𝘢𝘧𝘵𝘦𝘳 𝘢𝘭𝘭, 𝘰𝘯𝘦

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Mas e se aquela tela de game over, levasse à uma nova tela de press start?

Tokyo, 2021.

Cinco anos se passaram desde que você havia terminado o ensino médio e sua vida estava feita. Tinha sua própria empresa de jogos e havia comprado o fliperama do shopping que antes, estava prestes a fechar. Além de fazer streaming à noite até uma da madrugada. Era uma vida tranquila que sempre quis ter. “Tranquila” tirando a parte dos seus seguidores incel de 15 anos. Já estava farta de expulsar pessoas que faziam algum donete pedindo para que tirasse a roupa ou algo parecido. Porém com o tempo você foi lidando com isso.

Passou a cuidar mais de você e da sua autoestima, melhorou sua alimentação e começou a frequentar academia que não foi muito difícil, já que a dona era Yuzuha e ela não pegou leve com você. Mas nunca reclamou.

Morava em um apartamento não muito grande, já que só o dividia com Peke J. Tinha um quarto com suíte, o banheiro, escritório, cozinha e sala. Era formidável e confortável o suficiente para você. Pegava uma roupa para se arrumar, pois tinha que trabalhar no fliperama hoje.

Vestiu uma camiseta preta que tinha um gato preto como estampa – aquela camiseta já havia perdido o cheiro de Baji há anos, era estranho usá-la e não o sentir mais –, e uma calça jeans preta, além dos seus all star, que era de lei. Passou maquiagem levemente e penteou o cabelo, que tinha algumas mechas azuis. Pegou as chaves do carro e foi em direção ao shopping.

Parou e tirou foto com alguns fãs que pediram no caminho, nunca teve problema, até gostava. Já havia se acostumado com isso.

Quando entrou avistou Kazutora já no caixa, arrumando os tickets, os guardando para repôr nas máquinas. O garoto estava fazendo faculdade de medicina e precisa de um trabalho para se manter, havia deixado o que aconteceu naquela época de lado e o ajudou. Ele pediu desculpas, mas o passado não pode ser apagado para que esquecesse daquilo. Porém, tinha que lidar com ele todos os dias e acabaram virando amigos.

Foi para o caixa onde as pessoas pegavam os cartões e se sentou esperando algum cliente. Um garotinho que deveria ter no mínimo 10 anos lhe chamou.

- Moça, aquele jogo ainda funciona? – se levantou e o seguiu, mostrando o arcade de Street Fighter.

- Funciona sim, só um minuto. – como era uma máquina pouco usada, estava desligada para poupar energia. – Prontinho.

Quando virou procurando ele, já estava longe. Ele saía do fliperama segurando uma nota de 5 dólares, fazendo você franzir as sobrancelhas.

- Ainda usam essas fichas, CDF? – sentiu um arrepio percorrer por todo seu corpo quando ouviu aquela voz soar atrás de você. Não entendeu como não percebeu que ele havia vindo, provavelmente ele entrou pela entrada Sul e o garoto saiu a que estava na sua frente.

Virou-se até de onde vinha a voz, vendo ele. Baji estava em pé com as mãos no bolso da calça usando um jaleco por cima da blusa dele. Ele sorriu de canto e tirou uma ficha do bolso a jogando pra cima e pegando no ar. Baji estava diferente. Trazia um ar de calmaria, felicidade, maturidade.

Ele também havia cortado o cabelo, o deixando um pouco abaixo do ombro, fazendo um penteado puxando algumas mechas e alguns fios soltos na franja. Também notou outra coisa.

Baji também estava usando o colar. Que você também usava. Nenhum dos dois havia deixado a existência do outro de lado durante esses cinco anos.

- É, funciona. – ele colocou na máquina e ficou de pé em frente aos botões e o stick.

- Vou vencer você hoje. – disse convencido e te fazendo dar risada.

- Até parece. – arrumou sua postura e deu start.

𝐋𝐎𝐒𝐈𝐍𝐆 𝐆𝐀𝐌𝐄, baji keisukeOnde histórias criam vida. Descubra agora