Em terra de cego ...

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Sakura era uma pessoa de muitos princípios, mesmo estando bêbada ela cumpria o que prometia e havia três coisas que você não podia fazer ou dizer a ela :
1. Falar mal ou fazer mal para seus pais.
2. Estragar as amadas plantinhas dela.
3. Dizer que ela não era capaz de alguma coisa.
A palavra "duvido" era como faísca no álcool.
E o Uzumaki abusou da boa vontade dela nessa ocasião.
Ela já havia se acalmado um pouco da crise de ciúmes do Uchiha, sentou de novo com as amigas para jogar conversa fora e beber mais um pouco, se sentia alta já, ria bastante e falava alto, mas estava tranquila, até que ...
- E aí Haruno vai perder o que esse ano ? - o Uzumaki sentou na mesa puxando uma cadeira com brusquidão. Parando de frente a ela.
- A minha paciência com você. - ela respondeu de braços cruzados e rindo de leve.Um sorriso sínico.
- Uhhh q medo ... - ele respondeu com escárnio - tá bem corajosa, quero ver quando perder pra mim.
- Haha muito engraçado, mas hoje eu não vou jogar.
- Não vai?
- Não vou.
- Ah ja sei tá com medo de perde né ? Ou tá falida e não tem o que aposta ? - mexeu com o ego dela, dizer que ela estava falida era uma ofensa a moral da Haruno. Afinal ela administrava aquela propriedade.
- Não vou cair nas suas provocações - estava quase caindo, faltava apenas a palavra final, o álcool ajudando o sangue a subir. - não vou jogar.
- Duvido - o Uzumaki falou calmamente. - cê não tem o que aposta isso sim.
Ela deu um tapa forte na mesa assustando Ino e Hinata que olhavam atonitas para o Uzumaki, não acreditando na ousadia de dizer a Sakura que ela estava falida. Com o susto elas e grande parte das pessoas nas mesas se viraram para ela.
- Traz aquela merda que eu vou te mostrar quem é o falido. - ela havia ficado de pé e derrubado a cadeira no processo, apontava um dedo para o Uzumaki, que percebeu que já tinha ganho, pois a mesma estava fora de controle.
- Assim que eu gosto. O que vai sê? - disse esfregando as mãos.
- Dez hectares. - foi sucinta, estava irritada de mais para discutir e para pensar, dez hectares eram muita coisa, muita plantação e se ela perdesse seu pai ficaria possesso com ela. O Uzumaki hesitou, assim como dez hectares para ela seria muita coisa, para ele também seria. - que foi Uzumaki, tá com medo ?
- Dez hectares - ele esticou a mão e os dois selaram o acordo ali na frente de pelo menos vinte pessoas como testemunha.
Como de costume Sasuke observava de longe a discussão dos dois, achando que nenhum dos dois teria coragem de realmente entregar dez hectares assim de bandeja. Mas haviam testemunhas de mais e os dois não eram de faltar com a palavra, ainda mais numa cidade pequena e cheia de fofoqueiros como Konoha.
Ele cruzou os braços esperando tudo começar, se um deles perdesse ele jogaria contra o ganhador e se apostasse não seria idiota de apostar alto como dez hectares de terra. Talvez um porco ou uma galinha, no máximo um cavalo baio, seu dinheiro não era capim.
Enquanto isso Choji, dono do butiquim, arrumava uma mesa num canto mais reservado, o padre não gostava então os jogos clandestinos aconteciam num canto mais afastado da igreja.
Kizashi parecia tenso, provavelmente pelo prejuízo que tomaria. Sakura até não jogava mal mas contra Naruto e Tsunade ela não tinha chance.
Mas para surpresa do Uchiha, Tsunade se recusou a jogar. Viu o loiro implorar para a mulher que jogasse com ele.
- Por favor vovó Tsunade - ele pedia choramingando - eu não quero perder pra quela feiosa.
