Capítulo 31,5

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3ª PESSOA P.O.V.

Na manhã seguinte, Jawadd levantou cedo para o primeiro passeio do dia. Dormiu bem como nunca antes e, talvez por conta disso, acordou mais ou menos disposto. O destino era um lago natural denominado Thale Nai, que ficava no coração de um parque marítimo próximo da ilha. Comparável a uma baía de esmeralda, o lugar era uma das atrações mais caras e procuradas da Tailândia, de tal modo, que Jawadd estranhou ter acesso a ela no pacote vagabundo que comprara. Independentemente disso, ele aproveitou o quanto pôde da paz que as águas calmas reproduziam em seus músculos e estados mentais, voltando para Koh Samui somente após o almoço.

Olhando no folheto turístico, constatou que ainda naquele dia o grupo se reuniria para visitar a estátua do grande Buda de Ouro de Wat Phra Yai, mas não estava certo de que se juntaria a eles. Quando chegou no hotel, sua primeira preocupação, além de um banho de vinte minutos que eliminaria todo o sal impregnado em seu cabelo, foi verificar a presença de alguém em específico no jardim. Na primeira tentativa, saiu um pouco decepcionado. Já na segunda, quando desceu até o térreo para esperar antecipadamente o próximo guia, encontrou Liam debruçado sobre uma pequena espécie de estufa.

Ele estava deslumbrante, o que não era nenhuma novidade. Usava um macacão verde que lhe caía quase perfeitamente bem — atingiria a perfeição caso os olhos voltassem ao castanho meio dourados tão corriqueiro nas lembranças de Jawadd. Debaixo de um sol abrasador, teve que cobrir o rosto e o cabelo com uma boina cor de bege que lhe conferia um visual bastante excêntrico, desenvolvendo um bom disfarce, já que ninguém jamais desconfiaria que ali existia um ex criminoso dado como morto.  Assim, o conjunto da obra definitivamente soava muito bem, mas ainda era estranho ao de olhos âmbar, que estava tão acostumado às bandanas e às regatas pretas e brancas. Mais uma vez, Jawadd tinha a peculiar impressão de que o novo Liam guardava muitas características a serem descobertas.

— É uma Plumeria? — Jawadd arriscou, depois de aproximar-se da estufa sem ser percebido.

— Que susto! — Liam pulou, trazendo as mãos ao peito. Estreitando os olhos, pôde discernir dentre as árvores altas do pomar alguns trechos de perna do menor, mais especificamente as coxas bronzeadas e torneadas. Desviou o olhar imediatamente, voltando às flores. — As Plumerias ficam no início do pátio. Essas aqui são Alamandas. Você deve ter confundido, porque as duas têm formato e cor parecidos. Olhe...

Ainda de costas ao moreno, Liam procurou um alicate de poda na maleta de instrumentos que carregava consigo. Feito isso, analisou bem as trepadeiras, antes de escolher a dedo o ramo de Alamanda que poderia ser cortado na haste e entregue a Jawadd sem causar grandes prejuízos. Quando ergueu a flor em sua direção, esperando que ele a aceitasse, Jawadd hesitou um pouco.

— Pode ficar despreocupado, não é espécie selvagem. Eu mesmo plantei os brotos. — Liam o tranquilizou.

Jawadd pegou com cuidado o cabinho da flor, trazendo-a até seu campo de visão. De perto, era ainda mais bonita. Tinha uma forma tubular de cinco pétalas amareladas, mais ou menos douradas, e um odor quase desagradável de tão forte, o qual ele não soube identificar muito bem.

— Existem algumas variações tóxicas, mas essa é bastante inofensiva. Só não curto muito cuidar delas, porque dão muito trabalho, são frescas... Não toleram sombra, o solo deve ser muito específico, não pode ser salino, nem alcalino, são sensíveis a geada, enfim... — Liam continuou o trabalho, nivelando a terra com um ancinho, enquanto analisava pelo canto curioso dos olhos o quão entretido Jawadd havia ficado com a Alamanda. Quando notou que o grupo de turismo já estava se retirando para o templo do grande Buda, resolveu interromper as divagações do homem de pé ao seu lado: — Desistiu de ir ao Wat Phra Yai?

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