Capítulo: 36

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Ruby

Perto das 20:00, Ruby foi para a sala de reuniões se preparar para a reunião que confirmou no início da tarde. Henry, de costas para a porta se serve de café e não percebe a presença de Ruby.

- Só chegou você?

Henry se vira para a voz que despertava seus mais íntimos desejos, fica surpreso com a presença dela, achou que a CEO iria se refazer das últimas horas.

- Por enquanto sim.

O jovem advogado responde mexendo na xícara de café disfarçando seu contentamento ao ver Ruby.

- Obrigada pelo que fez por mim.

Henry sempre soube que Ruby não era má pessoa, a verdade é que cordialidade entre eles era superficial, mas no fundo sabia que se não fosse grosseiro, Ruby não o atacaria. Ela podia não gostar de homens, entretanto, tinha amizade com alguns, só não lhes dava intimidade.

- Fiz o que tinha que fazer Ruby, não só porque tenho uma irmã, e sim porque era o certo. Vai saber o que teria acontecido com você.
- É...

Ruby assente com a cabeça baixa, fazendo um beicinho. Henry se acostumou a ver esse tipo de expressão no rosto dela na última noite, pensou que talvez ela fizesse isso inconscientemente e achava um charme. Suprimiu um sorriso, não queria demostrar que nutria algo por ela, morria de vergonha na verdade, mas não tinha culpa de ter se apaixonado por uma lésbica.

- Quer café?
- Não, eu já tomei minha cota por hoje.

Ruby olha a vista de Nova Iorque, ainda sentia um pouco de constrangimento pelas últimas horas, então evitou trocar olhares com Henry.

- Não se sinta mal pelo o que aconteceu Ruby, todo mundo tem um dia de merda de vez em quando e bebe pra esquecer.

Ruby morde os lábios, beber para esquecer era uma coisa, se jogar no colo de homens era uma coisa bem diferente.

- É fácil pra você dizer, faz as coisas sempre certas, e mesmo que as fizesse errado, não apontariam o dedo pra você, porque para vocês homens tudo é permitido.

Henry ponderou sobre as palavras dela, Ruby tinha razão em muitas coisas, realmente as mulheres sempre eram cobradas para sempre serem e fazerem tudo perfeito.

- Eu queria não ligar para as opiniões alheias, mas é muito difícil quando você ouve que sua vida é perfeita e que não tem direito a reclamar de nada, ou que você tem que se comportar de acordo como manda a etiqueta social. Estou cansada disso tudo, só queria sumir um dia do mundo, sem dar explicações a ninguém.

Ruby desabafa escondendo o rosto nas mãos, seus olhos se enchem de lágrimas, mas se mantêm firme não quis demonstrar fraqueza na frente de Henry, estava cansada de sempre recorrer ao choro para se acalmar. Henry fica pensativo, Ruby era uma mulher que tinha de tudo na vida, beleza, dinheiro e juventude, mas aparentemente não era feliz. Não sabia se era por conta dela ser abertamente lésbica e lidar com piadas o tempo todo ou por estar solteira algum tempo. Também não sabia como conduzir a conversa, já que não tinha amizade com ela, pior que isso a atração que sentia era tão intensa que não conseguia construir um raciocínio lógico sem pensar em tomar Ruby nos braços e a beijar ali mesmo.

- Sinto muito que se sinta assim, de verdade, você sempre passou uma imagem de fortaleça e que nada te abala.

Henry se arrepende no mesmo instante de suas palavras, não falou por mal, mas Ruby poderia interpretar de forma errônea o que ele e outras pessoas pensavam.

- Nossa Henry! Muito obrigada por só confirmar o que as pessoas pensam a meu respeito. Eu não sou de aço, você fala como se eu fosse indiferente a tudo e a todos.

Henry respira fundo, realmente ela entendeu errado, não consegue esconder um sorriso porque Ruby ficava ainda mais linda quando nervosa.

- Está rindo do que? Não basta você achar que sou frívola e estúpida?

Henry fica surpreso com a irritação dela.

- Quem te chamou de estúpida aqui?
- Tem outra pessoa aqui conversando comigo além de você?
- Não, mas não coloque palavras na minha boca Ruby.
- Disse nas entrelinhas que eu sou estúpida.

Ruby se vira pra janela chateada, nunca ia se dar bem com ele, pensou. 

- Ultimamente você anda bem nervosinha.
- Só falta você dizer que é falta de sexo, bem machista da sua parte.

Henry se irrita, odiava ser chamado de machista, não era o exemplo perfeito de homem mas respeitava as mulheres. Aceitava o fato de Ruby ser sua chefe e apoiava que mulheres e homens deviam ganhar os mesmos salários e terem os mesmos direitos além de respeito mútuo.

- Se é falta de sexo eu não sei e nem me interessa, mas não me chame de machista novamente, se tem algo que faço é respeitar vocês mulheres.

O clima entre os dois se torna tenso, mas é quebrado com a entrada de Raphael.

- Ora, ora estão conversando cordialmente que lindo, assim que eu gosto.

Ruby e Henry se entreolham por alguns instantes, mas  viram a cara um para o outro revirando os olhos e bufando.

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