Dylan Griffin
Saio da reunião com a cabeça explodindo e arrumo as várias pastas que me deram durante a reunião, todos projetos que já tinham mandado para mim e eu não iria aprovar por que eram incompletos ou cheios de problemas.
Estava no limite do meu mau humor quando abri a porta do escritório e encontrei Lucy arrumando as pastas e colocando um copo de isopor de café que ela sempre pegava. Fecho a porta atrás de mim e ela ergue o olhar.
-O que é isso?- olha para os papéis.
-Projetos do pessoal.- explico jogando todos em uma cadeira e sentando.
-Não vai ver?- franze as sobrancelhas.
-São os mesmos do mês passado.- bebo o café.
-E qual é o problema deles?- pega um e começa a passar as folhas.
-Ou são muito ruins, ou estão incompletos...
-Mas os que não são ruins, você pode ajudar.- ela passa os olhos pelas folhas.- Deve ser por isso que o pessoal aqui acha você chato. Se pegasse um projeto desses por mês, chamasse a pessoa e desenvolvesse...
-Faça isso.- digo e ela olha para mim.- Vai ser um projeto seu.
-Meu?- franze as sobrancelhas.- Acabei de começar aqui.
-Vai ser ótimo para o currículo.- aponto com o queixo para os papéis.- Escolha um até o final do dia, no final da semana quero que você tenha o ajeitado e então vamos começar a aplicar ele em um dos terrenos.
-Isso não é por causa de ontem, é?- ela parece ficar arrependida.
-Não, é para você ver que mesmo que eu queira, é difícil pra caralho.- digo e ela sorri.- Vai, começa a ler isso tudo.
-Você acha que vai me deixar entediada.- ela senta e abre outra pasta.- Mas eu gosto de ler.
-Espere só...- sorrio.
-Eu não estou vendo problema....mas com i?- ela parece incrédula.- Esses caras são formados...
-E tem muito mais.- tomo meu café.- Em duas horas temos uma demonstração, então é melhor ler rápido.
-Que ódio de você.- ela bufa passando a página.
Sorrio por trás do copo de café e continuo bebendo, observo Lucy concentrada e me pego pensando naqueles dois beijos e no sexo que ela não lembrava que tinha acontecido.
Não sei como ela não lembrava o que tinha acontecido, toda hora vinha na minha cabeça o que tínhamos feito e ficava quase impossível não parar de pensar. Então olho para Lucy de novo e ela já está em uma posição mais relaxada do que antes.
-Você é bem espaçosa.- murmuro.
-Outras pessoas diriam "intrometida".- fala calma.
-Era essa a palavra que eu estava procurando.- falo e Lucy me encara.
-Pedras não falam.- informa e sorrio.
-Sr.Griffin...- a porta abre e vejo Peter entrar antes da secretária.- Ele foi entrando.
-Pode deixar.- digo e ela para.- Obrigado.
A porta fecha e Peter cruza os braços enquanto observa o ambiente, Lucy senta mais ereta e seus olhos estão quase incrédulos com o que ela vê. Não sei o que Peter está fazendo aqui, mas acho que tem haver com...
-Você é doente.- ele aponta para mim enquanto vem na minha direção.
-Eu?- semicerro os olhos.
-Isso.- bufa.- Lucy não é para você...
-Ah, não.- Lucy cobre o rosto com irritação.
-Se você acha que vai conseguir arrancar alguma coisa da família dela transando com ela...
-Ah, não vou?- decido provocar e Lucy me encara.- Achei que ia ficar milionário.
-Seu monte de bosta.- ele agarra a gola da minha camisa.
-Você não tem uma filha para cuidar?- pergunto e Peter me ergue.- Ou tá tão entediado com a vida de pai e casado que tá inventando coisa?
-Eu vou acabar com você.- ele fecha o punho pronto para me socar.
-Acha mesmo que eu me aproveitaria dela?- aponto e Peter para.- Se eu fosse me aproveitar do dinheiro de alguma delas, com certeza não seria dela.
-Por que?- Lucy parece mais irritada.
-Lucinda.- a encaro com raiva.
-Por que "não seria dela"?- ela imita meu tom de voz e Peter olha para mim esperando.
-Porque...- olho para ela para que perceba.- Você é a mais nova e isso seria idiotice...
-É bom mesmo que isso seja verdade.- Peter me solta e ajeito minha gravata.
-Peter.- ela agarra o braço dele.- Me ajuda com isso.
-O que você tá fazendo?- vejo ela colocando as pastas nos braços dele.
-Você me deu um trabalho muito importante e eu quero estar totalmente concentrada.- Lucy fala irritada enquanto pega o resto das pastas.- Vou estar na sala de reunião.
Ótimo. Agora ela está com raiva por uma coisa que eu falei para livrar minha cara, passo a mão pelo rosto e vejo ela indo embora com Peter. Volto a sentar na cadeira e olho para o computador tentando procurar o que fazer.
Pego meu celular e tento adiar aquela visita para me ocupar, não tenho tempo para ficar lidando com irritações como essa. Ela que se resolva sozinha e me procure quando a raiva passar ou algo assim.
☽︎
Lucy Gallagher
Cantarolo a música que coloquei no volume máximo na sala de reuniões e vou marcando os pontos interessantes da segunda pesquisa que leio em uma hora. Não sai para almoçar e parece que eu vou ficar para esquecer o jantar também.
Estava começando a entender Dylan na parte de ficar no trabalho, se você não tinha ninguém em casa e não tinha amigos para sair depois do trabalho, era melhor ficar nele e se ocupar fazendo sua carreira decolar. Mas no resto, ele era um completo imbecil.
Nem sei o motivo de eu ter ficado com raiva. Mas o tom de voz dele quando falou que eu seria a última irmã de quem ele escolheria se aproveitar parecia minha mãe falando que eu era a irmã que mexeria com drogas ou engravidaria na faculdade.
Começo a lembrar da minha mãe dizendo tudo aquilo e olho para meus pulsos, fui na terapeuta uma vez e ela disse que toda vez que eu sentisse raiva ou ódio da minha mãe, eu olhasse para meus pulsos e visse o que ela já tinha tomado de mim.
-Lucy.- Joana aparece e desligo a música.- O pessoal vai tomar umas cervejas no bar.
-Eu acho que fica para a próxima...
-Vi você aí o dia todo.- explica.- Que tal tomar uma cerveja e voltar?
-Ok.- mexo a cabeça.- Uma cerveja.
Levanto e pego meu casaco, afasto umas mechas de cabelo do rosto e sigo Joana até o elevador. Acho que tomar algumas cervejas e relaxar pode ser bom antes de voltar a trabalhar e esfregar na cara de Dylan que eu ia fazer isso melhor que ele.
Porque eu sou melhor que ele.
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Lucy Gallagher - Livro 3
RomanceLucy Gallagher tem vinte e um anos e é o primeiro ano dela na empresa imobiliária da família, ela tem que equilibrar sua vida pessoal com a vida no trabalho e ainda se preocupar com os negócios mais obscuros da família Gallagher. Seus relacionamento...