Capítulo 6

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Há muito tempo a humanidade tem passado por um processo de mudanças entre o certo, o errado e o desconhecido. O desconhecido, hoje em dia, talvez nem seja mais tão desconhecido, afinal. Se você for pensar, é sempre tudo aquilo que te leva a tentação; a curiosidade de conhecer o desconhecido. O ser humano tem essa tendência a explorar o que sai da boca de outros seres humanos - eles buscam o prazer, algo maior que sexo, álcool ou adrenalina.

Por incrível que pareça, desde os primórdios, há mais de cinco mil anos, já existiam os efeitos colaterais para quem quisesse se sentir um Deus diante de toda a miséria que era o mundo ainda não totalmente explorado, ou, simplesmente, para necessidades médicas. Os pigmeus, por exemplo, eram de uma tribo africana caçadores-coletores. Eles saíam para caçar, e certa vez, encontraram javalis literalmente engraçados após terem se alimentado de uma certa planta chamada iboga. Como eu disse, o ser humano tem fome pelo desconhecido e, portanto, um dos pigmeus experimentou a planta; ficou tranquilo, e logo a droga se espalhou por toda a tribo, sendo venerada pela sensação de tranquilidade que lhes era proporcionada.

Então, foram surgindo outros presentes da natureza ao longo do tempo. A maconha, por volta de 2.700 a.C, como uso medicinal; a cocaína em 1.862, e mais algumas das suas misturas com amônia e água destilada, o que formava a famosa pedrinha no caminho, vulgo crack; o LSD, tendo maior popularidade na década de 60.

O fato é que com elas, surgiram também as formas de ganhar dinheiro fácil, vendendo porcarias. De princípio, e ainda em alguns cantos do mundo, as drogas eram ou são algo extremamente valioso, vindas de outro mundo, além de representarem em bem sociocultural importante para alguns povos. Por causa das porcarias adjacentes pós-tráfico, com a adição de produtos químicos desnecessários a elas, a humanidade se tornou dependente. Com isso, os mais espertos se aproveitaram da demonização que os Estados lançavam às drogas, ilegalizando-as, para estimular ainda mais aquela dependência, e ganhar dinheiro.

Liam Payne era um desses espertos. Daqueles que aprenderam a não lavar as próprias mãos antes de ficarem ricos.

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Registro da última sexta-feira, vinte de dezembro; Sheffield.

Por acaso, encontrei o carro do criminoso estacionado em frente a uma academia de um dos bairros nobres da cidade, e não devo negar que arrisquei minutos de atividades físicas apenas para que pudesse ter certeza de que o dono do Malibu era realmente Liam Payne.

O homem costuma usar a sua sensualidade e jogo de palavras muito estrategicamente, e isso de certa forma, eu percebi ser um ponto do qual ele usa para manipular as pessoas, e intimidá-las.

Seria mentira se eu dissesse que não funcionou; porém consegui ser mais rápido que ele. Marquei um almoço com o gangster, e aquela foi a oportunidade perfeita para conseguir exatamente o que eu queria e estava desde o princípio no plano: aproximar-me dele.

Ele foi muito reservado durante o almoço, nada imprevisível. Não revelou muitas coisas quando as perguntei - o que por enquanto, ainda é compreensível, já que nos conhecemos há menos de uma semana e ele não é tão burro a ponto de entregar todo o jogo para um completo desconhecido. A única coisa que consegui perceber, embora muito insignificante, foi o fato de ele se julgar melhor que até mesmo o AI Capone. Um completo e clássico modesto.

Por sorte, eu estou a um passo para a confiança do homem. Contei sobre minha vida como Zayn Malik - mimado, falido e um belo francês afiado - mas melhor que isso, convenci o delinquente a dar-me a chance de tentar um emprego no seu império sujo, com o que ele quisesse.

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