before.

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[momentos constrangedores ; suspeitas ; e o meu cobertor?]

Sexta-feira, 26 Julho de 2013.

Olho para o relógio pendurado na parede azul, verificando se já poderia descansar uns curtos minutos na minha pausa. Levanto-me descontraída por saber que não teria que lidar com papéis e mais papéis durante o meu tempo livre, porém hoje saberia que não iria conseguir sossego total pois, o baterista auto convidou-se em visitar-me no local de trabalho, mesmo depois de vários avisos para não o fazer ele continuou a insistir justificando-se que ninguém nós iria ver.

Esgueiro-me para a sala de convívio ignorando todos os presentes agarrados aos seus computadores a procura de notícias para os seus trabalhos diários. Fico surpresa ao ver que, Ashton já se encontrava no espaço, sentado num dos bancos disponíveis.

– Conheces o jornal? – interrogo, erguendo as sobrancelhas.

– Não pelos melhores motivos. – ele responde ajeitando o seu chapéu.

– Já podes justificar a grande vontade de me vires visitar?

– Queria convidar-te para uma pequena festa hoje a noite. – o loiro levanta-se do assento, com um sorriso provocador.

– Sempre podias ter avisado por mensagem...– murmuro, levando uma madeixa de cabelo para detrás da orelha.

– As sextas-feiras agora são mais pequenas, portanto aproveitar o tempo não é de todo má ideia. – o baterista aproxima-se, colocando uma das suas mãos na minha face.

Afasto Ashton para trás agarrando na sua camisa, não queria de todo que fôssemos vistos por e que isso se torna-se o assunto do jornal o resto do mês. A verdade é que o loiro baterista é como o oito ou oitenta, sempre irregular perante as suas emoções contudo algo cativante e diferente. Estou tentada a ceder aos seus braços porém oiço a presença de outra pessoa, fazendo-me desviar o olhar.

– Não acredito! – Miriam quase que cospe o café com um ar de quem se iria desmanchar a rir a qualquer segundo.

– Eu sabia...– murmuro, enquanto me preparava mentalmente para uns agradáveis comentários.

– Tenham calma, eu preciso de assimilar isto. – Miriam leva a sua mão a cabeça, sem conter um riso. – Ashton? Riley? Eu juro que pensei que os ares de Chicago te juntassem à equipa contrária!

Ashton tenta esconder um riso colocando a mão sobre os seus lábios, já era de esperar receber comentários deste género vindos da minha prima. Este momento constrangedor só me dava vontade de encontrar um saco de plástico mais perto e usá-lo para esconder a minha cara o resto do dia - ou até mesmo o resto da semana.

– Estávamos apenas a conversar, não vejo o porquê de tanta treta. – resmungo, desviando-me do loiro.

– Pois claro, – ela continua com um ar divertido, apontando para Ashton. – Então e essa marca vermelha no teu pescoço Ashton? Não me digas que as melgas em tua casa estão outra vez em massa?

– Por falar nisso o Calum, – o loiro baterista tenta inverter o momento constrangedor.

– Miriam podes passar ao porquê de teres vindo aqui? – inquiro, sabendo que a sua pausa era incompatível com a minha.

– O Aaron pediu a secretária para verificar se continuavas a trabalhar cá, ele falou nuns minutos que de devia? – Miriam voltou a remexer no café para retirar o açúcar do fundo.

– Aaron Cook?! – Ashton desvia o olhar, fazendo uma expressão séria. – Esse sacana. – o seu tom de voz saiu mais alto do que ele previa.

Ambas observamos a reação do loiro que continuava de punho cerrado, não saberia se haveria de estranhar o facto de ele reconhecer o nome e o apelido do jornalista, ou por a sua reação pouco passiva. Mesmo sabendo que tinha afastado das pesquisas, os cincos minutos nos quais não tive oportunidade eram tentadores, contudo não queria provocar mais recaídas ao companheiro de sextas-feiras.

– Lembrei-me que tinha que tenho um assunto pendente para resolver. – Ashton avisa, pegando no seu casaco. – Depois envio-te as indicações, Riley."

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Podia jurar que as gargalhadas feitas pelo pequeno grupo instalado no apartamento de Ashton e Luke se poderiam ouvir na vizinhança inteira. Era das poucas que se encontrava totalmente sóbria, queria divertir-me sem ter que lidar com as consequências de ter um copo a mais. Quanto ao resto do grupo, que se divertia em jogar cartas (chegando a apostar até os pertences dos vizinhos).

– Aposto a irmã do Calum! Não se vão arrepender! – Luke atira as fichas para o centro da mesa, provocando um riso histérico na maioria, menos em Calum.

– Precisas de algo? – Ashton senta-se no sofá, ainda encharcado devido à ida – ou invasão – da piscina municipal.

– Estou cansada, mas duvido que Miriam saia daquele jogo sem perder a casa. – comento, espreguiçando-me.

– Anda lá. – o loiro baterista estende a mão para me ajudar a levantar do sofá extremamente confortável.

Aceito a sua ajuda, levantando-me do sofá sem exercer qualquer força no corpo. Encostei a minha cabeça ao ombro de Ashton fechando os olhos por meros segundos até os habituais comentários vindos do grupo começarem a surgir.

– Na minha cama não, tenham piedade! – Luke pede, oferecendo todo o dinheiro ganho para não entrarmos sequer no quarto dele.

Entro num quarto seguida por baterista, o espaço tinha um ar limpo e arranjado comparado com o estado da sala de jogos, todavia não tinha aspeto de ser um dos quartos quer seja de Luke, ou Ashton. Os sofás escuros de lados contrários, o enorme tapete creme, com a mesa de centro desviada para um canto da sala, deixando livre a maioria da sala.

– O meu quarto não pareceu boa ideia, não me iria responsabilizar caso...

– Acho que não seria capaz de acordar a ouvir as tuas confianças logo de manhã. – provoco, agarrando numa das almofadas do sofá. – E o meu cobertor?

– Tens a carpete. – o seu olhar provocativo tinha uma certa graça.

Encolho os ombros, sem pensar duas vezes em cobrir-me com a carpete, esta tinha um ar quente, e não precisava de muito mais para dormir.

– Bochechas?

– Sim?

– Ninguém aspira o chão desde que assinei os papéis do contrato."

Oh céus.


Friday · afiOnde histórias criam vida. Descubra agora