EVELISE WHITE
Riley Larson faria 5 anos daqui a dois meses, e eu não conseguia parar de pensar nisso. Pensava no aniversário de 5 anos dela desde o dia em que a conheci. A maioria das pessoas ficava animava quando uma criança completava 5 anos. Isso significava que ela iria para a escola para aprender, crescer e amadurecer. Não para mim... Para mim era como se fosse o beijo da morte.
Porque, quando Riley completasse 5 anos, significava que ela iria para o jardim de infância. E qual era o sentido em se ter uma babá quando a criança passava o dia inteiro fora de casa?
Para depois do horário escolar? Para isso, os pais contratavam alguém temporariamente, não uma babá fixa. Logo eu seria substituída por uma menina de 13 anos que ficaria contente em receber vinte pratas para tomar conta da Riley de vez em quando.
Certo dia, a mãe dela, Susan, me convidou para um brunch, enquanto o marido levava a Riley para passear. Nada de bom surgia de um brunch com a sua patroa. Nada além das várias mimosas que eu estava tomando para acalmar os nervos.
- Eu sinto muito mesmo, Evelise. Você tem sido um anjo na nossa família desde que te contratamos. Quer dizer, caramba, você está com a gente desde que a Riley tinha 4 meses, e nós não teríamos conseguido sobreviver sem você. Mas agora, com a Riley indo para o jardim de infância no ano que vem...
Ela parou de falar enquanto se reacomodava na cadeira.
Ela estava muito nervosa. Supus que fosse a primeira vez que ela dispensava alguém. Estava de fato com dificuldade para se expressar.
- Eu entendo, Susan, de verdade. Não precisa se sentir mal por isso.
Os olhos dela se encheram de lágrimas, e ela juntou as mãos.
- Mas eu me sinto mal. Você foi tão importante para a nossa família por tanto tempo, e dispensar você é difícil demais.
- Bem, você sempre pode engravidar de novo.
Eu estava brincando, mas, sério. Engravide de novo, Susan. Ela deu uma risada que dizia "nunca mais faço isso na vida" antes de beber sua mimosa até o último gole.
- Mas, falando sério, pelo menos temos mais alguns meses antes de as aulas começarem - comentei.
Eu me apegaria a qualquer ponto positivo que conseguisse encontrar, e ter essa segurança me daria algum tempo para arrumar um novo emprego.
Então Susan arrancou a pepita de ouro das minhas mãos. Ela se encolheu.
- Na verdade, Evelise, nós decidimos dispensá-la mais cedo. Eu consegui matricular a Riley em um programa educacional para menores de 5 anos esse semestre, e no verão faremos uma viagem em família para a Itália. Depois que voltarmos, acho que seria melhor simplesmente chamar alguém para tomar conta da Riley quando eu precisar.
Ah.
Golpe baixo, Susan.
Eu limpei o bumbum da filha dela por quantos anos? E ela não iria sequer me dar alguns meses para me organizar?
Eu me esforcei ao máximo para não deixar minhas emoções me dominarem, mas estava com o coração na mão. Quando eu me sentia chateada ou magoada, as pessoas conseguiam ver isso em cada parte do meu corpo. Eu não sabia fazer cara de paisagem. O que eu sentia era o que você via, e o que você via era o que eu sentia.
Eu tinha puxado essa característica da minha mãe.
- Ah, isso é... maravilhoso. Será ótimo pra vocês - falei.
Ela franziu a testa.
- É, acho que sim. Mas, aqui... - Ela remexeu a bolsa e tirou um envelope. - Eu queria te dar isso aqui, você sabe, para cobrir o aviso prévio da dispensa.
Ela me entregou o envelope e eu lhe agradeci.
- Isso realmente significa muito pra mim.
- Imagine, querida. É o mínimo que podemos fazer. Também tem uma cartinha de recomendação aí para uma grande amiga da minha família. Eles estão procurando uma babá em tempo integral. Eu já liguei pra ela e falei de você. Eles vão entrevistar candidatas para o cargo na semana que vem, e eu fiz as melhores recomendações possíveis. Talvez valha a pena tentar.
Uma brisa de alívio tomou conta de mim ao ouvir aquelas palavras.
Os pontos positivos voltaram a dar as caras.
- Obrigada, Susan. De verdade. É mais do que eu mereço.
- Que isso! - Ela se recostou na cadeira e sorriu. - Vou precisar das chaves da casa e do BMW agora.
- Ah? Pensei que o BMW fosse um presente de despedida - brinquei.
Dessa vez ela não riu, abriu apenas um sorriso contido e estendeu a mão.
Então tá.
Eu lhe entreguei as chaves, e ela se levantou após deixar o dinheiro para cobrir sua parte da conta na mesa.
- Bem, então é isso. Boa sorte com tudo, Evelise! Desejo o melhor pra você! Não se esqueça de se agasalhar, e feliz Ano-Novo!
Ela saiu apressadamente, me deixando um pouco perplexa com a rapidez com que as coisas haviam se desenrolado.
Peguei o envelope, abri e encontrei duas notas de vinte dentro dele.
Quarenta dólares.
Ela me deu quarenta dólares depois de me demitir sem aviso prévio.
Era realmente o mínimo que podia fazer.
Peguei os quarenta dólares e coloquei o dinheiro em cima da mesa para cobrir minha metade da conta, me sentindo irritada por, além de tudo, ela nem sequer ter pagado minha parte.
Acenei para a garçonete e toquei minha taça.- Vou precisar de mais uma rodada de mimosas. - disse a mim mesma.
Logo antes de eu levar a taça até a boca, senti meu telefone tocar.
- Alô.
- Alô, aqui é da agência de babas. - a voz do outro lado da linha falou.
Oh Deus,eu sempre soube que o senhor estava ao meu lado.
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Capítulo curtinho porquê é a penas o começo.
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𝐍𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐑𝐞𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨 | ⱽⁱⁿⁿⁱᵉ ᴴᵃᶜᵏᵉʳ ツ
RomanceQuando me apaixonei por ele na juventude, eu não sabia muito da vida. Sabia dos sorrisos dele, das risadas dele, do frio na barriga que sentia quando ele estava por perto. A vida era perfeita... Até que deixou de ser, e fomos forçados a seguir camin...