FEVER || woosan

13. from

"Permita que seu coração cansado

descanse no meu abraço e apenas acredite em mim."

– Não fica nervoso.

Eu sei que minha respiração está ruidosa e tudo piora porque estou quase correndo pelos corredores dos fundos dos teatros, entrando e saindo de salas tentando não parar ou pensar demais, porque se eu fizer qualquer um dos dois vou acabar chorando e é definitivamente tudo que eu não preciso agora.

– Eu não estou nervoso, Hwa.

– Sanie, eu estou sentindo seu nervosismo daqui. – arfo apertando mais o celular contra minha orelha e então não consigo impedir as palavras de saírem da minha boca como um rio furioso.

– Ninguém encontra minha roupa, hyung. Ninguém sabe onde foi parar. O sapato que eu costumo usar também sumiu e eu vou ter que usar qualquer porcaria nova que vai me machucar e me fazer dançar igual a um pato. A professora Kim já surtou comigo e me chamou de irresponsável por não saber onde minhas coisas estão quando eu... Eu deixei tudo aqui ontem. E como se não fosse suficiente, eu não encontro Yeri em lugar nenhum também e... Vai dar tudo errado, hyung. Já está dando. – meus olhos ardem e só percebo que estou chorando quando sinto o líquido salgado alcançar meus lábios.

Não posso parar. Não agora.

– Ok, Sanie. Onde você está agora?

– Eu sei lá. Estou tentando encontrar minhas roupas.

– Para de andar.

– Hyung, eu não posso... – minhas voz embarga e meus olhos embaçam mais. 

As audições são importantes porque as apresentações de fim de ano são muito  importantes. E eu sei que a desse ano será ainda mais. Sei que só terei chances reais de conseguir lugar numa companhia se for visto e pra ser visto eu preciso pelo menos ser considerado numa audição. E sei eu n-

– Sanie, pare agora onde está. – meus pensamentos acelerados são interrompidos pela voz de Seonghwa. Eu obedeço ao seu comando que soa firme, ainda que tenha sido dito da forma suave. Mordo meu lábio para conter o choro e não deixar Hwa mais preocupado. – Tudo bem, agora conta comigo. Um... dois... três... quatro. Quatro... três... dois... um... Vamos, eu quero te ouvir, saeng.

– Um... dois... três... quatro... – começo a contar devagar, tentando ignorar o bolo em minha garganta. A voz de Hwa quase faz carinho em meu ouvido e eu fecho os olhos tentando me concentrar nela. – Quatro... três... dois... um.

– Consegue me dizer onde está agora? – ele pede depois de um tempo contando junto comigo e eu olho ao redor. Estou do lado de fora do prédio, percebo. Algumas pessoas caminham apressadas e entram pela porta atrás de mim. – Saeng?

– Estou... Do lado de fora.

– Ok, isso é bom. Consegue respirar melhor?

– Sim. Sim, hyung. – digo devagar, sentindo meu coração começar a bater normalmente agora.

– Ótimo, agora me ouça. O que eu sempre digo sobre problemas? – ele pergunta e eu aperto os olhos tentando me lembrar. – Se eu tenho um problema que não tem solução...

– Eu na verdade não tenho um problema porque não há o que fazer.

– E se eu tenho um problema que tem solução...