Lance criminoso

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Gaspar 🕊

Já tinha feito um mês que a loirinha tinha aparecido na vida de geral e depois que ela chegou muito bagulho mudou, maior confusão, maior mente perturbada.

Três semanas que eu não ia lá porque uma hora ou outra sempre me estressava, mas até que ela era maneira.

Eu preferia ficar escutando sobre as besteiras dela, ou até mermo ela reclamando que perdeu a vida de princesa, do que ficar em casa com a Andressa.

Bagulho que me dava nojo, não tinha nem motivo pra ela ficar em cima! Eu já tinha mandado o papo pro coroa dela, queria ela longe do morro até o final do mês ou ia fazer um inferno com ela.

Tava nos meus outros esquemas já, praticamente morando na casa do Goiaba, já que o maluco mal parava em casa e sempre tava na casa da mulher que ele enrolava.

Hoje era sábado, eu tava lendo o caderno de esquemas quando alguém bateu na porta quase derrubando, achei que era a Andressa e já abri pronto pra arrastar ela pelo cabelo, mas era uns moleques juntos da Luana.

O rosto dela tava todo arranhado, o nariz descia sangue e ela me encarou assustada. Olhei sem entender e puxei ela pelo braço de perto dos menor.

Gaspar: Qual problema? Não entendi! - Falei olhando pra eles.

Tt: Ela disse que ia no mercado e quando voltou tava assim, disse que não sabe quem foi.- Olhei pra ela que não chorava, por puro milagre.- E o chefe falou hoje mais cedo que qualquer problema com ela, era pra tu resolver.

Gaspar: Esse maluco tá engraçado pra caralho.- Falei colocando ela pra dentro.- Valeu ai.

Luana: Eu falei que me virava sozinha, não precisava me trazer pra você.- Falou brava e eu observei ela indo sentar no sofá, que nem uma criança mimada quando recebe um não.

Gaspar: Abre o bico, quem fez isso contigo? - Fui no banheiro pegando os bagulhos pra limpar.

Luana: Eu realmente não sei. Eu não conheço, mas foi uma menina, cinco de mim não dava nem uma dela.- Eu ri.- Ela só me disse pra ficar longe do que era dela.

Gaspar: Loira, ruiva, morena? Cabelo grande, curto? - Falei pegando o algodão e sentei do lado dela.

Luana: Cabelo bem preto, sobrancelha bem preta. Tinha um piercing no umbigo...- Falou pensativa.- Bem magrinha, uma tatuagem de flor no ombro.

Gaspar: Deve ter sido a Nicole, uma mulher que fica com o Coronel.- Falei indo limpar e ela de afastou.

Luana: Não precisa limpar, vai doer.- Negou.

Gaspar: Vai doer ainda mais se não limpar, se liga! Maior maricona pra ficar tendo medo desses bagulhos.- Encarei ela.

Luana: Não é medo, realmente dói.- Fez cara feia.- Devagar.

Ela colocou a mão na minha coxa e só de encostar ela deixou uma lágrima cair, limpei logo tudo de uma vez e só deixou marcado na bochecha, provavelmente era a unha.

Gaspar; Andou com o mano hoje pra a garota ter ido te cobrar? - Falei olhando pra ela.

Luana: Ele foi na minha casa... Pelo menos ele, já que sou mantida em cárcere de privado e ninguém me visita.- Falou olhando em volta.

Gaspar: Tu já tem a resposta, é uma cárcere de privado, não uma casa de visita.- Ela riu.

Luana: Você é tão chato.- Falou baixo.

Alguém abriu a porta e eu vi o Goiaba, ele entrou fumando um e eu levantei indo colocar as bagulhos no lugar, quando voltei o Goiaba tava rindo da garota que tava de cara feia.

Goiaba: Tu deveria ter umas aulas de defesa cara, papo reto. Toda vez tu só apanha, bagulho tá foda pra tu.

Luana: Do jeito que eu sou capaz de fazer as aulas mas ainda sim apanhar.- Eu sorri de lado.

Gaspar: Pode meter o pé já, tá inteira.- Falei com ela.

Goiaba: Patrão te liberou de sair? - Me ignorou e ela levantou, ajeitando o cabelo.

Luana: Ele disse que vai me prender aqui um ano, mas que eu podia andar por aí pelo menos. Porém eu acho que prefiro ficar trancada, a primeira vez que eu resolvo sair, eu apanho.- Amarrou o cabelo.

Goiaba; Hoje de noite vai ter maior festa na casa da Carina, tu quer ir? - Encarei ele.

Gaspar: Para de inventar moda.- Bati na cabeça dele.

Goiaba: A garota vai ficar um ano aqui, o mínimo que ela tem que fazer é se envolver de vez com a galera do morro. Ou tu quer que ela fique sozinha aí? Aí depois fica reclamando que tem que ficar fazendo as coisas.- Luana parou na porta e eu olhei pra ela.- Eu só não vou te buscar porque tenho um bagulho pra resolver, mas meu mano aí vai! Ordem minha.

Gaspar; Ordem tua um caralho.- Falei olhando pra ele e voltei a olhar pra ela.- Quer ir?

Luana: Pode ser.- Deu os ombros.

Gaspar: Onze horas por aí passo lá.- Falei escutando o Goiaba subir as escadas e passei a mão no cabelo dela, soltando ele.

Luana: Eu queria ir no salão...- Falou com carinha de pilantra.- Cabelo loiro tem que ter muito cuidado, então se você realmente gosta como diz, tem que pagar pra eu ir lá. 

Gaspar: Tu tá ficando muito pilantra, não acha não? - Tirei a carteira do bolso e ela sorriu.

Luana: Você não pode me levar no salão que eu sempre vou? Por favor, eu não vou fazer nada de errado. Fora que eu preciso de algumas coisas do shopping também.- Falou manhosa.

Gaspar: Quanto tempo tu demora? - Falei encarando ela.

Luana: Duas hora no salão e pra comprar as coisas só uma hora. Três horas no máximo ao todo.- Neguei.

Gaspar: Vai aqui no morro mermo, não vou te esperar três horas igual besta.- Dei o dinheiro a ela e ela negou.

Luana: Confia em mim, eu só quero ir fazer o meu cabelo. Você me deixa e depois me busca.- Segurou meus braços.

Gaspar: Ou no morro, ou em nenhum.- Olhei pra ela.

Luana: Você é um chato, por isso não gosto de você.- Pegou o dinheiro da minha mão.- E dinheiro pra unha também.

Gaspar: Ih qual foi? Tá querendo demais ein cara.- Falei dando outra nota pra ela.

Luana: Você é rico.- Deu os ombros e ela me olhou, ela se esticou e beijou minha bochecha, enquanto eu fiquei encarando ela.- Obrigada.

Dei um tapa na testa dela vendo ela empurrar minha mão e mandei os dois menor que trouxe ela, ir deixar. Guardei minha cadeira e sai pegando a chave da moto pra ir trocar uma ideia com o Coronel.