Harry?

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POV : LOUIS

Passaram-se alguns dias desde que eu mudei com Harry. Quanto mais agora, que eu faria de tudo para que a mãe dele sobrevivesse.

— Harry? –chamei e na mesma hora ele veio até mim tocando em meu ombro.

— Sim?

— Eu vou seguir o seu concelho.

— Qual deles? –revirei os olhos, ele sempre tem que se achar?

— O de pedir que alguém escreva meu livro enquanto eu vou ditando.

— Ahh sim, que ótimo ! E quem será?

— Eu ainda não sei. Não quero que seja alguém que me conheça.

— Por que? –engoli a seco, como eu ia responder? Eu não queria que a pessoa que fosse escrever me conhecesse, porque o livro seria sobre Harry e eu.

— Porque sim, quero alguém de fora. Só isso ! –disse confiante para que ele não duvidasse.

— Hum, acho que conheço a pessoa certa pra isso. –e um leve tom de curiosidade em sua voz me fez querer perguntar.

— Quem?

— Minha irmã ! –disse empolgado.

— Você tem irmã? –maravilhoso, ela vai escrever sobre o irmão dela. Aí meu Deus..

— Sim. Mas não se preocupe, a forma que Deus usou para me fazer foi única, então você não irá desmaiar quando ela chegar. –disse sério como se aquilo fosse verdade. Aí esse Harry...

— Você é tão esquisito. –balancei a cabeça em negação.

— Não sou esquisito, sou narcisista !

— Ah é, nem notei...–disse debochado arrancando uma risada dele, que me fez rir também. Harry era incrivelmente espontâneo.

×

No dia seguinte Harry levou sua irmã até a minha casa, onde eu a conheci e soube que ela era uma poeta. Ambos ganharíamos nisso, eu teria meu livro escrito e Gemma ganharia experiência.

Com o passar do tempo o livro foi se formando, e com ele minhas ideias e meus sentimentos foram florescendo. Eu não tinha ideia alguma do que sentia por Harry Styles, mas era certo que, eu sentia algo.

4 meses depois do acidente. Meu livro estava quase que na metade, mas eu estava com um terrível e inoportuno bloqueio criativo.

Não conseguia escrever há dias e isso estava me frustrando. Decidi que o melhor era ampliar os ares, eu deveria sair pra algum lugar, respirar ar puro. Pois sim, desde que aconteceu o acidente eu não tenho saído mais.

Eu vou para as consultas na psicóloga que são duas por semana, e só isso. Não saio nem do quarto. Muito mal saio para comer, fora isso só fico aqui escrevendo o livro.

— Harry? –o chamei mas não escutei nada, ele não estava no quarto, provavelmente. —Harry ! –chamei mais alto para que se ele estivesse na sala talvez assim podesse me ouvir.

Mas nem assim, nada dele. Então decidi que ia procurá-lo. Conheço muito bem essa casa, não tem como eu me perder. Peguei a bengala que fica ao lado da cama e me levantei. Fui direcionando a bengala à minha frente pra que eu não tropeçasse.

Quando enfim saí do quarto me escorei na parede. Era o jeito mais seguro de não quebrar nada. Nem os vasos caros de minha mãe e nem algum membro do meu corpo.

Fui andando bem devagar ainda escorado na parede, e quando a parede acabou eu soube que havia chego na sala.

— Harry ! –chamei alto mas nada se ouvia, a casa estava silenciosa. Nem as bateções de panelas que Flora fazia na cozinha eu ouvia.

Me senti sozinho, mas não dei o braço a torcer, não era possível que eu estava sozinho naquela casa.

Continuei andando até bater o pé no primeiro pé da escada, o que me fez quase cair de joelhos, mas me segurei com a bengala.

Procurei o corrimão apalpando o ar até encontrá-lo. Comecei a subir com muito cuidado. Tentando não me desequilibrar. Mas era inevitável que minha perna não tremesse ou que meus batimentos falhassem.

Não sei o que mais me assustava naquele momento. Se era a sensação de estar sozinho ou se era o medo de cair.

Segui firme na minha ideia de procurar alguém no andar de cima, afinal os quartos ficam lá, e em muita das vezes minha mãe fica no quarto lendo algo.

O que era totalmente duvidoso pra mim porque eu não tinha ideia alguma de que dia da semana era. Se fosse dia de semana ela poderia estar no trabalho, nem hora do almoço é ainda, porque eu ainda não comi.

Então ela não deveria ter chego ainda...

Subi mais alguns degraus até chegar no último, onde suspirei cansado. Faziam 4 meses que eu não subia escadas. Forcei a mão no corrimão tomando fôlego e subi o último degrau.

E então de repente meu corpo bambeou. Eu havia tropeçado em algo, ou alguém...

Eu caí de cara no chão, meu corpo caiu por cima da pessoa que estava no chão. Levantei com muito custo, minha boca estava doendo e meu corpo também. Minha sorte foi não ter quebrado o nariz.

Já o quebrei no dia do acidente, imagina se quebrasse agora de novo? Deus que me livre, é muito doloroso.

Agora sentado no chão engatinhei para longe daquele corpo até bater meus ombros na parede e eu soube que estava seguro, longe da beirada da escada. Mas...quem era aquela pessoa? Será que ela estava bem?

Me toquei de que talvez ela precisasse de socorro e comecei a passar a mão no ar procurando algo. Fui me arrastando de joelhos pelo chão tentando achar alguma coisa. Até que bati os dedos em suas costas.

— Meu Deus ! –gritei de susto. — Você está bem? Consegue me ouvir? –perguntei mas não obtive resposta, o que me preocupou.

Fui passando a mão por aquele corpo, percebi que estava de bruços, mas não tinha seios. Era um homem. Apalpei a cabeça até chegar em seu maxilar e não havia barba, não era o meu pai.

Passei a mão por seus cabelos e então meu coração se apertou e minha respiração ficou prejudicada...Era o Harry. Eu reconheceria aquele cabelo em qualquer lugar. Era macio e ondulado. Eu já havia o acariciado enquanto ele dormia ao meu lado num outro dia chuvoso.

Cheirei ele e confirmei seu cheiro de kiwi. Não podia ser ! O que ele tinha? Comecei a chorar e gritar desesperado na tentativa de que algum vizinho me ouvisse. Eu gritei até começar a ficar rouco e minha garganta começar a doer, mas eu não me importei, eu precisava de ajuda, eu precisava ajudar o Harry !

Um Covarde Para O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora