Bonequinha

Capítulo 27

Danion De Lucca
  Eu nunca me senti tão impotente na porra da vida como me sentia agora. Sabia onde a minha mulher estava e como chegar até ela, e não podia. Estava me sentindo o Daryl, puto da vida até com a merda do vento.
_Você não está em condições nem de tomar banho sozinho cacete, fica nessa cama _comanda Daryl, puto, mesmo sabendo que não era por minha causa, a vontade de bater nele era enorme.
_Eu preciso fazer alguma coisa _resmungo _saber onde ela...
  Daryl age com rapidez sacando a arma debaixo da tampa do criado mudo e mirando em direção a porta do quarto de hotel que é aberta, encaramos Kraus que tinha a expressão fechada mas mesmo assim me lança um pequeno sorriso sacudindo o cartão do quarto entre os dedos.
_Você até que não está tão ruim quanto eu imaginei _declara e fita Daryl com uma expressão tediosa _dá um tempo, abaixa isso aí _resmunga.
_Por que? Vai me meter a porrada também? _ironiza com um sorriso sarcástico _eu acho que não, De Lucca _rosna.
_Somos família sua anta, não se mata...
_A família _completa, interrompendo-o _aparentemente você não liga muito para isso, não consigo confiar em você _rosna e reviro os olhos para os dois.
_Calem as malditas bocas! _praguejo e vejo-os me fitarem assustados _eu sei que está atrás da garota Kraus, mas não vai conseguir nada com a gente, não vamos entregá-la _afirmo irritado _está perdendo a merda do seu tempo _resmungo me sentando na beirada da cama e grunhindo de dor.
_Eu sei que não trabalham com sequestro ou qualquer outra coisa que envolve mulheres, por isso eu estou curioso _declara com um sorriso malicioso se jogando na poltrona ali perto, passo a mão direita no rosto suado e bufo _por que aceitaram se não iam fazer o trabalho? _pergunta encarando o teto.
_Isso não é da sua conta _rosna Daryl.
_Estão protegendo a ratinha de puteiro?
  Sinto minha raiva aumentar e me levanto da cama em um pulo, acontece rápido demais, prenso Kraus contra a parede mais próxima, meus dedos apertando seu pescoço moreno nunca tirando meus olhos dos seus que me fitavam divertidos.
_Lava a porra da sua boca _praguejo irritado, sentindo a lâmina afiada contra o meu peito, me ameaçando _nunca mais fale dela, não sabe no que está se metendo então saia do nosso caminho enquanto deixamos _rosno e ele sorri ao ser solto.
_Sinto muito mas não vou sair, vou resolver isso e depois nos sentamos para tomar café _debocha.
_Não se meta nos nossos negócios Kraus, esse é meu único aviso _rosna Daryl friamente sem encará-lo.
_Eu não sei porque estão protegendo a garota, mas me deixem resolver isso, se vocês se envolveram com a porra do alvo, não podem terminar a merda do serviço _declara sério antes de ir embora, fito Daryl que trinca a mandíbula.
_Agiliza essa caçada, não aguento mais essa merda _rosno ele concorda.

  Alguns dias haviam se passado e parecia que o cerco estava se fechando para nós, Bordeaux estava nos vigiando e eu sabia disso, mesmo acreditando que estava sendo discreto, o filho da puta não estava.
  Daryl, por base de teimosia tentou encontrar Rosie na mesma casa na floresta, mas quando chegamos ao local, parecia que nunca alguém esteve ali nos últimos anos, a garota estava nos dobrando mas agora tinha uma desvantagem contra ela, a garota que vimos naquela noite.
_Bordeaux se acha esperto _resmungo indo em direção ao mercado repleto de pessoas me metendo entre as pessoas.
  Vejo os homens de Bordeaux passarem por mim enquanto finjo ver um artigo qualquer em uma barraca de bugigangas, percebo olho ao redor e vejo um montante de cabelos escuros bagunçados e vejo um dos homens de Bordeaux seguir em direção a garotinha.
  Rapidamente me enfio nos corredores enquanto a garota caminha na minha direção sem perceber, rapidamente puxo o bracinho fraco e puxo a garotinha que num primeiro impulso tenta gritar mas a impeço colocando a mão em sua boca.
_Está sendo seguida, calada, não farei nada a você _afirmo puxando-a por entre as pessoas e respiro aliviado ao ver que os despistamos, sigo em direção a saída que dava acesso a uma viela, mas meu alívio não dura muito ao sermos cercados pelos homens de Bordeaux _merda _resmungo colocando a garota às minhas costas, contra a viela.
_Olhem só o que temos aqui _cantarola o capanga com um sorriso maldoso em direção a garota atrás de mim.
_Vão embora e eu deixo essa passar _advirto e ouço as risadas que fazem a menina se encolher atrás de mim agarrando minha jaqueta com as mãozinhas.
_Eles querem eu... _sussurra a menina, amedrontada.
_Dá a garota pra gente e você sai dessa _enfatiza um dos homens e sorrio maldosamente levando a mão esquerda as costas protegendo a garota que me fita assustada ao sentir a arma as minhas costas, sorrio para ela fitando-a pela visão periférica, mandando uma piscadela que ela rapidamente assente.
  Pelo visto o meu dia seria mais divertido do que o planejado.
  Vejo aqueles homens sorrirem ao apontar as armas para mim e ergo as mãos limpas para eles.
_Está tudo bem rapazes, mas esse vai ser o meu último aviso _digo amistosamente, vejo um dos homens baixar a arma ao me ver baixar o capuz, o olhar amedrontado.
_Merda _xinga _é um De Lucca seus idiotas! _pragueja e vejo o homem a minha direita sorrir.
_Não seja idiota, se fosse, acha que estaria com essa cara toda arrebentada? _debocha.
__Vocês deveriam ficar de olho da reta guarda _digo calmo no momento em que um deles vai ao chão, o sangue escorrendo da testa por onde a bala atravessara _um De Lucca nunca anda sozinho _digo sorrindo antes de me virar e proteger o corpo pequeno da menina com o meu pelo tiroteio que começa.
 
   Levanto o rosto para a menina que me olha de forma desconfiada antes de se soltar de mim, os olhos escuros curiosos me fazem sorrir por dentro.
_Você era o homem que estava com a Rosie... _comenta desconfiada.
_Sou eu _digo me ajoelhando a sua frente e estendendo a mão para ela, chegava a ser engraçado como ela era pequena _qual o seu nome?
_Dom _diz apenas desviando os olhos de mim e abraçando o próprio corpo de maneira protetora.
_Tudo bem Dom, não vamos machucar você _diz a voz calma às minhas costas e sorriu ao vê-la arregalar os olhos escuros para Daryl _se a nossa Rosie protege você, então também está segura conosco _promete.
_V-vocês são iguais... _sussurra surpresa e sorrio assentindo.
_Onde está a Rosie? _pergunto novamente e ela me sorri quase que minimamente, que menininha linda.
_Se eu levar vocês, prometem não fazer nada a Rosie? _pergunta baixinho.
_Prometemos _dissemos em uníssono o que arranca uma risada da garotinha.
_Se fizerem alguma coisa, eu mato vocês _ameaça em um bico fofo demais para ser levada a sério.
  Mas de qualquer maneira assinto, tanto para agradá-la quanto para ver o sorriso em seu rosto pequeno. Aquela menina nos levaria até a nossa mulher então, faria qualquer coisa para protegê-la.