Capítulo 21 - Gratidão

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Senti as mãos firmes de Juliette me segurando enquanto aos poucos a minha visão ia voltando. A enfermeira abaixou a minha cabeça para que o sangue voltasse a oxigenar o meu cérebro.

- Eu...eu estou bem, Ju, calma, acho que levantei muito rápido só. – falei enquanto a morena me encarava com aquelas órbitas castanhas arregaladas.

- Tu vai ir para o banheiro na cadeira e lá você tenta levantar se quiser então, Sarah, é um passo de cada vez, tu tá a uma semana deitada, mulher! Se tu ficar nessa teimosia eu não vou dar conta de te ajudar também, você precisa ajudar a gente também! – ela disse em um tom mais sério, mas aquilo só fez com que eu sorrisse.

Olhei para a enfermeira ainda com um sorriso no rosto.

- Tá sorrindo por que? Eu estou falando sério, galega! – disse Juliette sem entender.

- Está vendo como ela é braba, enfermeira Lucy? – eu disse lendo no crachá da mulher ruiva à minha frente.

- Que bom, senhorita! Porque estou vendo que ela vai ter problemas com uma loira teimosa. – a mulher disse enquanto dávamos risada e Juliette cruzava os braços.

- Xê tá tão xéria mozão! – eu disse com aquela voz de bebê que eu sabia que desarmava toda a pose dela.

Instantaneamente vi a carranca de Juliette virar um dos sorrisos mais lindos que eu já havia visto nela. Os olhos da morena estavam marejados e ela logo se aproximou me abraçando forte. Eu não sabia que precisava tanto daquele abraço até ela me dar, era como se ali eu soubesse que não importava pelo que eu passasse, eu não estava sozinha. Não mesmo. Senti meu corpo aquecer e apertei ainda mais o nosso contato.

- Huuuuum... que abraço gostoso! – eu disse ainda sem quebrar o toque.  – Que foi, Ticoliro?

- Achei que nunca mais iria ouvir essa voz mais fofa do mundo... Obrigada por voltar para mim, Sararáh! – ela disse se afastando e me olhando terno enquanto eu me emocionava.

- Jujuba, vaso ruim não quebra não! Você não vai se livrar de mim tão cedo, viu? – eu disse enquanto ela dava risada.

- Ok... vamos tentar de novo, Sarah? Vai com calma, temos todo tempo que você precisar e pode sentar aqui. – disse a enfermeira chegando a cadeira de rodas para mais perto.

Respirei fundo. Dessa vez eu tinha medo, era como se eu tivesse que me reacostumar a levantar e aquilo parecia não estar dando certo. Odeio me sentir fraca, odeio ter que depender de alguém para um simples banho, será que isso ia demorar muito para passar? E se eu ficar tonta de novo? Não vou poder tomar banho? Queria ficar com uma aparência melhor para mim e... para ela. Fechei os olhos enquanto respirava fundo mais uma vez e senti uma mão firme se entrelaçando na minha. Eu conhecia aquela sensação.

- Você consegue. Eu estou aqui! – disse Juliette em um sussurro no meu ouvido enquanto a enfermeira segurava o meu outro braço.

Aquelas palavras me faziam mais forte, era como se eu pudesse ser ou fazer qualquer coisa com ela ali. Segurei firme na mão da morena enquanto a enfermeira também me ajudava e consegui ficar de pé. Juliette deu um sorriso enorme ao ver que eu também sorria. Me sentei na cadeira com a ajuda daquelas duas mulheres e Lucy me encaminhou para o banheiro.

Consegui ficar de pé com a ajuda da enfermeira em alguns momentos e praticamente tomei o meu banho sozinha. Era bom ter alguém ali caso eu precisasse e acho que isso não vai ser um problema para quando eu sair daqui. Quando voltei à cama, reparei que os lençóis haviam sido trocados e Juliette deixava a comida do hospital na mesinha à frente.

- Nossa! Que loira gata essa com cabelos molhados! Cheirosa! - disse Juliette com um sorriso enquanto a enfermeira me ajudava a acomodar na cama.

- Agora sim, agora eu estou cheirosinha, Jujuba! Trocaram os lençóis? - perguntei respirando fundo. Nada como um ambiente limpinho.

À Beira do Penhasco - SARIETTEOnde histórias criam vida. Descubra agora