22. dont stop

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"Ei, não pare, está tudo bem

Nós estamos dando voltas e voltas 

Ao redor um do outro."



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"Volte pra mim depois"

A voz, o cheiro e o toque dos lábios dele na pele do meu pescoço.

Esse combo me fez ficar quase completamente aéreo. Eu passei o resto do dia me sentindo à beira do entorpecimento, mesmo com a mão firme de Johnny na base da minha coluna me mantendo de pé frente às dezenas de perguntas que seus primos fizeram durante a meia hora que antecedeu o jantar.

– O tio não encrencou com seu namoro? – o primo mais baixinho, com olhos arregalados sob os óculos de armação grossa demais, perguntou para Johnny.

– Não estamos namorando ainda. – o "ainda" acelerou meu coração, mas não pelo motivo certo. Tive medo de sua expectativa.

– E você já trouxe ele? – a prima arrogantemente bonita quem perguntou, sentada do jeito mais elegante possível no braço da poltrona junto de seu marido que possuía um olhar estranho demais.

Eu não gravei seus nomes. Não fiz a mínima questão quando percebi que eles estavam fazendo de tudo para ignorar minha presença. Sempre se referindo a mim como "ele" e perguntando coisas a Johnny como se eu mesmo não pudesse responder.

"Com o que ele trabalha de verdade? Dança certamente é um hobby."

"Onde você o encontrou?"

"Já explicou ao tio que você não pretende dar netos a ele?" Risadas e mais risadas jocosas.

Eu já tinha desistido de tentar me enturmar quando deixei que a voz, o cheiro e a sensação do toque dos lábios de Wooyoung na pele do meu pescoço me roubassem novamente dali.

"Volte pra mim depois"

Eu sabia que estava pensando demais, mas não conseguia evitar. Eu queria voltar correndo e perguntar o que diabos ele quis dizer.

E se ele estiver brincando comigo? E se isso não passar de um ataque de ciúmes bobo por me ver sair com o Johnny? Apenas possessividade de quem está acostumado a me ter sempre por perto? Mas não... Eu sabia que esse não era o Wooyoung e isso era o que me perturbava mais.

O jantar seguiu numa normalidade quase sufocante e durante aquelas horas eu quase pude sentir o que Seonghwa hyung deve ter sentido diante dos pais do Joong. Ignorado. Salvo uma ou duas perguntas sobre meu plano de carreira, sequer fui notado na mesa. Era como se eu não estivesse ali e muito menos fosse acompanhante de Johnny. Me perguntei se aquela era a tática de todas as famílias ricas coreanas – fingir que não existe até que seus filhos cansem de brincar.

Ainda assim, mesmo sendo desconfortável, eu quase me senti aliviado por não ser notado ou requisitado à mesa. Meus pensamentos não estavam lá e percebi muito rápido que não havia vontade alguma de impressionar ou chamar atenção daquelas pessoas. Eu só queria que passasse logo.

O encontro acabou quase duas horas depois com Johnny me trazendo até meu prédio, me pedindo dezenas de desculpas pela noite estranha e pelos momentos inconvenientes. Quando ele deixou um selinho em meus lábios e pediu pra gente sair no outro dia, só nós dois, eu só consegui assentir como se fosse mesmo a melhor das ideias e então assisti-lo ir embora até sumir depois da esquina.

FEVER || woosanOnde histórias criam vida. Descubra agora