[conversas de telhado ; casal? ; partilhas]
Sexta-feira, 28 Junho de 2013.
Depois de mais uma semana repetitiva, onde dava lugar aos meus hábitos regulares era finalmente sexta-feira. O dia em que esperava pacientemente durante todos os dias anteriores, apesar da última saída ter acabado numa conversa sobre eróticos num bar onde para além da nossa presença animada apenas restavam as moscas incomodativas e, até mesmo o empegado estranhou a nossa conversa incomum aparecendo somente para nos receber e servir as respetivas bebidas. Questionava-me até quando iria permanecer com esta espécie de segredo. Não obtive quaisquer notícias sobre o rapaz, pois a única vez que pousei o olhar sobre a sua figura, foi na paragem de autocarro.
Todavia, nenhum arrependimento ou remorsos tinham aparecido desde que aceitei a proposta. Se não formos nós a arriscar, ninguém o fará por nós. Esvazio a minha mente dos pensamentos aleatórios, analisando a rua deserta, antes de empurrar a porta do café discreto (no qual julgava, que a tabela onde indicava o nome do espaço estaria prestes a cair) perante as cores vivas dos prédios da estreita rua.
Estranho o facto de não estar ninguém no balcão de atendimento, relembrando-me pouco depois de que perto das dez da manhã, era raro o movimento pelos estabelecimentos de convívio, (e, segundo as teorias de Miriam nesta cidade preguiça é considerado um elogio). Verifico a porta de acesso ao telhado, reparando na mesma entreaberta presumindo que o rapaz estaria a apreciar a vista fantástica. Sem pensar duas vezes no assunto, subo a pequena escadeira procurando Ashton que marcara neste local para mais um tarde de sexta-feira, sugerindo as conversas de telhado.
Recuo ao reparar numa figura feminina ao lado de Ashton, sem conseguir identificar as suas feições pela distância, ficando somente ao meu alcance os seus longos cabelos loiros acompanhado por expressões divertidas e relaxadas. Fitei o olhar nas minhas botas de cabedal gastas, permanecendo no mesmo lugar até a rapariga de cabelos invejáveis elevar o seu tronco da espreguiça de madeira já queimada pelo sol. Esta dá um último encontrão amigável ao rapaz, antes de abandonar o local.
– Olá. – ela cumprimenta, surpreendida com minha presença. – Sou a Safira. És a amiga do Ashton, certo?
– Riley. – informo, agradada com a sua apresentação amigável. – Vocês são um casal?
– Não! – ela nega, sem evitar uma gargalhada. – Somos apenas amigos de longa data.
– Não percebo nada deste rapaz... – sussurro, encarando a sua figura apresentável entretida com a chama do isqueiro.
– Ninguém o percebe, é esse o problema.
– O quê? – arqueio a sobrancelha, interessando-me por completo no tema que abordara.
– Foi exatamente o que ouvistes. – Safira profere, cruzando os braços. – Aquele rapaz que está ali sentado entretido com o isqueiro tem muito para desvendar, talvez um dia consigas entender o que quero transmitir.
O seu comentário fora o suficiente para que na minha cabeça se formassem inúmeras perguntas sem respostas. Se houvesse algo que pudesse punir, seria sem dúvida as deixas de suspense que as pessoas criam, com poucas palavras. Eram este tipo de especulações (que tendam a aumentar gradualmente dia após dia), que tornavam o rapaz com uma altura acima da média uma pessoa cativante. O que poderia haver por detrás da sua faceta confiante e destemida?
Ignoro a presença de Safira, que abandona o local poucos minutos depois da nossa curta conversa. Caminho calmamente até ao encontro de Ashton, evitando calcar os panfletos e outros objetos espalhados pelo telhado. Sento-me na espreguiçadeira gasta antes ocupada por Safira, aproveitando o sol agradável.
– Bochechas. – o rapaz esboça um sorriso, pousando o objeto sobre a mesa igualmente de madeira.
– Vou levar isso como um elogio. – riposto, sem levar como uma provocação a minha recente alcunha.
– Como é que foi a conversa com Safira? – ele inquire, revelando pela primeira vez um traço de curioso.
– Nada de relevante.
– Tudo bem, bochechas. – o loiro torna a rir, fazendo-me desconfiar se já estaria com uma gota de álcool a mais, devido as suas constantes gargalhadas.
– Partilhas? – aponto para o maço, que aparentava estar ali exposto para saciar a minha vontade de sentir a nicotina no meu sangue.
– Para a semana prepara-te para uma sexta-feira prologada. – ele avisa, entregando o pacote semicheio para as minhas mãos.
– Então porquê? – questiono, batucando com as botas sobre o chão de pedra clara.
– Logo verás. – Ashton insiste em não revelar o mínimo do assunto, enquanto fitava os telhados das restantes casas da rua. – Curiosidade não é uma boa coisa.
– Oh, e então segredos obscuros?
– Não tenho moral para discutir isso contigo.
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Friday · afi
FanficAshton Irwin, conhecido por não revelar os seus mistérios encobridos pela sua faceta irrelevante. Ele mais do que ninguém sabia que nada é certo, e que o jogo muda por completo quando pensamos que temos tudo à nossa frente. Para Riley, as sextas-fei...