𝑬𝒗𝒆𝒍𝒊𝒔𝒆 𝑾𝒉𝒊𝒕𝒆 40

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EVELISE WHITE

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EVELISE WHITE

No dia do aniversário de morte da minha mãe, separei um tempinho para agradecer a ela, porque eu sabia que ela devia ser uma das grandes responsáveis por me unir a Vinnie de novo. Eu sabia que ela sempre encontrava uma maneira de demonstrar seu amor por mim.

- A gente devia ir ao Lago Laurie - sugeriu Vinnie, caminhando até mim e me abraçando. - Você sabe, pra celebrar a memória dela.

- Eu adoraria isso.

As meninas estavam na casa da Claire, então pegamos o carro e fomos até o lago. À medida que nos aproximávamos, eu sentia a calma. Era como se pudesse sentir a presença dela ali. Quando começamos a caminhar por entre as árvores até nosso oásis oculto, meu coração parou de bater. Vi meu pai parado ali, de costas para mim.

- Pai? - chamei, perplexa e confusa.

Ele se virou e abriu o sorriso mais triste do mundo.

- Oi, querida - sussurrou. Em volta dele, havia pilhas e pilhas de pacotes de presente e envelopes. Ele estava com um livro na mão e o acenou para mim. - Finalmente consegui ler aquele tal de Harry Potter de que você vivia falando. É bastante bom.

Tentei falar, mas minha voz falhou. Quando tentei mais uma vez, tudo o que saiu foi um sussurro.

- O que você está fazendo aqui?

Olhei para Vinnie, que abriu um sorriso maroto. É claro que ele tinha algo a ver com aquilo tudo.

- Acho que deixei uma coisa no carro. Já volto - disse Vinnie. Eu o segurei, nervosa, sem saber ao certo o que fazer, mas ele apertou minha mão de leve. - Você não precisa perdoar seu pai, Eve, mas pode ouvir o que ele tem a dizer. Você vai ficar bem, e eu vou estar logo ali, no carro, esperando por você, tudo bem?

Concordei com a cabeça.

- Tá bem.

Ele nos deixou a sós, e meu pai ficou alternando o olhar entre mim e a lagoa. Eu me aproximei, mas continuei sem dizer uma única palavra. Havia tantas coisas que eu queria dizer a ele, mas nada vinha à minha boca naquele momento.

Ele tossiu e esfregou a nuca.

- Acho que sou Corvinal, com base em todos os detalhes. Chuto que você seja Lufa-Lufa, com base no que eu li e no que conheço de você.

- O que significa tudo isso? - perguntei, olhando em volta, mais confusa do que nunca.

- Ah, é... Hum, bom, é... - Os pensamentos dele estavam emaranhados, mas eu não o culpava. Meus próprios pensamentos estavam no mesmo estado. - São 16 cartões de aniversário e 16 presentes de Natal, por todos os anos que eu perdi. Eu, hum... - Ele coçou a cabeça e então pressionou o punho contra a boca. - Eu perdi tanta coisa, e sei que você não vai me perdoar por isso, mas eu só queria que você soubesse que eu... Eu sinto muito, Eve.

- Você virou as costas pra mim - sussurrei. - Você virou as costas pra mim durante anos e acha que uns cartões e presentes vão compensar isso? Eu não queria os seus presentes, pai. Queria você.

- Eu sei, eu sei, e eu não mereço o seu perdão. Não sei se um dia vou conseguir o seu perdão, mas quero lutar por isso. Quero fazer o meu melhor pra ser digno de ter você de volta na minha vida. Eve, depois que a sua mãe morreu, algo dentro de mim se quebrou, se partiu em pedacinhos, e eu não queria descobrir como juntar os cacos. Ver você... O seu sorriso, os seus olhos... Cada parte da sua mãe vive em você, e eu não fui forte o suficiente pra lidar com isso. Eu não fui forte o suficiente, estraguei tudo, e eu sinto muito. Sei que isso não muda o que fiz esses anos todos, mas sinto muito por ter sido um pai de merda. Você merece algo muito melhor que eu.

- É - concordei. - Mereço.

Ele baixou a cabeça, magoado com as minhas palavras.

- Mas, independentemente disso, você continua sendo a única coisa que eu quero
.
Quando ele levantou a cabeça, lágrimas estavam escorrendo por seu rosto, o que também me fez chorar.

- Sou todo errado, Eve.

- Eu sei. Eu também já fui toda errada e, não vou mentir, ainda estou muito brava com você. Ainda estou magoada, e vai levar um bom tempo até eu chegar a um estágio em que sinta que posso te perdoar totalmente.

- É. Eu entendo.

- Mas, se você estiver disposto a tentar... - continuei.

Os olhos dele se iluminaram.

- É, estou. Estou mais do que disposto. Farei o que for preciso.

- Se fizermos isso, faremos juntos - falei. - Se falharmos, falhamos juntos. Se desabarmos, desmoronamos como um só, mas não vamos nos abandonar mais, está bem, pai? Lutamos por isso. Lutamos pela nossa família. Lutamos por nós.

- Um por todos - sussurrou ele.

- E todos por um - completei, abraçando-o.

O processo de cura com meu pai levaria um tempo. Seria necessário mais do que uma conversa, mais do que dez conversas. Eu sabia que talvez levasse anos, sabia que talvez nunca mais fôssemos o pai e a filha que costumávamos ser, mas ter alguma coisa já era melhor do que nada.

No fim das contas, valia a pena lutar pela família, com cicatrizes e tudo.

[...]

Quando voltei ao carro, meu pai estava comigo. Ele ia ficar uns dias com a gente antes de voltar para a Flórida, para que pudéssemos ter mais tempo juntos para acertar os ponteiros.

Naquela noite, quando me deitei na cama com Vinnie, eu o abracei com mais força do que já tinha abraçado antes.

- Você fez isso por mim? - perguntei, referindo-me ao fato de o meu pai ter voltado à minha vida.

- É claro que sim, Eve. Não há nada que eu não faria pra garantir a sua felicidade.

- Vinnie?

- O que é?

- Será que eu poderia guardar você num potinho pra sempre? Sei que eu já perguntei isso antes, mas, tipo, dessa vez é sério. Posso guardar você num potinho?

- Pode, Eve. - Ele riu de leve e deu um beijo na minha testa enquanto nossos olhos começavam a se fechar. - Sou seu.

𝐍𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐑𝐞𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨 | ⱽⁱⁿⁿⁱᵉ ᴴᵃᶜᵏᵉʳ ツOnde histórias criam vida. Descubra agora