O acidente

200 23 42
                                    

POV : LOUIS

05h da manhã, meu despertador tocou como num dia normal. Onde eu acordo antes do nascer do sol para ir trabalhar. Dei um pulo da cama, pois só assim consigo despertar.

Se não for assim eu acabo me atrasando, enquanto a hora passa e eu me atraso. Mas hoje não, pois tenho uma reunião importantíssima, onde provavelmente ganharei uma promoção.

Eu trabalho na Imprensa da Universidade de Chicago, que é a maior e uma das mais antigas editoras universitárias dos Estados Unidos. Atualmente estou escrevendo meu 7° livro que eu ainda não coloquei um título, mas eu vou saber o que pôr quando enfim acabar.

No meu trabalho eu ensino, mas o que eu quero mesmo é ter o cargo de vice-presidente daquele lugar. E se tudo der certo hoje, creio que vou conseguir ! Estou confiante disso.

Volto a mim, saindo do meu ninho de sonhos e batuco os dedos na bancada da cozinha enquanto toca a música que mais tenho escutado ultimamente, "WFM". Fecho meus olhos por alguns instantes entrando na melodia...

Essa música é boa, com uma batida envolvente e a letra é perfeita. Mas saio dos meus devaneios quando sinto um cheiro horrível de queimado. Abro os olhos rapidamente e me deparo com minhas torradas queimadas. Completamente pretas !

Corro em sua direção e as tiro da torradeira soltando vários "aí ! aí! aiii !" por elas estarem bem quentes. As jogo na lixeira que fica no pé da pia. Lavo minhas mãos tentando esfriá-las na esperança de que elas parem de queimar, inutilmente, porque só depois de um tempo que elas voltam ao normal.

Torço mentalmente para que eu não esteja atrasado e olho no relógio em meu pulso.

06:47hs eu desço correndo as escadas do meu prédio. Não tive tempo de tomar um café da manhã decente, apenas tomei o café num gole só, já que ele estava pronto.

Chego no estacionamento pedindo a Deus para que não haja engarrafamento e ligo o carro, logo, dando partida rumo ao meu trabalho.

×

07:55hs e meu carro está parado há um século. Olho para o relógio pela milésima vez e me iro ao pensar que chegarei atrasado na reunião, e que terei que engolir a seco os olhares de Robert e David me queimarem. Ou pior, ter que assistir um deles pegar o meu lugar como vice-presidente.

— Não, isso não !

Explodi de raiva batendo as mãos no volante. Meu sangue não estava quente, mas sim, fervendo. E num impulso arranco o carro aumentando a velocidade em questão de segundos.

Passo por cima da calçada ouvindo várias buzinas ecoarem como um carnaval no meu ouvido. Ultrapasso o sinal e sem olhar para os lados sigo em frente.

E então, o mundo girou. Meu corpo foi atingido em cheio pelo carro que vinha à minha direita. Meu corpo foi arremessado para fora do carro depois de eu bater a cabeça no volante, onde senti meu nariz começar a sangrar, mas não tive tempo nem de levar o dedo indicador até ele pois eu já tinha voado pela janela.

Foi muito rápido, quando percebi já estava rolando no chão enquanto o meu carro capotava no meio da pista. Quando o meu corpo enfim parou de rodar eu procurei o outro carro, mas não o encontrei.

Comecei a sentir muita dor na cabeça, na perna, nas costas, enfim...em todo o meu corpo. Tudo que fazia parte de mim doía. Eu ainda estava no chão me remoendo de dor sentindo o sangue escorrer pela minha testa, sentia o sangue em meu nariz e presumi que ele deveria ter quebrado.

Minha perna doía muito também. Levei minha mão até a perna esquerda e nem precisei apalpar nem nada. Eu senti o sangue que já estava molhando minha calça social cinza.

Uma parte do carro havia saído, assim como outras que se dispencaram com o impacto e depois com o fato do carro ter capotado. Algumas pessoas se aproximaram formando uma pequena roda, outras foram até meu carro, estavam procurando algo, talvez fosse minha identidade ou dinheiro, eu não sei.

Um senhor com uniforme de padeiro se aproximou mais que as outras pessoas. Ele se ajoelhou diante do meu corpo caído e pegou a minha mão, segurando-a firme, enquanto ligava para alguém.

— Bom dia, preciso de uma ambulância. –ele disse meio desesperado, mas ainda assim ele segurava minha mão fortemente, me passando segurança. — Estamos na Osvald n° 30. –ele parou e depois voltou a falar. — Sim, foi um acidente de carro, só venha logo por favor ! –ele gritou já sem paciência. E não era pra menos, eu estava perdendo muito sangue. — Não, só tem um ferido.

— O-obrigado...–disse fraco depois do homem desligar o telefone.

— Não, não se esforce rapaz. –ele disse rápido. — Está tudo bem, eles estão vindo. –disse voltando sua atenção para os lados, vendo se vinha alguma ambulância.

O senhor de cabelos grisalhos com uniforme de padeiro olhou docemente pra mim e sussurrou em meu ouvido que tudo ficaria bem. Mas mesmo assim eu não parava de chorar, meu corpo doía demais e eu estava com muito medo, estava entrando em pânico.

— Eu...eu não quero mo-morrer...–disse tão baixo que o homem nem me ouviu, e então minha vista ficou embassada e tudo sumiu.

Antes que eu podesse dizer algo a mais ouvi os barulhos da sirene. Soltei um suspiro aliviado mesmo não vendo nada, achei estar desmaiando. Dei um leve sorriso entre lágrimas que desciam dos meus olhos devido a dor que eu sentia, mas estava feliz por estar sendo socorrido.

Um Covarde Para O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora