Bonequinha

Capítulo 25

Rosalie Espósito
Pulo na poltrona ao ouvir um resmungo baixo e procuro encontrando a garota adormecida em uma poltrona próxima a lareira, seu corpinho pequeno encoberto por uma manta negra, os cabelos negros espalhados pela mesma.
  Resmungo me levantando e saio da biblioteca e sigo rumo ao quarto no andar de baixo, parando diante da porta aberta fitando o homem adormecido entre os lençóis, suspiro.
Daryl já havia ligado para o aparelho uma centena de vezes mas não tive coragem de atendê-lo, ainda tentava entender o que me fez ajudar seu gêmeo, eles haviam me enganado, mentido para mim, mas mesmo assim eu os ajudo... por que?
_Princesa... _a voz rouca ressoa baixinho no ambiente e me aproximo ao vê-lo revirar-se entre os lençóis e gemer de dor.
_Não se mexe _digo baixinho repousando a mão sob seu ombro enfaixado e vejo a respiração pesada diminuir um pouco _você está muito machucado, não se esfor...
_Mas eu preciso... _tenta me interromper porém não permito.
_Ainda é madrugada, descanse _murmuro com firmeza _vai precisar de forças para voltar para o seu irmão _digo afastando a mão mas meu pulso é rapidamente agarrado e trinco o maxilar _Danion... _advirto.
_Nos deixe explicar... _suplica e engulo em seco olhando para o rosto cheio de hematomas, somente um dos olhos verdes completamente abertos _não é nada do que você pensa, nós...
_Hm... Rosalie _viro-me encontrando Dominic parada diante da porta, os olhos atentos _aquela coisa está apitando como louca _indica o lado de fora e rosno.
_Seu irmão veio buscar você _ironizo encarando o rapaz que não desvia o olhar e tampouco demonstra receio.

Daryl De Lucca.
Rosno sentindo a raiva me consumir, lanço o aparelho contra a parede enquanto ouço a risada de Klaus as minhas costas.
_Cadê o meu irmão porra?! _esbravejo e vejo o filho da puta dar de ombros enconstando-se ao batente da porta.
_Eu não sei, pensei que você pudesse me di... _sem conseguir me conter, empurro seu corpo contra a parede e seguro-o pelo colarinho da camisa branca, meu rosto quase colando ao seu _tá com raivinha maninho? _debocha.
_Se ele morrer _praguejo _se alguma merda acontecer com ele, eu juro... _prendo o fôlego sentindo cada gota de agonia _eu irei fazer você implorar pela sua morte!
_Daryl! _exclama a voz feminina entrando no ambiente e solto aquele saco de merda e fito a mulher alta que vem em minha direção com rapidez.
_Hill... _resmungo andando de um lado para o outro _onde ele está? _pergunto.
_O celular dele foi desligado e foi muito difícil, mas eu consegui _sorri maliciosamente e logo sua expressão séria encara o homem perto da porta de entrada _o que faz aqui?
_Hill _advirto.
_Ah... desculpe _sorri para mim e me entrega um aparelho, franzo o cenho _aí está _confirma.
_Você só pode estar de sacanagem con a minha cara _afirmo incrédulo.
Kowanyama...

  Meu carro reclama do terreno irregular e a chuva que não cessa embaça minha visão, porém não paro, o localizador né deixando cada vez mais esperançoso a cada quilometro à menos.
  Vejo a fumaça vinda de algum lugar ali perto e acelero o motor que berra quase me dizendo que explodiria, mas pouco me fodo para essa merda.
_Você está à oitocentos metros do seu destino _anuncia a voz do GPS e suspiro, porém, minha calma indo para o espaço quando vejo a tela ser tomada por uma ligação, Danion...
_Onde você tá caralho?! _exclamo, mas apenas ouço uma respiração suave do outro lado da linha _Danion... _rosno agarrando o volante com mais força, meu coração errando uma batida ao visualizar a enorme casa a minha frente, a mulher parada na sacada, os cachos voando com o vento, o olhar direcionado para mim _Rosalie... _arfo.
_Olá Daryl _cumprimenta, sua voz tomando meu carro, arquejo deitando a cabeça sob o volante, minhas forças sumindo.
  Se ela estava com o celular dele, então...
_O Danion...
_O Danion está vivo, se é isso que deseja saber _me interrompe e solto o ar que nem sabia prender _entre e pegue seu irmão, sumam da minha propriedade _comanda desligando na minha cara.
  Salto do carro no meio da chuva e caminho em direção à porta aberta, tendo a visão da deusa do ébano sumir dentro da casa. Quando passo pela porta, ouço a voz que quase me faz cair de joelhos no chão, meu coração acelerado, meu desespero me consumindo.
_Não desça até eu pedir _ouço a voz carinhosa mas não ouço uma resposta, apenas tenho a imagem dela vindo em minha direção, o olhar frio me congelando mais do que a água da chuva _De Lucca _cumprimenta rouca _por aqui _pede e assinto.
  Sigo atrás da mulher que rebola a maravilhosa bunda a minha frente, não dou a menor importância para o caminho, porém, ela estanca a minha frente, parando diante da porta branca, quando se vira para mim apenas consigo engolir em seco.
_Não deveria ter fugido de nós _afirmo com seriedade e ela arqueia a sobrancelha para mim, o olhar irritado, magoado, ferido.
_E vocês não deveriam ter me vendido _rebate, sua fala me desnorteando.
_Não fizemos essa merda! _aumento o tom de voz, nos defendendo.
_Eu não acredito em você _decreta.
_Rosalie...
_Seu irmão está aqui _indica a porta, me interrompendo _está muito machucado, será difícil tirá-lo dali, acho melhor esperar amanhecer _instruí, meus olhos presos a ela.
  A bonequinha, diante de meu silêncio, dá dois passos para passar por mim mas agarro seu pulso e puxo seu pequeno corpo para mim, sua respiração cortando, o olhar furioso, ela se debate em meus braços mas não a solto.
_Me.solta.agora _comanda entredentes.
_Nós não traimos você _digo encarando seus olhos com firmeza.
_Daryl...
  Sinto algo bater contra as minhas costas com violência e solto Rosalie me virando para me defender, rapidamente desvio do golpe e agarro o pequeno pescoço e encaro os olhos escuros assustados, arregalo os olhos na mesma hora, soltando a garota que vai ao chão, se arrastando para longe de mim.
_Mas... quem é você? _pergunto e vejo Rosalie correr até a garota que rapidamente se agarra à ela _Rosie...
_Eu disse para você não descer _repreende e vejo a menina fitá-la com os olhos cheios.
_Achei que ele estava... _engole em seco.
  Fico perplexo ao perceber o que a garota achava que eu fazia, ela achou que eu estava forçando minha mulher?
_Eu estou bem... _afirma mas logo ergue o rosto para mim _vá agora _pede.
_Essa conversa ainda não acabou _garanto encarando as mulheres abraçadas, mas sigo rumo ao meu irmão.