- Ninguém mandou cê aposta tanto - ela disse séria sem olhar para ele, bebendo um caneco de cerveja - contente-se com Jyraia e torça pra sua mãe não subir a serra e te dar uns supapo.
- Ahhhh vovó - ele só faltava chorar - por favor.
Sasuke, que já havia bebido consideravelmente, não pode perder a oportunidade de fazer escárnio.
Levantou, se aproximando do Uzumaki. Queria estar perto do jogo e ver qualquer um dos dois perder, seria um espetáculo e tanto.
- Tá com medinho gatinho assustado - ele disse perto de Naruto.
- Ô seu imbecil, vou te mostrar quem vai ficar com medo - antes que Naruto chegasse perto Jiraya o segurou pelos braços evitando um quebra quebra - toma conta da sua vida.
- Sobrou pra mim, vamo logo com isso.
Sentaram os quatro na mesa de armar de madeira, Sakura e Kakashi de frente uma para o outro e Naruto e Jiraya de frente também, os dois dispondo as cartas para Sakura e Kakashi e as deles próprios, um cortou e o outro deu as cartas. Sakura conhecia os olhares de Kakashi para si e para as cartas e tinham seus macetes, sabendo se a situação estava favorável ou não. Naruto e Jiraya também, pareciam calmos, mas só pareciam.
Naruto, por dentro estava desesperado, se perdesse um centímetro de terra se quer sua mãe iria comer-lhe o fígado, e acredite Kushina comeria mesmo. Na janta com limão e sal.
O jogo começou lento, mas começou a ficar rápido na primeira trucada de Sakura e kakashi. No final estava 3 a 8 para Sakura e kakashi, a vitória e ver o Uzumaki desesperado chegava a ter um sabor doce na sua boca.
- Truco - ela gritou batendo as cartas na mesa.
- Seis - Naruto gritou com esperança
- Nove - Kakashi gritou por cima e Jiraya não tinha o que jogar. Naruto não tinha mais o que fazer. Havia perdido dez hectares de terra e ia perder os cabelos também de tanto que puxava.
- Bem feito, ninguém mandou apostar o que não é seu. Mal vejo a hora de sua mãe chegar. - Tsunade tripudiou.
- Na segunda eu passo na kurama para firmarmos o acordo - Sakura disse sorrindo de orelha a orelha -
- Isso não vai ficar assim ! - Naruto gritou e ela ria com gosto.
- Vai sim querido ou você não tem palavra? Tá falido ? - zombou - Quem será o próximo? - ela bebeu uma dose de cachaça que alguém lhe serviu, não reparou quem foi, bateu o copo de dose na mesa e que foi completado novamente, no dia seguinte se arrependeria de misturar. O Uchiha sentou na mesa e a olhou sério, encarando os olhos verdes embriagados, ele também já estava alto pelo álcool. - ah você ? E aí o que vai perder pra mim?
O que ele tinha a perder ? Bastante coisa! Sasuke pensou mas o álcool falou mais alto.Mas algo que não tinha preço podia ser posto a mesa. Se perdesse seria uma vergonha mas se ganhasse...
- Quero sua mão. - foi categórico, as pessoas em volta olharam espantados de Sasuke que tinha um sorrisinho de lado para uma Sakura que pensava em silêncio, a bebedeira fazendo surgir uma coragem que são ela não teria.- se perder vai ter que casar comigo.
- Você não é obrigada a aceitar - Gaara chegou dizendo, Sasuke reparou que o tom dele parecia desesperado.
- Olha só quem mais tá com medo de perder Suigetsu. - Sasuke zombou - vá cuidar das suas contas Sabaku.
- Sakura como seu contador e amigo, eu digo para que não faça isso, não é obrigada é só dizer não. - o problema era que Sakura não queria dizer não. Ela tinha certeza de que iria ganhar. E se perdesse não perderia tanto assim, perderia? E ficou irritada, porque quando apostava dinheiro o contador não estava nem aí. Já se casar ele não queria.
