I'm not her - Jerrie

Ciúmes

Naquela quinta-feira, o frescor da manhã conferia a cidade uma atmosfera encantadora, no entanto Perrie sentia-se desconfortável. Os novos sentimentos estranhos que Jade causara a atormentavam e se confundiam nas lembranças ainda dolorosas de sua afeição ferida pela falecida esposa. Como poderia estar se apaixonando novamente por alguém, o que era aquilo? Porque Jade a fazia recordar tanto de Leigh-Anne sendo que as duas eram completamente opostas uma à outra?

Antes de sair de casa olhou-se no espelho arrumando o coque do cabelo uma vez mais, depois depositou um pesado e confortável sobretudo preto sobre os ombros precisaria de um grande latte para encarar o caos prestes acontecer. Driblou alguns transeuntes entrando na garagem do prédio antigo no centro da cidade. Repassou em sua cabeça tudo o que pretendia falar, sabia que não devia dar brecha para que ela rebatesse, pois sabia que não teria paciência para uma discussão em plena oito horas da manhã. Ao passar pela secretária, Perrie limitou-se a acenar discretamente sem anunciar-se.

— Senhorita Edwards, ela está em reunião. A senhora nã...

— Reunião? Oh, por favor.

Quando a porta se abriu, Jade encontrava-se na sala com Verônica, o que não deixou de surpreender Perrie.

— Perrie...que visita inesperada.

— Senhorita Verônica eu tentei avisá-la que a senhora não queria ser incomodada.

— Tudo bem, Cíntia.

— A culpa foi minha, mas não se preocupe...como é seu nome mesmo? Cíntia? — Perrie questionou levianamente. "sim" a jovem respondeu insegura. — Você ficará bem, Verônica só despede uma secretária depois de fode-la.

— Cíntia é minha secretária. — Jade afirmou inconformada. — E você a está constrangendo.

— É mesmo? — Perrie votou-se para a advogada, arrependendo-se de seu comentário logo em seguida.

— Deselegante Perrie Edwards, como sempre. Jade está é Perrie, a promotora tubarão mais conhecida de toda Londres.

— É um prazer, Jade. — Perrie respondeu tentando manter o disfarce, mas a feição séria e decepcionada que a advogada sustentava, a craquelou por dentro.

— É uma pena que eu não possa dizer o mesmo. Tenham um bom dia. E boa viagem Verônica.

— Obrigada pelo bom trabalho e pelos votos, Jade. Mas, algo me diz que ficarei mais dias aqui do que o planejado. — Verônica sorriu maliciosamente em direção a Perrie.

Jade seguiu para a porta buscando ignorar a tensão que se desenhava entre ela e Perrie, ela não sabia o que se passava por trás daqueles óculos escuros nos olhos da loira instável, mas perceber que ela viera atrás de Verônica depois de tudo o que as duas haviam vivido era desolador.

— Impressão minha ou rolou algo bizarro aqui? — Verônica questionou caçoando da situação enquanto retirava uma frasqueira prata da gaveta de sua mesa.

— Sério? Vai beber aqui?

— Ué, não me diga que virou uma puritana agora também? Não finja que não levava seus roses para o expediente extra que fazíamos sempre. Lembra? — Verônica aproximou-se da mulher inclinando-se para um beijo que Perrie prontamente recusou desviando-se. — Que merda é essa?

— Não quero. É justamente pra isso que eu vim aqui. É, talvez eu esteja virando puritana ou sei lá que porra seja. Eu me torno qualquer coisa pela minha filha, e abro mão de qualquer coisa, de qualquer pessoa...