Capítulo 14

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Dylan Griffin

Saio da reunião com a cabeça explodindo e arrumo as várias pastas que me deram durante a reunião, todos projetos que já tinham mandado para mim e eu não iria aprovar por que eram incompletos ou cheios de problemas.

Estava no limite do meu mau humor quando abri a porta do escritório e encontrei Lucy arrumando as pastas e colocando um copo de isopor de café que ela sempre pegava. Fecho a porta atrás de mim e ela ergue o olhar.

-O que é isso?- olha para os papéis.

-Projetos do pessoal.- explico jogando todos em uma cadeira e sentando.

-Não vai ver?- franze as sobrancelhas.

-São os mesmos do mês passado.- bebo o café.

-E qual é o problema deles?- pega um e começa a passar as folhas.

-Ou são muito ruins, ou estão incompletos...

-Mas os que não são ruins, você pode ajudar.- ela passa os olhos pelas folhas.- Deve ser por isso que o pessoal aqui acha você chato. Se pegasse um projeto desses por mês, chamasse a pessoa e desenvolvesse...

-Faça isso.- digo e ela olha para mim.- Vai ser um projeto seu.

-Meu?- franze as sobrancelhas.- Acabei de começar aqui.

-Vai ser ótimo para o currículo.- aponto com o queixo para os papéis.- Escolha um até o final do dia, no final da semana quero que você tenha o ajeitado e então vamos começar a aplicar ele em um dos terrenos.

-Isso não é por causa de ontem, é?- ela parece ficar arrependida.

-Não, é para você ver que mesmo que eu queira, é difícil pra caralho.- digo e ela sorri.- Vai, começa a ler isso tudo.

-Você acha que vai me deixar entediada.- ela senta e abre outra pasta.- Mas eu gosto de ler.

-Espere só...- sorrio.

-Eu não estou vendo problema....mas com i?- ela parece incrédula.- Esses caras são formados...

-E tem muito mais.- tomo meu café.- Em duas horas temos uma demonstração, então é melhor ler rápido.

-Que ódio de você.- ela bufa passando a página.

Sorrio por trás do copo de café e continuo bebendo, observo Lucy concentrada e me pego pensando naqueles dois beijos e no sexo que ela não lembrava que tinha acontecido.

Não sei como ela não lembrava o que tinha acontecido, toda hora vinha na minha cabeça o que tínhamos feito e ficava quase impossível não parar de pensar. Então olho para Lucy de novo e ela já está em uma posição mais relaxada do que antes.

-Você é bem espaçosa.- murmuro.

-Outras pessoas diriam "intrometida".- fala calma.

-Era essa a palavra que eu estava procurando.- falo e Lucy me encara.

-Pedras não falam.- informa e sorrio.

-Sr.Griffin...- a porta abre e vejo Peter entrar antes da secretária.- Ele foi entrando.

-Pode deixar.- digo e ela para.- Obrigado.

A porta fecha e Peter cruza os braços enquanto observa o ambiente, Lucy senta mais ereta e seus olhos estão quase incrédulos com o que ela vê. Não sei o que Peter está fazendo aqui, mas acho que tem haver com...

-Você é doente.- ele aponta para mim enquanto vem na minha direção.

-Eu?- semicerro os olhos.

-Isso.- bufa.- Lucy não é para você...

-Ah, não.- Lucy cobre o rosto com irritação.

-Se você acha que vai conseguir arrancar alguma coisa da família dela transando com ela...

-Ah, não vou?- decido provocar e Lucy me encara.- Achei que ia ficar milionário.

-Seu monte de bosta.- ele agarra a gola da minha camisa.

-Você não tem uma filha para cuidar?- pergunto e Peter me ergue.- Ou tá tão entediado com a vida de pai e casado que tá inventando coisa?

-Eu vou acabar com você.- ele fecha o punho pronto para me socar.

-Acha mesmo que eu me aproveitaria dela?- aponto e Peter para.- Se eu fosse me aproveitar do dinheiro de alguma delas, com certeza não seria dela.

-Por que?- Lucy parece mais irritada.

-Lucinda.- a encaro com raiva.

-Por que "não seria dela"?- ela imita meu tom de voz e Peter olha para mim esperando.

-Porque...- olho para ela para que perceba.- Você é a mais nova e isso seria idiotice...

-É bom mesmo que isso seja verdade.- Peter me solta e ajeito minha gravata.

-Peter.- ela agarra o braço dele.- Me ajuda com isso.

-O que você tá fazendo?- vejo ela colocando as pastas nos braços dele.

-Você me deu um trabalho muito importante e eu quero estar totalmente concentrada.- Lucy fala irritada enquanto pega o resto das pastas.- Vou estar na sala de reunião.

Ótimo. Agora ela está com raiva por uma coisa que eu falei para livrar minha cara, passo a mão pelo rosto e vejo ela indo embora com Peter. Volto a sentar na cadeira e olho para o computador tentando procurar o que fazer.

Pego meu celular e tento adiar aquela visita para me ocupar, não tenho tempo para ficar lidando com irritações como essa. Ela que se resolva sozinha e me procure quando a raiva passar ou algo assim.

☽︎

Lucy Gallagher

Cantarolo a música que coloquei no volume máximo na sala de reuniões e vou marcando os pontos interessantes da segunda pesquisa que leio em uma hora. Não sai para almoçar e parece que eu vou ficar para esquecer o jantar também.

Estava começando a entender Dylan na parte de ficar no trabalho, se você não tinha ninguém em casa e não tinha amigos para sair depois do trabalho, era melhor ficar nele e se ocupar fazendo sua carreira decolar. Mas no resto, ele era um completo imbecil.

Nem sei o motivo de eu ter ficado com raiva. Mas o tom de voz dele quando falou que eu seria a última irmã de quem ele escolheria se aproveitar parecia minha mãe falando que eu era a irmã que mexeria com drogas ou engravidaria na faculdade.

Começo a lembrar da minha mãe dizendo tudo aquilo e olho para meus pulsos, fui na terapeuta uma vez e ela disse que toda vez que eu sentisse raiva ou ódio da minha mãe, eu olhasse para meus pulsos e visse o que ela já tinha tomado de mim.

-Lucy.- Joana aparece e desligo a música.- O pessoal vai tomar umas cervejas no bar.

-Eu acho que fica para a próxima...

-Vi você aí o dia todo.- explica.- Que tal tomar uma cerveja e voltar?

-Ok.- mexo a cabeça.- Uma cerveja.

Levanto e pego meu casaco, afasto umas mechas de cabelo do rosto e sigo Joana até o elevador. Acho que tomar algumas cervejas e relaxar pode ser bom antes de voltar a trabalhar e esfregar na cara de Dylan que eu ia fazer isso melhor que ele.

Porque eu sou melhor que ele.

Lucy Gallagher - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora