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Luana 🧚🏼‍♀️

Havia se passado duas semanas que eu estava aqui, a única pessoa que vinha me visitar era o preguiçoso, porque o resto não veio aqui.

Hoje era sábado e eu estava terminando de fazer feijão. Foram duas semanas intensas de inúmeras tentativas falhas, até hoje não gosto muito e acho que precisa melhorar, mas toda fez que tento, faço algo novo pra ver se encontro o ponto perfeito.

Eu coloquei junto com o arroz, carne e verdura em cima da mesa e fui pegar o prato, escutei a chave virando na porta e coloquei o prato em cima da mesa, olhando pra aquela direção.

Era o Coronel, ele tinha uma cara de poucos amigos e me olhou ao fechar a porta, abri a geladeira pegando o suco c coloquei em cima da mesa.

Coronel: Pelo visto morrer de fome não vai.- Falou me olhando.

Luana: Não mais.- Falei baixo, me sentando e olhei pra ele.- Vai comer?

Coronel: Já comi.- Arrastou uma cadeira.- Fiquei sabendo de uns bagulhos aí, vim acertar as contas.

Luana: Pode falar.- Falei colocando minha comida.

Coronel: Tu até conseguiu ser inteligente, te dou maior moral por isso.- Dei os ombros.- E tu quer o que pra ficar de boca fechada?

Luana: Estou de boca fechada tem quase um mês.

Coronel: Porque tu tá presa aqui dentro, quem me garante que assim que eu te deixar ir embora tu vai fuder com o esquema?

Luana: Um dia desses, um dos menino que ficam lá fora pediu pra ir no banheiro aqui. Ele entrou, deixou o celular em cima do sofá.- Falei apontando com o garfo.- Eu sei o número do meu pai, da minha mãe, do pai da Alice decorado. Por que você acha que eu não liguei?

Coronel: Me diga você.- Falou sério.

Luana: Perda de tempo. Eles só me queriam lá quando eu era útil pra procurar pistas sobre vocês. Eu não tenho mais uma família, perdi o meu lugar pra Alice.- Sorri fraco, comendo um pouco.

Coronel: Esse bagulho tá Alice tá sendo resolvido já, a cobrança vai vim pra ela.- Eu dei os ombros.

Luana: Isso não vai me trazer nada de volta, então eu não me importo. Só quero seguir minha vida, sair daqui e ir pra um bom lugar, recomeçar.

Coronel: Não posso te deixar sair do morro, foi mal! - Encarei ele.- Tu pode até ser de confiança, mas se chegar uma hora que tu tiver entre a vida e a morte, vai usar o que sabe pra se salvar.

Luana: Por que você tem certeza que vai conseguir ficar nas sombras pra sempre? Uma hora o seu rosto vai ser estampado em jornais, sempre acontece.

Coronel: Não acho que vai ser pra sempre, mas enquanto eu quiser vai! São quase dez anos e nem se quer sabem a cor do meu cabelo direito.- Negou.- Daqui 1 ano eu te deixo ir, jae?

Luana: Eu vou perder um ano da minha vida por capricho seu? Fala sério, Coronel.- Apontei.

Coronel: Um ano e quando tu sair daqui te dou assistência em tudo que tu precisar.- Parei de comer.

Luana: Por que um ano?

Coronel: Vou sair limpando quem tá atrás de mim, as pessoas que podem ir atrás de tu. Preciso de tempo pra não fazer bagulho errado, então um ano é minha garantia.

Luana: Você vai matar meu pai? O pai da Alice? - Falei horrorizada.

Coronel: E qualquer um que entrar no meu caminho.- Se levantou.

Luana: E quanto a mim? O que vou fazer em um ano presa nessa casa? - Falei alto.

Coronel: Tu pode conhecer o morro todo, ir pra baile, ajudar em alguma ação daqui, sei lá. Tu tem uma vida dentro desse morro agora, se souber usar de forma maneira...- Falou abrindo a porta.

Luana: Eu odiei sua proposta.- Falei alto vendo ele sair.

Coronel: Aí o problema é todo seu.- Mandou beijo saindo.

Eu deitei a cabeça no mesa e respirei fundo, era possível mesmo ele me prender um ano nesse morro só pra matar meu pai? Dentre todas as circunstâncias eu percebi que era sim, mas me recusava a passar por isso.

Lance criminosoOnde histórias criam vida. Descubra agora