Capítulo 18

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Zayn Malik P.O.V. (1ª Pessoa)

Eu estava correndo quando o vi.

Mesmo com o olhar cansado e os zumbidos incômodos em meu ouvido esquerdo, eu ainda tinha certa noção do que se passava diante de mim enquanto minhas pernas se moviam de forma frenética a um destino que nem mesmo eu conhecia. Alertado pelo próprio instinto de sobrevivência, brequei meu corpo quando ouvi a voz dele. Estava tão trêmula e rouca que meu coração estranhamente se acelerou ao que meus olhos seguiram o lugar de onde a tal voz vinha abafada. A alguns metros de mim, a porta aberta. Havia um homem parado ali. Ele não era velho, nem era Liam.

E então, meu corpo estremeceu com a pressuposição que emergiu de mim como um baque.

Casey Emmett. Com uma arma apontada para algo além daquela porta aberta.

O homem era quase tão medonho quanto os seguranças que eu derrotara, com sorte, no andar de baixo. Não era possível ver seu rosto, pois cabelos loiros e na altura dos ombros ajudavam a cobri-lo por inteiro, junto de um casaco preto que dava continuação ao acúmulo de cabelos. Ainda assim, eu pude ver o quão alto, e, com certeza, o quão forte ele era. Estava virado de costas e por pouco não me notaria ali, me aproximando com a imoralidade curiosa que eu sempre tive.

Conseguia ouvir a voz de Liam, e, obviamente ou não, Casey pretendia atirar nele.

De súbito, senti meu peito se esquentar com a ideia, e, no impasse de ajudá-lo a matar Liam ou impedi-lo de tal feito, me recostei na parede contrária à que estava o escritório de Richard Emmett. Me abaixei com cautela, sendo escondido pela mesma escada que separava os dois corredores do andar, assistindo o mais próximo e seguro possíveis ao que acontecia além de Casey e a porta aberta.

— Eu não dou a mínima para o que eu me tornei! — A voz de Liam, mais rouca e trêmula que o comum, angustiada e chorosa até certo ponto, fez com que o mafioso mais velho jogasse o cigarro no chão repentinamente, sorrindo satisfeito.

Senti meus músculos tensionarem e ergui a arma tremulamente, sabendo que eu estava longe demais para que os três me notassem. Em sincronia, Richard também erguia a sua do outro lado do andar, em direção a Liam, seus olhos assombrados e objetivos, enquanto Casey se aproximava a passos firmes do moreno, o mesmo de costas para ele, talvez por isso não notando que estava prestes a ser apunhalado pelas costas.

Se vire, Payne!, era o que parte de mim gritava arduamente, com meu demônio interior motivado à dor repentina que se dilatava em meu peito conforme Casey chegava cada vez mais perto do corpo tatuado de Liam.

Ele iria morrer, eu sabia que sim. Não tinha escapatória: se não fosse Richard o responsável pela bala, então seria seu filho, Casey.

Liam Payne seria morto bem na minha frente e eu poderia voltar para casa com parte da minha missão cumprida. Ganharia um aumento. Seria alguém que se comprometeu com o bem estar da pátria. Aquele que deteve a máfia de Conway e Payne. Mamãe ficaria tão orgulhosa e...

Liam morreria. A mesma pessoa que eu odiava por ter matado tantas outras pessoas; por ser um inimigo que eu deveria deixar ser destruído de uma vez por todas. Também, o mesmo que me beijara como se não houvesse amanhã, me deitara em sua cama e me dera uma noite doentia de prazer. O mesmo Liam que me dera sua bandana como prova de sua confiança, a sua legítima sorte. Ele que era tão jovem, e, NÃO! Não, não, não! Ele pode mudar, Jawadd, é claro que ele pode mudar... Qualquer um pode mudar!

Mas naquele momento era tarde demais para mudanças. Afinal, ele morreria e não havia escapatória.

É claro, se eu não tivesse mirado na direção errada. Ou talvez, se eu ao menos fosse um pouco mais sincero comigo mesmo, aquela não fosse a escolha errada, e sim o que meu consciente me convencia a acreditar, porque... Ora, porque não! De jeito nenhum! Que sentido teria? Que sentido teria eu mirar em Casey e acertá-lo com a maior prontidão da minha vida, distraindo Richard, e, como grand finale, salvando Liam Payne?

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