[café ; concertos ; confusão]
Sexta-feira, 14 Junho de 2013.
Encaro o espaço comunitário arrojado, enquanto pretendo prestar atenção a todos os detalhes da conversa de Miriam, sobre as novidades sobre os acontecimentos recentes. As pessoas conversavam alegremente, entre gargalhadas e bebidas sobre as suas mesas de madeira escura, fazendo-me pensar se era possível alguém denotar no aborrecimento estampado no meu rosto. Por mais que quisesse aproveitar a noite para um belo descanso (algo que não fazia desde as últimas férias da universidade), sossegar a minha mente aparentava ser impossível. Mesmo que de momento não tivesse a regular preocupação e agitação com os assuntos universitários, tinha a perfeição noção que, juntar-me ao mercado de trabalho era uma opção incontornável. Contudo, decidira contornar essa responsabilidade até ao último segundo. Optara por recuperar um tempo para usufruir da minha juventude.
Tinha total consciência da escolha imatura e impulsiva que tomara, porém desde que acabara a universidade com distinção, não havia nada que impedisse as minhas decisões. Todavia, estaria a mentir se afirmasse que a única razão por ter abandonado a minha cidade natal, fosse apenas a minha fuga às rotinas fatigantes e repetitivas. Hoje, era somente uma das vastas noites que iria passar na casa da minha prima, em Nova Zelândia.
Desde que pousara todos os meus pertences na entrada antiquada do apartamento pacato, não conseguira impedir a minha mente de reviver todas as memórias vividas na minha última vez no país, que deixara com lágrimas no rosto e um pulso partido, devido às aventuras de adolescente com a minha prima. Que agarrou de imediato o meu esbelto tronco quando pousou os olhos brilhantes na minha figura. Não tardou até surgir uma proposta de Miriam para uma breve saída no seu café de eleição; Yellow Brick Cafe. Um pequeno café, que promovia bandas iniciantes regularmente. Devido à felicidade demonstrada desde a sua sugestão, supus que ela conhecesse a banda que iria atuar dentro de poucos minutos, pois não demorou até me abandonar no balcão à sua espera, com uma fugaz explicação de que iria «matar saudades».
– Riley? – capto uma voz conhecida, fazendo-me rodar o tronco com o intuito de identificar a figura.
– Aria! – exclamo, cumprimentando a rapariga de cabelos negros com um longo abraço. Uma amizade que estabeleci do grupo de Miriam, das poucas vezes em que visitara o país.
– Reparei que não cresceste nada! – ela brincou, esboçando um largo sorriso. – O que é que andas a fazer por estes lados?
– Bem, agora que terminei a universidade, tive que cumprir o acordo com Miriam que implica mudar-me para Nova Zelândia. – explico, desviando uma madeixa de cabelo para detrás da orelha.
– És definitiva no nosso grupo, então?
Encaro os meus dedos finos, rodando um dos diversos anéis que revestiam a minha pele pálida, relembrando-me de situações antepassadas. O seu grupo que vivia incessantemente das noites indetermináveis, as suas conversas fiadas sobre quem as rodeava, as horas desperdiçadas em jogos de cartas, as atitudes impulsivas e imprevisíveis era algo com que não me identificava. Convivências às quais já não estava habituada a presenciar devido aos últimos quatro anos na universidade, somente acompanhada com a presença de enciclopédias monótonas e silenciosas. Sabia como me divertir, mas não de forma tão despreocupada e imatura, como o seu grupo prezava.
– Parece que sim. – confirmo, com um sorriso nos meus lábios rosados.
– Desculpa a demora, Riley. – Miriam interrompe, tentando disfarçar o seu batom vermelho desbotado. – Aria! Sempre agradável encontrar-te por aqui.
Franzi as sobrancelhas, dispensando o tema fútil que ambas discutiam. Desvio o meu olhar para as luzes fortes do bar, observando atentamente as bebidas perfeitamente alinhadas e aliciantes que provocaram um súbito desejo por álcool. Bato levemente com as minhas unhas no balcão de mármore, deixando escapar um breve suspiro entre os meus lábios carnudos, antes de clarear a minha voz. Um brinde dedicado ao meu regresso não iria causar incomodo.
– Uma cerveja, por favor. – pedi educadamente, colocando o dinheiro pretendido sob o balcão.
Subitamente, as luzes claras do espaço foram apagadas, surgindo somente uma luz avermelhada que iluminava o palco, onde se encontrava ocupado por quatro rapazes que aparentavam rondar a casa dos vinte e poucos. Sem esconder o seu nervosismo, o vocalista batuca duas vezes no microfone apresentando o seu grupo como five seconds of summer. Foram recebidos de imediato com aplausos vindos da parte feminina, fazendo-me revirar os olhos com a euforia de alguns presentes. Uma agitação que acalmou após serem ouvidos os primeiros acordes que deram inicio a um cover.
Her name is Noël, I have a dream about her, she rings my bell,
I got gym class in half an hour
And, oh, how she rocks in keds and tube socks
But she doesn't know who I am
And she doesn't give a damn about me
Agradada com a sintonia, movo a cabeça consoante o ritmo da música aproveitando até ao último segundo. Um momento agradável que acabara rapidamente, com todos os agradecimentos do vocalista aos presentes e pela oportunidade oferecida pelo café. De repente, ouve-se um ranger da cadeira de Miriam que não hesita em mover o seu corpo frenético até aos provadores. Confusa, ergo uma sobrancelha em direção a Aria, que rapidamente elevou os braços demonstrando que havia mais novidades do que aquelas que imaginara.
– A Miriam tem namorado? – comento, dando um gole na cerveja fresca. – Inédito!
Conhecendo a minha prima desde crianças, sabia mais do que ninguém o quanto era atípico vê-la com alguém, visto que a mesma se identificava como uma mulher independente, sem a necessidade de relacionamentos ou dissabores amorosos. Mudanças e reviravoltas.
– Já há algum tempo. – Aria confirma a minha suspeita, enquanto batucava com o copo vazio no balcão. – Ela afirma que está numa fase de assentar.
– Assentar? Não acredito...!
– Parece que já tens um admirador, Riley. – a morena exclama, cortando a minha linha de pensamentos, apontando discretamente para um rapaz de cabelos loiros.
Indiscretamente, verifico de onde provinha a sua observação, mirando o rapaz que desconhecia a identidade sem evitar fitar olhares com o mesmo. As luzes escuras e o fumo vindo dos holofotes do café dificultavam a minha visão para o seu rosto, não conseguindo admirar as suas feições. Porém, este ao aperceber-se de que estava a observá-lo durante algum tempo, desviou rapidamente a sua face iniciando uma conversa com o rapaz de cabelos coloridos.
– Ashton.
– O quê?
– É o nome dele. – Aria profere, deixando-me abismada com a sua intervenção. – Penso que tenhas interesse em saber o nome dele.
– Estás a fazer confusão, não era necessário. – confesso, olhando uma última vez para o grupo animado, cruzando mais uma vez o olhar com Ashton.
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Friday · afi
FanficAshton Irwin, conhecido por não revelar os seus mistérios encobridos pela sua faceta irrelevante. Ele mais do que ninguém sabia que nada é certo, e que o jogo muda por completo quando pensamos que temos tudo à nossa frente. Para Riley, as sextas-fei...