Bonequinha

Capítulo 18

Daryl De Lucca
Fito a mulher adormecida entre os lençóis dourados sorvendo um gole do whisky que desce queimando minha garganta.
_Ela vai cortar as nossas bolas quando acordar _constanto sem desviar os olhos dos cachos espalhados pelos travesseiros, o rosto calmo e sereno pelo sono, sorrio ao ver as caretas prazerosas e sua voz chamar por mim ou por Danion em gemidos baixos.
_Você preferia que ela cortasse nossos pescoços por não tirá-la do rastro daquele sociopata? _ironiza.
Eu não mato...
A voz aveludada ecoa pelos meus pensamentos.
_Ela não mata _murmuro confuso.
_Como? _Danion pergunta e nego com a cabeça.
_Quanto tempo até pousarmos? _retruco.
_Só mais alguns minutos _diz calmamente digitando algo no celular e me fitar logo em seguida _estamos prontos para qualquer eventualidade, ninguém suspeita de nada _afirma e rosno irritado.
_Eu quero saber tudo o que descobriu _digo o encarando e ele nega com a cabeça.
_Na hora certa _diz ameno.

   Repouso a cabeça de Rosalie em meu peito e Danion acaricia e massageia carinhosamente os pés pequenos da deusa do ébano, o carro em movimento, o rumo para a nossa casa. Sinto a mulher se mexer em meu peito e fito Danion que entende rapidamente.
_Que... _arfa, provavelmente sentido o gosto amargo do sedativo na boca, seu rosto se escondendo em meu peito brevemente, Rosalie logo ergue o rosto para mim e voltando-se para Danion, seu rosto tomando uma tonalidade mais vermelha _seus... _rosna se sentando prontamente _vocês... _trinca o maxilar, os olhos me fuzilando _o que fizeram comigo?! _pragueja.
_Acalme-se querida...
_Calma um escambal! _interrompe aborrecida _vocês me doparam! _exclama.
_Não faríamos nada para machucar você princesa _digo tranquilamente.
_Vai pro inferno! _pragueja escondendo o rosto nas mãos trêmulas, o corpo não estava diferente.
_Rosie... _Danion chama preocupado.
_Não... não falem comigo _rosna, a voz embargada. Merda.
_Rosalie _chamo.
_Onde estamos? _ergue o rosto para o motorista, percebo.
_Londres, senhorita _afirma educadamente.
_Londres? _pergunta indignada e fito Danion que encara a deusa do ébano com curiosidade _eu só posso ter sentado no colo de Cristo durante a  Santa ceia para passar por isso _pragueja e gargalho.
_Sua segurança é a nossa missão, bonequinha _digo chamando sua atenção.
_Claro... _murmura mordendo o lábios inferior _me sequestrar fazia parte do pacote? _ironiza e vejo o motorista bambear o carro na pista com a fala da pequena entre nós, seus olhos buscando a mulher para de certo prestar socorro.
_Sua raiva me diverte princesa _afirma Danion com um sorriso.
Vejo-a revirar os olhos em frustração, agarro seu queixo com delicadeza, virando seu rosto para mim, meu nariz quase tocando o seu.
_Se revirar os olhos para nós novamente, eu irei bater nessa sua bunda malcriada _afirmo roucamente e noto quando ela engole em seco, suas coxas roçando uma contra a outra.
_Ogro babaca _retruca, seus lábios formando um bico para mim. Sorrio.

  Quando abro a porta da casa simples, dou passagem para a pequena mulher que olhava tudo com indignação e completa surpresa.
_Vocês disseram que era uma casa simples... _murmura parando diante das janelas que façam vista para o quintal, a chuva caia sem cessar.
_É pequena _declara Danion simplesmente e vejo a mulher rosnar.
  Expósito logo se vira para nós e saca o celular que entregamos a ela após seu surto, a deusa do ébano caminha em passos delicados até o sofá e posiciona o celular, a expressão raivosa não me passando despercebido.
_Fala amor da minha vida _diz uma voz masculina do outro lado da tela e um rosnado ressoa do meu peito.
_Eu preciso de um favor _diz sem se importar comigo e Danion a encarando irritados.
_Pode me pedir tudo o que quiser morena _declara bajulador e ela meneia a cabeça com exasperação.
_Estou em Londres e preciso...
_Tá onde rapariga?! _interrompe e Rosalie dirige seu olhar para nós com fúria.
_Londres, Hanzel, Londres _rosna coçando a nuca de raiva _preciso que suspenda minha agenda e alimente Cerberos _diz com  calma.
_Nem fodendo eu chego perto daquela coisa! _exclama amedrontado _nem pensar.
_Você está com medo de um cachorro dócil? _debocha.
_Dócil só se for na sua terra! _exclama e desliga fazendo a deusa do ébano ri baixinho, meus olhos não desgrudando do sorriso perfeito.
Rosalie levanta do sofá ajeitando a postura, a expressão impenetrável, o olhar indiferente dirigido para nós me faz engolir em seco pela primeira vez em anos.
_Se chegarem perto de mim novamente, o quintal enorme de vocês vai ter uma serventia diferenciada _declara e caminha calmante rumo às escadas, nos dando a visão da bunda empinada. Fito Danion que dá de ombros.
_Ela supera _declara indiferente e salta ao meu lado no segundo seguinte assim que um vaso atinge o chão próximo aos seus pés, erguemos o rosto encarando a mulher irritada que abre um sorriso dissimulado e nos direciona o dedo do meio no andar de cima _que porra é essa?! _pragueja irritado.
_Você supera _ironiza sumindo nos corredores.
_Eu estou apaixonado _declaro encarando o andar de cima e Danion rosna, finalmente volto meu olhar para o chão e fito o vaso destruído _puta que pariu eu vou matar essa mulher! _exaspero e Danion me fita com deboche.
_Você não estava apaixonado? _ironiza.
_Meu vaso Japonês de colecionadores, porra! _digo e o homem ri se afastando, me deixando sozinho com os restos mortais do meu precioso vaso, meu primeiro roubo, choramingo incomformado.