Capítulo 27

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72 HORAS ANTES

A invasão ao casarão do Império Payne em Sheffiled já estava devidamente acertada e documentada no departamento de policiais e agentes secretos do FBI. Uma equipe recém-treinada de pistoleiros formados pelo governo americano já havia sido acionada, bem como dois helicópteros e três mandantes à distância, especializados em idealizar planos secundários, caso o primordial não obtivesse sucesso. Em geral, eram grandes o tumulto e a preparação em torno da tão esperada prisão do jovem Liam Payne, o criminoso em questão, tantas vezes capturado, mas nunca definitivamente encarcerado. A mídia estava sedenta pelo fantástico circo de polícia-ladrão que tomaria conta da agitada cidade inglesa, assim como Niall, que assistia risonho aos preparativos dos procuradores policiescos. Com uma carta coringa em mãos, a qual nenhuma organização militar poderia driblar — preciosas informações vindas dos próprios bastidores, já que fornecidas pelo desesperado Jawadd Müller —, ele aguardava ansiosamente pelo momento em que todos aqueles porcos de Estado se deparassem com uma casa completamente vazia, sem qualquer rastro vivo da orbe de crime que o espaço um dia representou.

Enquanto isso, inteiramente avulso ao que estava acontecendo, pelo menos por ora, conforme o combinado de Niall e Zayn, que eram os únicos cientes do que os esperava dali a alguns dias, o gângster de cabelo castanho escuro vivia seu retorno ao Reino Unido com um amontoado de novas ideias e planos pessoais. Imerso em lembranças sobre a interessante conversa que tivera na reunião com o experiente Sr. Dolche, Liam passou grande parte de seus dias focado nas finanças da gangue, averiguando as posses que poderiam ser facilmente vendidas, e para quem ele poderia recorrer. No tempo livre, em contrapartida, tentava ao máximo encontrar-se com Zayn. Sentindo sua falta, porque o moreno havia relatado uma enxaqueca grave, daquelas que causam alucinações, e por isso pedira afastamento temporário do casarão, Liam fazia convites incansáveis, para que ao menos se encontrassem em um hotel ou algo do tipo, mesmo que rapidamente, no que seria suficiente para um beijo ou dois.

Mas nada.

Zayn era monossilábico em todas as mensagens.

Nesse contexto, em uma dessas noites de miserável rejeição, Liam resolveu encarar o fato de que havia algo errado, para muito além do campo da saúde, com o namorado. Deitado sobre a cama espaçosa (e estranhamente vazia) do seu quarto em Charter Row, ele sentiu que precisava de um pouco do ar da cobertura aberta para raciocinar o que podia ter dito ou feito, a ponto de Zayn estar agindo daquela forma. Por isso, mesmo que vestindo somente uma cueca, ele se colocou para fora do quarto com determinação. No caminho, entretanto, contrariando a esperança de que estivesse sozinho na casa, encontrou Harley.

Com os olhos cansados de sono, o amigo vistoriava um cassino de responsabilidade da gangue, pelas câmeras do notebook. Aquele tipo de trabalho pertencia costumeiramente ao Niall, mas o loiro aparentava estar ocupado demais com coisas pessoais, que por decreto nenhum ele poderia adiar ou sequer comentar sobre:

— O vagabundo me enviou o link das câmeras e aqui estou eu.  A contragosto, mas o que eu não faço por vocês? — Disse Harry, esparramado sobre um pufe cor de rosa em meio à sala caótica por pacotes de salgadinho e controles de videogame. Quando reparou na figura bizarra do moreno em uma cueca apertada, exatamente (e tragicamente) na virilha, ele arregalou os olhos, provocativo. — Só porque Louis não está aqui, você me vem com essas técnicas sujas de sedução.

Liam riu, sentando-se confortavelmente no pufe ao lado. Apreciava muito a intimidade que tinha adquirido especialmente com Harry, que apesar de muito moralista, durante todo o tempo em que viveram juntos, inclusive na mesma casa, simplesmente aprendeu a aceitar as excentricidades do amigo.

— Onde ele está, aliás?

— Não faço ideia, sinceramente. Saiu do casarão no meio da tarde e desde então eu não o vi. — Disse ele, tranquilamente, o que pareceu muito suspeito para Liam. Afinal, aqueles dois eram inseparáveis.

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