- Eu sei o que estou fazendo senhor Sabaku. Não se preocupe - disse com a voz polida, mas que no fundo havia um tom de decepção. - Aceito, mas se você perder será meu empregado por dois meses. - não ia perder essa porcaria. Teria o Uchiha como seu serviçal, faria ele servir cafezinho a ela pela manhã.
- Feito - o Uchiha estendeu a mão para ela que selou o acordo.
Kakashi e Suigetsu pareciam nervosos quem deles perdesse teria que aguentar um patrão ou patroa mal humorada. Já Kizashi observava a disputa, não acreditando que o Uchiha fez uma proposta dessas, se perguntava se iria até o fim. Karin e Izumi estavam nervosas, Karin não tinha mais unha, roeu todas, Rin se juntou a elas e no seu coração torcia contra o marido, queria que Sakura casasse com Sasuke, sabia que ela sentia algo por ele, só precisava de um empurrãozinho.
O jogo começou e Sakura ganhou a primeira ... E só.
Ela e kakashi perderam as outras 11 rodadas e ao final Sakura não conseguia fechar a boca de tão chocada. Estava perdida.
- O que foi que eu fiz - ela dizia
- Feiosa vai ter que casar - Naruto chegou muito perto. Perto de mais e antes que pudesse evitar tomou um soco no olho de novo - ora sua ... - ele se irritou tinha um pedaço de bolo caprichado cheio de glacê que Hinata tinha arranjado para ele. - toma isso - jogou o bolo no rosto de Sakura que ficou toda branca e mais irritada. Se levantou e pegou um copo que estava na mesa, provavelmente o conhaque que Suigetsu ia beber e jogou na cara dele
- Vou te ensinar a não me provocar mais - partiu para cima dele que claro não era idiota correu até chegar na porcaria do lago que havia atrás da igreja. Essa seria a vingança de verdade. Ela vinha correndo e quando ia se aproximando ele parou e se abaixou, Sakura iria cair dentro do lago, mas antes que isso acontecesse Sasuke correu atrás dela e a segurou pelo braço
- Não quero que minha mulher caia no lago. - estava tão irritada com ele quanto estava com Naruto, não pensou duas vezes e meteu lhe um soco no olho também
- Eu não preciso de ninguém me defendendo.
Partiu deixando seus vizinhos com olho roxo para trás, pisando duro até para fora da festa. Estava tão brava que se deixasse iria pra casa andando. Mas claro Kizashi, Rin e Kakashi a pegaram no caminho. Ninguém disse uma palavra mas Rin e Kizashi tinham sorrisinhos silenciosos.
Sasuke foi embora logo em seguida, o olho roxo doía, mas estava se sentindo feliz. Ela podia até mesmo dar pra traz na promessa, na aposta, mas ela e todos sabiam de suas intenções para com ela.
Deixou Itachi e Izumi em casa e depois partiram para Mangekyo, guardou a carroça para Suigetsu, deixou que se funcionário e amigo descansasse.
Colocou o Aoda na baia dando afago no cavalo, gostava muito dele, foi o último presente de seu pai antes de morrer. Tinha costume de conversar com ele quando se sentia perdido.
- Você acha que aquela diaba vai aceitar ? - olhou para o cavalo que agora mastigava uma cenoura que ele lhe derá. - bom se ela aceitar, teremos que preparar uma festa não é? Mesmo que eu não goste. - deixou o animal descansar e seguiu para a varanda de frente a casa onde sua rede estava.
Chacoalhou para ver se não tinha nenhum bicho que pudesse lhe picar, tirou a botina e deitou sentindo o olho doer, encarando o céu estrelado, pensando se realmente ele e Sakura um dia seriam um casal. Queria um sinal do céu... Mesmo sabendo que seria impossível a resposta vir de lá.
Mas dentro de seu coração ainda havia um resquício de esperança.

... quem tem um olho é  rei.

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