinheiro pedido por uma água, esta recusava-se a deixar cair o meu pedido e, devido à situação ingrata da parte de uma máquina não consegui conter a minha impaciência acabando por abanar a máquina e pontapeá-la, pois era a única maneira credível de obter a esperada água. Depois de uma manhã no jornal a arrumar o resto dos arquivos, e de eliminar todas as provas existentes, exceto a cópia que guardo na minha secretária, papel que à primeira vista aparentava ser significante porém, que fez com quem Ashton não desse um único sinal na última sexta-feira. Não hesitei em procurá-lo nosso spot, no café, e até mesmo no armazém da banda todavia, não obtive qualquer rasto do baterista.

– Esqueci-me de avisar que a máquina está com um problema. – Miriam avisa, ao ver as minhas figuras só por uma bebida refrescante.

– Continuo a querer a minha água, nem que tenha de desmontar esta maquineta! – resmungo, a minha garganta estava mais seca que nunca, e o calor excessivo dos últimos dias não ajudava nem um pouco.

– Tens andando tão frustrada, o que é se anda a passar nessa cabeça? – ela questiona, remexendo nos seus cabelos loiros pintados.

– Nada, estou apenas cansada de...

– De? – ela repete a minha frase incompleta, encarando a minha expressão atónita.

– De arrumar arquivos, é isso. – completo, mordendo o lábio inferior, sabendo de que a minha razão não era definidamente essa.

– Sendo assim, porque é que não exploras o edifício? Pode ser que te distraias. – Miriam sugere, focando o seu olhar no telemóvel.

– Está bem. – assinto, derrotada por uma máquina avariada.

Miriam responde com um curto sorriso, tornando a prestar a sua total atenção para as notificações do seu aparelho eletrónico. Ultimamente não tem feito outra coisa para além de enamorar-se atrás de mensagens repetitivas. Agradeço mentalmente por não trocar mensagens melosas com Ashton. O seu nome atingia-me com um sentimento de perca inexplicável.

– Onde é que posso encontrar o jornalista Aaron Cook? – interrogo sem hesitar, antes de fechar a porta que dava acesso à sala de convívio.

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Caminho de cabeça erguida à procura da sala no último piso, ficando estupefacta com o facto de existir pouca luz no último andar, e por não haver uma única pessoa ou som para além dos meus passos vagarosos. Miriam receou a minha pergunta, fazendo várias de seguida interrogando o porquê da minha curiosidade, recomendando para deixar a divisão caso Aaron não fizesse questão de abrir a porta. Porta esta que se encontrava mesmo no fundo do corredor, corredor este que tinha um aspeto meio sombrio, devido à falta de luz. Encho os pulmões de coragem ao bater a porta, a Miriam é maior parte das vezes bastante exagerada, portanto presumi que este jornalista fosse apenas mais um civil comum.

– Vá... – sussurro, a espera de que alguém que abrisse a porta.

Encolho os ombros, observando a placa que se encontrava exposta por cima de porta, que dizia claramente para não bater a porta. Aplaudi-me mentalmente por ser tão distraída, subitamente a porta abre-se, com um homem (na casa dos trintas e muitos) com uma enorme cicatriz na sua face, este que me olhou de cima a baixo antes de voltar a fechar a porta.

– Espere! – peço, colocando o pé a impedir que a porta fechasse.

– Tem alguma afiliação com a polícia? – o homem de cabelos negros inquere, com uma expressão desconfiada.

– Polícia? Porque raio iria ter algo com a polícia?! – profiro, sem medir minimamente as minhas palavras ligeiramente a roçar a rudez.

– Do que precisa? – o seu tom severo demostrava o quanto não queria receber algum tipo de visitas.

– Respostas, nada mais. – informo, cruzando os braços segurando firmemente o caderno de rabiscos nas minhas mãos. – Não lhe ocupo mais que cinco minutos.

O homem assente, pedindo uns minutos que já voltaria a sair. Limitei-me a prestar a todos os pormenores daquela divisão a partir da abertura minúscula deixada pelo suposto Aaron. Este que regressa vestido agora com um sobretudo, e com um cigarro entre os seus dedos.

– Muito bem, têm cinco minutos. – Aaron informa, olhando para o seu relógio de pulso.

– O que é que tem a dizer sobre esta notícia? – retiro o jornal da minha mala de cabedal gasta.

Aaron passa as mãos pela barba desleixada, com uma expressão surpreendida por alguém (neste caso a minha pessoa cheia de dúvidas) ter conhecimento e acesso a algo que achavam perdido, e esquecido.

– Como é que a menina chegou a este arquivo? – ele pergunta, com um ar de poucos amigos.

– Pensei que nestes cinco minutos ficasse esclarecida. – imponho-me, desviando o olhar para a porta quando oiço vozes como fundo.

– Oiça, eu tenho de ir. – Aaron inicia, preocupado com os barulhos vindos do seu escritório. – Dou-lhe um sábio conselho, mantenha-se longe deste caso para o seu próprio bem. – aconselha rapidamente antes de me voltar a fechar a porta na cara.

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O café estava mais cheio do que as últimas vezes que o tinha visitado, apesar do argumento inválido que usei com Miriam para justificar a minha visita ao café-bar (que várias vezes recuso) esta acabou por ficar animada por não ficar em casa a ver televisão ou realizar algo pouco produtivo para pessoas preguiçosas. De momento, a minha única vontade era bater sucessivamente com a cabeça no balcão, devido à conversa fútil e mais que morta da parte de Safira que desde que chegara ao bar e pedi uma cerveja não hesitara em meter conversa enquanto servia o pessoal divertido com a música que se produzia. Todavia, Ashton o verdadeiro motivo no qual ter saído de casa, não estava no café, e isso estava a remoer e remoer na minha cabeça, o que é que aquele rapaz anda a fazer?

– Lembras-te de me teres contado que o Ashton era um misterioso sem explicação? – corto a rapariga de cabelos longos, que contava uma das suas bebedeiras no qual nem sabia o caminho de volta para casa.

– A realidade já atingiu essa cabeça? – pelo seu sorriso não consegui entender se estava a ser sarcástica.

– O que tu sabes sobre ele que mais ninguém sabe?

– O teu poço de respostas está de momento lá fora, porque é que não perguntas ao próprio? – Safira sugere, apontando para uns dos vidros de entrada.

Atiro o dinheiro necessário pela bebida, recebendo mais uns dos sorrisos da parte de Safira. Deixo o balcão, desviando-me dos jovens que dançavam como se estivessem com a maior energia, ignorando tudo o resto a sua volta. Depois de levar uns belos de uns encontrões a saída parecia finalmente alcançável. Encaro o loiro, este que retribuí o olhar com uma expressão completamente neutra na sua face.

– Peço desculpa por ter faltado ao nosso compromisso. – o loiro baterista pede, referindo-se à última sexta-feira.

– Ashton, eu sei que não deveria andar a pesquisar sobre... – tento falar, ignorando o facto de ele estar de óculos escuros durante a noite.

– Não quero abordar esse assunto. – o baterista comenta, como se o seu mistério não fosse absolutamente nada.

– O que é que te impede?

– Estou farto de me sentir culpado. – ele desabafa, levantando-se do degrau.

– Culpado?

– Culpado de algo que nunca fiz.


Friday · afiOnde histórias criam vida. Descubra agora